O dia em artistas argentinos avistaram um disco voador e seus tripulantes

O dia em artistas argentinos avistaram um disco voador e seus tripulantes

Em 28 de dezembro de 1954, um grupo de artistas espanhóis avistou um disco voador pousado próximo à estrada entre San Rafael e Mendoza, na Argentina, observando dois seres humanoides antes que o objeto luminoso decolasse silenciosamente no céu.


Neste artigo:


Introdução

O caso conhecido como Incidente de Mendoza, ocorrido na madrugada de 28 de dezembro de 1954, é um dos relatos mais curiosos e detalhados da primeira geração de observações ufológicas na América do Sul. Embora tenha permanecido inédito por quase duas décadas, vindo a público apenas em 1973, sua riqueza de detalhes e o perfil culto e equilibrado da principal testemunha — a professora e pianista María Luisa García Holgado de Amaya — transformaram o episódio em uma das mais intrigantes narrativas de contato próximo da época.

A história veio à tona de forma casual, quando o pesquisador que dirigia a Biblioteca do Banco da Província de Buenos Aires conheceu o irmão da testemunha, o Dr. García Holgado. Ciente do interesse do bibliotecário pelo fenômeno dos OVNIs, o doutor comentou que sua irmã havia vivenciado algo extraordinário muitos anos antes, e esse encontro fortuito deu início a uma investigação que se estenderia por décadas. A Sra. Amaya, espanhola radicada na Argentina, descreveu sua experiência em entrevistas longas e minuciosas, nas quais revelou um episódio vivido durante uma viagem de trabalho com um grupo de artistas espanhóis, incluindo a cantora María Antinea, seu marido e outros integrantes da companhia.

Segundo seu relato, por volta das 3h30 da manhã, enquanto viajavam pela Rota 143, entre San Rafael e Mendoza, o grupo notou uma luminosidade azul intensa vinda de um campo à direita da estrada. Intrigados, pararam o veículo  e viram, a cerca de 150 a 200 metros de distância, um objeto de grandes proporções, semelhante a “duas placas unidas pelas bordas”, irradiando uma luz azulada e envolto por uma névoa luminosa. Não havia portas, janelas ou ruídos perceptíveis.

Cerca de oito pessoas testemunharam a aparição.

Ao se aproximarem, notaram duas figuras humanoides próximas ao objeto: uma em pé, outra agachada. Usavam roupas escuras de peça única, com capacetes semelhantes aos de mergulhadores. Segundo a Sra. Amaya, seus movimentos eram rígidos e lentos, “como em câmera lenta”. Pouco depois, as entidades entraram no objeto por uma abertura retangular que surgiu na lateral. O artefato então começou a emitir vapor e ergueu-se silenciosamente, pairando a poucos metros do solo. Duas luzes vermelhas se acenderam — uma acima e outra abaixo — e o objeto iniciou manobras impossíveis, movendo-se em zigue-zague, pairando e acelerando de forma instantânea.

Assustados, os viajantes retornaram ao carro e tentaram fugir. O OVNI os teria seguido por algum tempo, alternando de posição entre os lados do veículo e o céu acima, até desaparecer completamente na névoa da madrugada. Quando chegaram a Mendoza, os artistas decidiram manter o caso em segredo para evitar especulações sobre autopromoção, embora todos, de forma independente, tenham descrito o mesmo fenômeno em detalhes muito semelhantes.

Anos mais tarde, em 1985, o pesquisador Dr. Roberto Banchs retomou o caso, entrevistando outros envolvidos: María Antinea, Soraida Escudero de Fernández (Sol) e o empresário Agustín Romano Gaeta. Suas versões confirmavam vários aspectos da narrativa — o brilho do objeto, o susto coletivo e a ascensão repentina do artefato —, mas diferiam em pontos cruciais. Soraida, por exemplo, não viu entidades, mas lembrou que o carro parou misteriosamente quando o objeto se aproximou, voltando a funcionar apenas após seu afastamento. Já Romano Gaeta descreveu o objeto como um losango luminoso, com cores variando entre azul, verde e vermelho, movendo-se em alta velocidade até desaparecer nas montanhas.

Gaeta descreveu da seguinte forma:

“Era 1954. Estávamos indo de San Rafael para Mendoza, depois de fazer um show e jantar lá. Eram umas 2, 3 ou 3h30 da manhã. Eu estava dirigindo o Buick, um carro grande. Éramos oito ou nove no carro… Enrique (Kotliarenco) falava para eu não dormir. Contávamos histórias, sobre trabalho; sobre coisas banais. De repente, mais ou menos na metade do caminho, mais perto de San Rafael, vi aquelas luzes no chão. Vi o chão iluminado. Ninguém tinha notado, mas como eu estava dirigindo, olhei e disse: ‘Olha aquela luz ali!’ E todos nós assistimos. Eu a vi desde o início; estava no chão. Fui o primeiro a vê-la. Lá, parei o carro e todos nós saímos. Estava a 200 metros de distância e, quando saí do Buick, subiu para uns 50 ou 100 metros e veio em nossa direção, em linha reta, até chegar a mais 50, 100 metros. Foi aí que me assustei. Tinha o formato de um losango, aparentemente de 2 a 4 metros de cada lado. A luz vinha da borda e, no centro, parecia um buraco. Tinha cores diferentes; aqui e ali, dava para ver verde, azul, vermelho. Variava, como se ligasse e desligasse. Não havia barulho, nem fumaça, nada. Veio em nossa direção e depois subiu diagonalmente em direção às montanhas a uma velocidade enorme, até desaparecer em um ou dois minutos. Estávamos sozinhos. E esse foi o medo que tomou conta de mim e de todos os outros. Estávamos assustados, mas sem entrar em pânico… Quem ficou mais impressionada foi a pianista. Ela fala sobre coisas que viu, porque ficou impressionada. Será que ela teve uma ilusão de ótica? Figuras, de seres? Não, não isso. Eu não vi. Era apenas um dispositivo. Quando todos saímos e começamos a levantar o objeto, imediatamente quisemos entrar no carro e sair em alta velocidade… Então ele se dirigiu para as montanhas, a uma velocidade ainda maior.”

Apesar das discrepâncias, todos os depoimentos concordavam em um ponto: a experiência foi profundamente perturbadora. A mãe de Amaya, ao ouvir o relato da filha poucas horas após o ocorrido, confirmou o estado emocional da pianista e forneceu detalhes que corroboravam a veracidade do episódio.

O estudo comparativo dos testemunhos revelou a complexidade de reconstruir o evento após tantos anos. O tempo decorrido e as diferenças de percepção entre as testemunhas geraram versões complementares, mas também contraditórias. Ainda assim, os pesquisadores consideraram o relato de María Luisa Amaya o mais consistente e completo, especialmente por incluir elementos comportamentais e descritivos raros em 1954, como o uso de trajes justos semelhantes a escafandros e movimentos robóticos — características que só se popularizariam na ufologia anos depois.

As análises finais descartaram a hipótese de fraude. A Sra. Amaya era considerada uma pessoa equilibrada, sem interesse prévio por temas ufológicos, e que jamais buscou notoriedade com sua história. A ideia de que teria sofrido uma alucinação coletiva ou um surto histérico foi vista como especulativa, sobretudo porque o pesquisador Banchs nunca chegou a conhecê-la pessoalmente.

O consenso entre os estudiosos é que algo extraordinário e inexplicável ocorreu naquela madrugada de 1954. Se foi um contato imediato de terceiro grau (envolvendo a presença de entidades) ou apenas a observação de um objeto luminoso desconhecido próximo ao solo, continua em aberto. Mas todos os sinais apontam para um evento real, presenciado por diversas pessoas e que deixou uma marca profunda em quem o viveu.

Mais de setenta anos depois, o Caso Mendoza permanece sem explicação conclusiva — um daqueles episódios que resistem ao tempo, mantendo-se como um dos relatos mais sólidos e intrigantes da casuística ufológica argentina.

 

Com informações de:


  • LOS IDENTIFICADOS. Boletim Los Identificados, n. 1, abr. 1993, p. 5–14.

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