As experiências de abdução, sob olhar de alguém que nunca foi abduzido, podem soar surreais para uns, loucura para outros, ou ainda algo positivo e atraente para outros. Mas para os abduzidos, na imensa maioria das vezes é um processo difícil, doloroso e perturbador.
Neste artigo:
Introdução
As experiências de abdução, sob olhar de alguém que nunca foi abduzido, podem soar surreais para uns, loucura para outros, ou ainda algo positivo e atraente para outros. Mas para os abduzidos, na imensa maioria das vezes é um processo difícil, doloroso e perturbador.
Na grande maioria das vezes, o processo de abdução leva o abduzido em uma jornada de mudança de padrões de consciência, um processo que por si só já pode ser doloroso face aos questionamentos que isso gera.
Délio, um jovem da cidade de Curitiba é um exemplo típico. Em 31 de dezembro de 1980 ele passou por uma experiência de abdução que mudou sua vida e o colocou em situações difíceis.
Naquela época, antes de sua abdução, Délio começou a buscar, compulsivamente, informações sobre câncer, pensando sobre muitas coisas ao mesmo tempo, com grande rapidez mental, além de escrever automaticamente.
Depois de escrever muito, ele sentiu uma angustia muito grande e naquele momento ele achou que iria morrer:
“Em 31 de dezembro de 1980, senti que minha mente funcionava mas rápida, meu corpo estava pesado e tinha a sensação de que iria morrer nesse dia. Pedi ajuda ao meu irmão para ir para um hotel, pois não queria morrer em casa. Meu corpo cada vez pesava mais e muitas coisas começaram aparecer em minha mente. Era incapaz de controlar meu pensamento. Eu estava pensando em muitas pesquisas: de câncer, química, física e biologia, e tudo se conectava com muita claridade”.
Délio se hospedou em um hotel que ficava a poucos metros da Passeio Público, na região central da cidade de Curitiba.
“Estava deitado na cama do hotel e minha vida passava na minha cabeça muito rápido. Pensava que estava morrendo. Meu corpo estava tão pesado que não conseguia mover-me. Começo a olhar a luz do quarto e sentia que a luz me dava forças. Chamo meu irmão para encontrar-se comigo, já que não queria ficar só e sim sair e ver muita luz. Fomos para um parque no centro da cidade”.
O parque na verdade era a praça Nossa Senhora de Salete, no chamado Centro Cívico, onde localiza-se o Palácio Iguaçu, sede do governo do estado, além de vários prédios da administração estadual.
“Eram aproximadamente dez da noite. Olhamos para o céu, para as lâmpadas do parque e de repente vejo uma luz muito grande.”
Délio inicialmente interpretou sua abdução como sendo um encontro com Deus. Ao retornar, ele sentia-se feliz e transbordava amor.
Devido ao impacto da experiência e a dificuldade em entende-la, sua mãe o internou em um hospital psiquiátrico, onde passou por tratamento intensivo e sob forte medicação.
Após ganhar alta de seu tratamento, Délio esteve presente em uma reunião da Associação de Pesquisas Exológicas (APEX).
A partir do contato com os ufólogos da APEX, seu caso foi investigado, com o auxílio de hipnose regressiva.
Na primeira sessão de hipnose ele atingiu hipnose profunda e então pôde lembrar de detalhes do que havia ocorrido naquela noite.
Após desembarcar do táxi que os levou ali, ele pediu ao seu irmão que esperasse ali. Ele atravessou a rua e caminhou, ao longo de 10 minutos, sobre o gramado que havia a frente do Palácio de Justiça, andando em círculos e olhando constantemente para o céu.
Em dado momento, Délio, às vistas do irmão, correu em direção à pequenos arbustos e sumiu.
Após ser levado pela estranha luz, Délio lembra-se de estar dentro de um objeto transparente de onde podia ver o Palácio Iguaçu e os demais edifícios do Centro Cívico. Logo em seguida ele viu os sete tripulantes.
“Meu irmão estava a quatro metros de mim. Quando a luz nos clareia, não sinto mais o corpo. Queria chamar meu irmão, mas não podia. Passa muito tempo, eu ainda inserido nesta luz, e depois começo a ver pessoas. Eram sete pessoas, com forma humana e sinto uma sensação muito boa, como no paraíso.
Vejo sete seres com roupas brancas como túnicas. Não via os pés, mas só as mãos, que eram maiores que a dos humanos. Os rostos eram perfeitos. Todos homens, de um metro e setenta a oitenta, sendo um mais alto que os outros. Os olhos eram como os nossos, mas amendoados, puxados para o lado, cabelos negros, na altura dos ombros, penteados para trás. Os olhos do ser mais alto que estava à frente brilhavam e me faziam pensar muito rápido. Era dele que vinham os pensamentos. Tudo o que eu queria saber sobre pesquisas, e ele sorria. Senti como se passasse muito tempo. Vários dias. Ao retornar, segundo meu irmão, haviam se passado de 20 a 25 minutos.
Quando voltei, não sabia se era real ou alucinação o que vi. Meu irmão também estava confuso, apesar de ter me visto desaparecer. A luz que eu havia visto era muito forte, quase branca, com algum amarelo e azul, tal qual luz de mercúrio. Depois minha mãe me internou num hospital psiquiátrico, pois havia vários dias que não dormia, só escrevia.”
Pouco tempo após a sessão de hipnose regressiva na sede da APEX, Délio mudou-se para os Estados Unidos.
O estado de alegria e felicidade demonstrado após o contato, e o estado de segurança que demonstrava por ocasião da reunião da APEX deram lugar à um estado mais depressivo. A ufóloga e psicóloga Gilda Moura conheceu Délio e esteve com ele em outras ocasiões acompanhando seu caso. Em 1984, Délio, já morando em Los Angeles, passou por outro contato significativo.
Na madrugada de 28 de maio de 1984, por volta das 3:30h, o processo de abdução teve início:
“Eu estava vivendo em Los Angeles. Na madrugada de 27 para 28 de maio de 1984, por volta das 3 e meia, hora q estava marcada no meu relógio digital, me recordo de que não conseguia dormir. Senti meu corpo pesado. Queria escutar música. Liguei o rádio e comecei a imaginar um mar e uma praia. A música para. O som do mar segue no rádio. Só no rádio. Vejo uma imagem da praia de Santa Mônica, a 10 milhas de onde estava. Vou de automóvel até Santa Mônica, escutando a mesma estação de rádio. Lá chegando, tenho vontade de ir até Malibu. Eu me recordo que dirigia em alta velocidade, mas não era eu que pilotava. Estava teleguiado.
Vou subindo as montanhas até o topo, estaciono o carro e desço, mas não consigo ver a praia.
Eram mais ou menos quatro e meia. Olho o céu, a luz começa a aparecer e aumenta na minha direção. Vinha detrás das montanhas. Tenho toda uma sensação de paz e tranquilidade, uma sensação muito forte de alegria antes de entrar na luz. Lembro-me que pensei: ‘Isto não é alucinação. É real’.
“Quando entro na luz (não me recordo como subi), vejo as mesmas sete pessoas, com as mesmas características, agora acrescidas de mais duas mulheres de aproximadamente um metro e oitenta ou noventa, muito bonitas. Corpos atléticos, quase perfeitos. Os olhos das mulheres, como os do homem do contato anterior, me atraíam e fixavam o meu olhar, Comecei a ter desejos sexuais.
“Quando me aproximei delas, tiraram a roupa. Elas estavam vestidas com túnicas brancas, desnudas por baixo.
“Eu estava muito excitado sexualmente, não conseguia tirar os olhos de uma delas (uma loura e outra morena). Segurei a mão da loura. Sua pele era muito suave. Eu seguia com o olhar fixo nos olhos da morena. Elas estavam lado a lado, a pele muito branca.
Senti meu órgão sexual muito excitado enquanto eu fixava a morena. Quando a morena fechou os olhos, fechei os meus e senti um indescritível. Aí a loura soltou minhas mãos e logo a seguir tudo se repetiu com a outra. Sempre meus olhos ficavam presos na outra, enquanto uma segurava minhas mãos. E a outra fechava os olhos, me proporcionando um enorme prazer, ejaculando (eu me recordo que meu esperma saía em tom mais amarelado que normalmente). Tudo isso se passou de uma forma muito lenta e muito suave, numa atmosfera de muita paz e alegria. Elas estavam sempre sorrindo.
Ao terminar, as mulheres me levaram à frente dos setes homens e senti um enorme desejo de fechar os olhos. A próxima coisa de que me recordo é de estar sentado ao lado de meu carro, às seis e meia da manhã. A luz não estava mais lá”.
Este evento o impactou, também de forma significativa. Morando fora do país, ele não tinha amigos próximos para conversar e desabafar. Seus familiares consideravam seus relatos como devaneios mentais e não davam muito crédito. Nos anos que se seguiram, ele passou por momentos de transtorno de humor e bipolaridade.
A ufóloga Gilda Moura acompanhou o caso à distância, falando com certa periodicidade com o abduzido ao telefone. Em 1988, ela conversou com Délio ao telefone, que mostrava ansiedade generalizada e depressão. Dois dias depois, ao chegar em Los Angeles, Gilda Moura encontrou o abduzido feliz e extrovertido. Ela passou dois dias acompanhando o abduzido, auxiliando-o nos processos de angustia que uma abdução gera naqueles que a experimentam.
Cinco dias após Gilda Moura retornar ao Brasil, Délio teve picos de ansiedade. Ele sentiu energias e sensações que descreveu como físicas e psíquicas. Descreveu estados alterados de consciência e chamou médicos para atende-lo em casa. Como os médicos disseram que nada havia de anormal e não seria internado, Délio jogou suas roupas e documentos fora, por achar que não precisaria mais disso.
Sentindo que seu quadro psicológico piorava ele chamou um taxi que o deixou na porta de um hospital. Ele decidiu não entrar, ao mesmo tempo em que viu uma luz forte no céu. Ele foi à um telefone e chamou a polícia para busca-lo. Após isso, ele sentiu-se levitando até a luz, encontrando os mesmos seres, que lhe mostraram cenas do futuro. Após isso, os seres o deixaram no meio de uma das freeways mais velozes da cidade, onde foi encontrado pela polícia. Ele foi levado para internação, recebendo alta dois dias depois.
O fenômeno UFO é um fato traumatizante. Muitas pessoas que passam por tais experiências nas mãos de aliens sentem na pele o agravamento de sua situação. Rejeição familiar, inadequação social e outros processos marginalizadores levam o indivíduo a se isolar da sociedade. Como consequência, muitos abduzidos acabam mesmo em hospitais psiquiátricos.
A psiquiatra Nise da Silveira, fundou em 1952 o Museu de Imagens do Inconsciente. Em uma de suas mostras ela reuniu pinturas e esculturas de pacientes diagnosticados com esquizofrenia, originados em 17 países, incluindo o Brasil.
Entre elas existem representações de naves e seres alienígenas, sempre representados dentro de um contexto específico, indicando tratar-se de lembranças reprimidas no inconsciência de quem produziu tais obras.
Um dos pacientes atendidos por Nise da Silveira chamava-se Carlos Pertuis. O paciente, falecido em março de 1977, produziu uma série de telas representando UFO esféricos pairando sobre casarões, vultos negros andando pelas ruas e um homem pilotando uma espaçonave. Quando em vida, o autor sempre falava em uma interligação com o espaço cósmico e em algumas telas se representou viajando em uma espacial.
Para os psiquiatras tradicionais pessoas como Délio, e Carlos Pertuis eram esquizofrênicos, com surtos de genialidade. Para nós resta a dúvida: teriam eles sido contatados por seres alienígenas, sofrendo o choque e o consequente impacto emocional, energético, consciencial e espiritual de algo além da compressão da humanidade atual?
Com informações de:
- RANGEL, Mario. Sequestros Alienígenas – Investigando Ufologia com e sem hipnose. CBPDV, 2001.
- MOURA, Gilda. Transformadores de Consciência. Editora Nova Era. 1996.
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