As Luzes de Kaikoura

As Luzes de Kaikoura

O caso das luzes de Kaikoura, ocorrido em dezembro de 1978 na Nova Zelândia, envolveu múltiplos avistamentos de objetos voadores não identificados detectados por radar e observados por pilotos, controladores e uma equipe de TV, cujos registros visuais e evidências técnicas desafiaram explicações convencionais e permanecem, até hoje, como um dos episódios ufológicos mais bem documentados e inexplicáveis do mundo.


Neste artigo:


Introdução

O caso das luzes de Kaikoura ocorreu na última semana de dezembro de 1978 e ocorreu na região principalmente na região de Kaikoura, na Nova Zelândia.

A Nova Zelândia é um país arquipélago no Oceano Pacífico, formado por centenas de ilhas, sendo as duas principais a Ilha Norte e a Ilha Sul. Além destas, o arquipélago inclui muitas outras ilhas menores, como as Ilhas Chatham, Ilhas Stuart, Ilhas Auckland e Ilhas Bounty.

Kaikoura é uma pequena cidade na costa oriental da Ilha Sul da Nova Zelândia, situada 180 km a norte de Christchurch. De acordo com o censo de 2001 a sua população residente era constituída por 2 300 pessoas. Foi nesta cidade litorânea que ocorreu um impressionante fato ufológico, com registros visuais.

A região de Kaikoura, onde o caso ocorreu.

Na noite de 21 para 22 de dezembro de 1978, controladores de tráfego aéreo da Nova Zelândia captaram alvos estranhos na tela de radar, precisamente sobre a região de Kaikoura.

O controlador John Corbey foi um dos primeiros a perceber a presença de alvos estranhos na tela do radar.

Tudo começou quando assumi o turno da noite no centro ATC de Wellington e, com ele, o controle de todo o espaço aéreo em uma área que cobre aproximadamente a parte inferior da Ilha Norte e a parte superior da Ilha Sul. À noite se você quisesse voar nesta área, precisava obter uma autorização minha. Trabalhando comigo estavam colega controlador, chamado Andy Herd. A as únicas aeronaves que esperávamos naquela noite era um DC-8 vindo de Sydney, e duas aeronaves Safe Air Argosy fazendo suas viagens regulares de carga”.

O controlador de voo John Cordy, no seu posto de trabalho.

Por volta das 23:55 o Subtenente Ian Uffindel, fazia a segurança de um aeroporto naquela região e observou luzes incomuns do céu que, a princípio, lembravam as de um cargueiro convencional. Ele imediatamente informou ao operador da torre de controle local, Bill Frame, e ambos observaram as luzes com auxílio de binóculos.

Frame sabia quais aeronaves passariam pela região, bem como sua rota e o horário de passagem. Estranhando a situação, Frame telefonou para o Centro de Controle de Wellington, por volta de 00h25.

Ao telefone, ele falou com o operador John Cordy, que lhe informou que um avião DC8 estava sendo esperado e que deveria passar pela região. Entretanto, naquele momento, o radar indicava três alvos desconhecidos e pouco depois disso surgiram mais dois, que se moviam lentamente, alternando suas posições.

Pilotos de aeronaves da Safe Air avistaram e captaram nos radares de bordo vários OVNIs em sua rota de voo.

Por volta de 00h50, o radar indicou um alvo não identificado à sudeste do aeroporto de Wellington, que ficou parado por aproximadamente 3 horas na mesma posição. Em alguns momentos, esse objeto realizava movimentos erráticos e em alta velocidade, e logo voltando a ficar estático, na mesma posição.

As luzes continuaram a brilhar intensamente, apontando feixes luminosos para baixo, como se estivessem procurando algo. Ocasionalmente, elas se moviam rapidamente.

Neste momento, passava pela região um avião cargueiro, Argosy, da Safe Air, com destino à Wellington que também captou o OVNI.

Um dos aviões Argosy, da Safe Air, envolvidos no caso.

Por volta de 1h10 da madrugada, as estranhas luzes começaram a rodear a aeronave, a algumas milhas de distância. Em alguns momentos, elas sumiam de uma posição e reapareciam em outra posição, algo semelhante ao relatado na Noite Oficial dos OVNIs, em 19 de maio de 1986.

Os pilotos observaram atentamente tais luzes e estimaram que seria maior do que o Argosy. Em dado momento, eles perceberam que ao redor de um dos objetos havia luzes brancas que piscavam aleatoriamente.

Deste objeto começaram a sair pequenos objetos, em forma de disco que desceram em direção ao mar e que também foram captados pelo radar de bordo da aeronave e também pelos radares do controle de tráfego aéreo da cidade de Wellington.

Os controladores de voo de Wellington, Andy Herd, Geoff Causer and John Cordy

O piloto da aeronave chamado John Randle declarou posteriormente:

“Consideramos a possibilidade de serem carros ou trens, mas achamos que eram algo anormal. As luzes estavam se movendo para trás e para frente em um padrão bastante aleatório por uma distância de aproximadamente três milhas e estavam entrando e saindo. Havia entre 3 e 5 deles.”

O avião continuou seu voo até pousar no seu destino. Descarregou, abasteceu e decolou novamente. Ao passar pela região de Kaikoura, o radar de bordo da aeronave, que era meteorológico, captou três OVNIs diretamente à frente do avião.

Página de documentos oficiais detalhando o incidente.

Quando passavam por uma região chamada cabo Campbell esses objetos simplesmente sumiram e reapareceram atrás do avião, sendo captados pelos radares do controle de voo de Wellington. Esses objetos estavam alinhados com o mostrando que havia algum tipo de inteligência operando esses equipamentos.

O objeto maior, que também seguia o avião, realizou um movimento, alterando sua rota e seguindo para o norte. Então, diante da estranheza do fato, o controle de voo solicitou ao piloto que fizesse uma manobra de 180º e seguisse em direção ao norte.

Quando realizado esta manobra, eles viram um objeto de cor âmbar, piscando lentamente, vindo em rota de aproximação com o avião e repentinamente esse objeto começou a descer em uma velocidade muito alta e logo desapareceu. Os pilotos então retomaram sua trajetória de voo.

O outro Argozy, da Safe Air, envolvido no incidente.

Entretanto, estes objetos voltaram a ser vistos mais tarde, por tripulantes de outro avião da mesma companhia. Neste caso, os OVNIs também foram captados pelo radar meteorológico a bordo da aeronave. E neste caso, o avistamento gerou preocupações, pois um dos objetos estava vindo de encontro ou avião.

Os pilotos tiveram que manobrar para desviar do misterioso objeto que estava a uma distância estimada de 50 milhas. Em dado momento, esse objeto acelerou rapidamente e se colocou a vinte milhas de distância, 900 metros acima do nível de voo do avião.

Então os pilotos subiram a altitude e ficaram emparelhados com OVNI e puderam observá-lo com clareza, descrevendo seus detalhes. Segundo eles, era algo muito mais brilhante que a lua e tinha o formato de pera.

Eles foram acompanhados por 10 à 12 minutos, durante o voo. Esse avião tinha como destino a cidade de Christchurch e pouco antes de pousar nessa cidade, o piloto o Vern Powell que comandava o avião, ligou radar meteorológico da aeronave, e captou a presença de um objeto que estava passando rapidamente pela tela do radar. O fato interessante neste caso é que ao cruzar uma determinada área do radar ele levou de 5 a 7 segundos e com isso foi possível calcular que o OVNI deslocou-se em uma velocidade estimada de 38 mil quilômetros por hora.

Em 1978, não havia uma aeronave, com essas dimensões, capaz atingir esta velocidade. Na verdade, ainda hoje não existe esta tecnologia. Existe uma série de questões e leis físicas envolvidas e estas luzes simplesmente desrespeitam as leis da física conhecidas. Não houve qualquer boom supersônico nesse deslocamento nem qualquer perturbação atmosférica.

E nesse deslocamento, os pilotos puderam observar algo como uma luz estroboscópica, nas cores branca e azulada, que manobrou para a esquerda e desapareceu em altíssima velocidade.

Os eventos da noite de 21 para 22 de dezembro de 1978 não são os únicos associados ao caso das Luzes de Kairoura. Um outro Episódio igual ou talvez mais espetacular aconteceu poucos dias depois. Em 30 de dezembro de 1978, um avião de carga Argosy partir da cidade de Wellington para Christchurch. A bordo estava o capitão Bill Startup e o copiloto dele, Bob Guard. No avião também estava uma equipe de TV da Austrália, do canal 0-10 Network. Eles tinham intenção de fazer imagens noturnas do voo, para ilustrar uma reportagem sobre os avistamentos ocorridos dias antes naquela rota.

Quando eles estavam a Nordeste da Ilha Sul, os pilotos observaram um estranho objeto luminoso no céu, mais ou menos nas mesmas condições ocorridas dias antes. Ele alertou a todos que estavam a bordo e a equipe de TV começou a filmar.

O repórter da TV Australiana, Quentin Fogarty, declarou depois ter visto uma fileira de cinco luzes brilhantes que pulsavam e cresciam, variando de tamanho entre um simples ponto de luz até o tamanho de um grande balão bem visível.

Outra pessoa que estava a bordo era David Crocket, que era operador de câmera e que declarou assim:

“Enquanto estávamos filmando um stand-up para a câmera, o capitão Bill Startup gritou para nós que deveríamos ir para o convés de vôo imediatamente, pois algo estava acontecendo novamente”.

Dave Crockett, cameraman a bordo do Argosy.

O piloto entrou em contato com o controle de voo de Wellington que confirmou que os objetos estavam sendo captados nos radares, nas mesmas condições ocorridas dias antes. Em dado momento, o controle informou que um OVNI estava seguindo o avião. O piloto realizou uma manobra em 360º para tentar observar o misterioso objeto.

Nesse momento, o controle de voo informou ao piloto com essas palavras:

“Serra Alpha Eagle, você tem um alvo em formação com você … o alvo aumentou de tamanho”.

A equipe de televisão tentou filmar esse objeto mas como havia muita luz de sinalização do próprio avião acabaram sendo ofuscados e não conseguiram fazer um bom registro do OVNI. Então, o comandante desligou as luzes do avião, tanto as internas quanto as de sinalização, o que permitiu uma boa filmagem legal desse misterioso objeto.

O experiente capitão Bill Startup (direita), e o copiloto era Bob Guard. 

Crockett teve que trocar de lugar com Bob Guard, fazendo com que a filmagem resultante sofresse com os efeitos da trepidação da câmera. No entanto, ele conseguiu obter 30 segundos de imagens decentes.

O OVNI seguiu o avião até seu destino, onde ele pousou normalmente. Após descarregar a carga de jornais, o piloto perguntou à equipe se queriam voltar no mesmo avião, passando de novo pela região e assim tentar um novo registro.

O avião de carga então decolou novamente, às 2h16, com a equipe de televisão ainda a bordo, rumo a Blenheim. Cerca de três minutos após a decolagem, o grupo viu uma luz brilhante e redonda à direita e o radar do avião mostrou um alvo na mesma direção a cerca de 18 milhas náuticas. Em seguida, o objeto posicionou-se ao lado da aeronave por quase 25 minutos.

O repórter Quentin Fogarty.

O repórter Quentin Fogarty descreveu:

“A experiência em si foi extraordinária. Estar no convés de vôo apertado e barulhento do Argosy descendo a costa na calada da noite foi emocionante, pelo fato de ter uma fileira de luzes pulsantes e hipnóticas pairando do lado de fora da janela, e isso colocou tuto em outro nível.”

Depois de pousar no aeroporto de Woodbourne por volta das 3h, o grupo ficou nas residências dos dois pilotos em Blenheim. Fogarty entrevistou os pilotos antes de voar para Melbourne para entregar as gravações ao Canal 0. A filmagem apareceu no noticiário do horário nobre naquela noite e um documentário mais longo exibido mais tarde.

A divulgação do vídeo na televisão aberta gerou muita especulação. O fato chamou a atenção do governo da Nova Zelândia que ordenou uma investigação. Ela ficou a cargo Força Aérea Real da Nova Zelândia, com o apoio do Observatório Carter, da cidade de Wellington.

Um frame do vídeo feito na ocasião.

Os resultados da investigação foram publicados pelo Ministério da Defesa da Nova Zelândia, que atribuiu os avistamentos a luzes de barcos de pesca de lula refletidas em nuvens, meteoros ou luzes do planeta Vênus ou mesmo trens e carros.

Explicações que não convencem, pois nada disso é captado por radares. Além disso, documentos desclassificados da CIA, obtidos após o envio de um Lockheed P-3 Orion para a área após os avistamentos, afirmavam que os avistamentos eram “únicos entre os relatos de OVNIs civis com grande quantidade de evidências documentais, que incluem o depoimento de sete testemunhas, duas gravações feitas durante os avistamentos e a detecção de alguns alvos de radar terrestres e aéreos incomuns.

A CIA considerou o caso como algo relevante e o classificou como inexplicado. Curiosamente, em 2009, o governo da Nova Zelândia liberou documentos ufológicos que antes eram confidenciais, inclusive várias dezenas de páginas dos documentos deste caso. Nestes documentos, a investigação da Força Aérea revela que ele permaneceu inexplicável, o que contradiz a versão oficial que ela mesma divulgou na época.

Um frame do vídeo feito na ocasião.

Nos documentos é possível ver desenhos e croquis de voo, indicando a posição dos elementos envolvidos, a posição do litoral e dos barcos. Além das investigações feitas pelos militares, ufólogos também fizeram suas investigações. Um dos investigadores do caso Bruce Maccabee, que é especialista em análises de registros visuais. Ele concluiu que as explicações oficiais apresentadas na época não se sustentava e que os objetos relatados e captados eram reais, sólidos, com comportamento inteligente e demonstravam uma tecnologia muito avançada, fora do alcance da humanidade terrestre.

Outro aspecto curioso do caso é o impacto que ele gerou nas testemunhas. Depois do furo de reportagem, Quentin Fogarty, sofreu de “exaustão nervosa” e acabou no hospital por algumas semanas, pois após a publicação ele foi atacado de todos os lados por cientistas por céticos que o acusaram de ter fraudado tais imagens. Isso foi desgastante demais para ele, que acabou sendo internado.

“O nível de ceticismo inicial me surpreendeu, às vezes. Eu certamente não esperava ser acusado de inventar a coisa toda. Isso foi profundo, ainda é. O tablóide diário local em Melbourne me chamou de ‘Repórter UFO’, e isso ficou por um curto período de tempo, mas não demorou muito para eu voltar ao meu papel como jornalista de TV relatando assuntos mais mundanos.”

Ngaire Crockett, operadora de som a bordo do Argosy.

Ngaire Crocket era esposa de David Crockett e operadora de som da equipe. O casal se separou logo após o incidente.

“Esse filme mudou minha vida? Acho que sim. Tivemos telefonema após telefonema e pessoas batendo na nossa porta. David e o repórter ficaram tão obcecados que o foco era tudo o que eles falavam. Desliguei porque tínhamos cinco filhos e isso estava afetando todos os nossos vidas.”

Seu marido, o cameramen David Crockett também passou por situações estressantes após a experiência:

“O efeito que esse avistamento histórico teve em todos nós certamente incluiu uma boa quantidade de estresse. Quanto a mim, fiquei sem dormir por várias noites e, depois de ter realizado várias palestras no exterior sobre esse avistamento, fiquei bastante deprimido. Isso mudou substancialmente minha vida. Naquela época na história do fenômeno UFO, os céticos pensavam que éramos loucos e nos criticavam de várias maneiras. Em 1978, a maioria das pessoas não considerava seriamente que estes eram objetos reais e podem até se originar de outros planetas”.

Reportagem noticiando o fato.

O caso das luzes de Kaikoura permanece, até hoje, como um dos episódios ufológicos mais bem documentados da história moderna. Com registros simultâneos por radar terrestre e aéreo, testemunhos de pilotos, controladores e jornalistas, além de filmagens realizadas por uma equipe de televisão, o fenômeno ultrapassa o campo do simples relato visual. Apesar das tentativas oficiais de atribuir as luzes a causas convencionais — como reflexos, meteoros ou embarcações —, as anomalias detectadas nos radares, as manobras inteligentes e a impressionante velocidade dos objetos continuam a desafiar explicações convencionais. Décadas depois, o caso ainda suscita debates entre ufólogos, cientistas e céticos, sendo considerado um marco da Ufologia mundial e um lembrete de que, nos céus da Terra, ainda existem mistérios que permanecem além da nossa compreensão.

Reportagem noticiando o fato.

 

Com informações de:


CATEGORIES
Share This

COMMENTS

Wordpress (0)
Disqus ( )