A Onda Ufológica de 1952

Por: Fenomenum Comentários: 0

Um estudo estatístico da primeira onda ufológica registrada pela Ufologia.


A Ufologia teve sua origem em 24 de junho de 1947, por ocasião do famoso avistamento de Kenneth Arnold, a bordo de seu avião, nas proximidades do Mount Rainier, no estado de Washington, Estados Unidos. Na época desse avistamento, ocorria uma onda ufológica sobre o país, chamando a atenção de muitas pessoas que perceberam que havia algo muito importante acontecendo e que a Força Aérea Americana escondia ou tentava esconder alguma coisa do público, em relação ao assunto. Por ser uma área de estudos muito nova, não havia uma estrutura de pesquisa a nível civil para investigar os fatos que vinham ocorrendo. Após julho e agosto, a intensidade de avistamentos diminuiu, mas o entusiasmo pelo assunto se manteve. Os interessados no estudo do fenômeno se uniram em centros de investigação motivando a criação de entidades semelhantes em outros países.

Assim, quando chegou o ano de 1952, já havia uma certa experiência na pesquisa destes casos, havendo comunicação entre alguns centros, permitindo cruzamento de informações e havia uma atenção redobrada ao que era divulgado na mídia comum. A nível oficial, a Força Aérea Americana coletava casos e desenvolvia um estudo, embora de forma induzida a desmistificar o assunto.

Os ufólogos americanos, coletaram vários casos naquele ano, sempre dentro de suas possibilidades. Mais tarde, com a liberação dos casos oficialmente pesquisados, foi possível acrescentar mais peças ao quebra – cabeças de 1952. Ainda assim, a listagem não era completa e talvez nunca o seja, pois apenas os casos que chegavam ao conhecimento dos ufólogos e posteriormente investigados eram listados. Certamente ainda existem testemunhas vivas que não prestaram seus relatos, tanto à ufólogos civis quanto à pesquisadores militares.

Em nosso estudo, na tentativa de reunir os casos daquele ano utilizamos dados e documentos do Projeto Bluebook, da NICAP, uma das entidades mais atuantes daquela época, livros e coletâneas de casos ufológicos, Boletins da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores, Revista UFO e sua antecessoras, etc. As fontes completas estão listadas ao final da cronologia de 1952.

Características da Onda

A Onda ufológica de 1952 é em grande parte norte-americana pois os casos catalogados ocorreram, em sua maioria, em Estados Unidos e Canadá. Na França e no Japão também houveram vários casos registrados. Isso deve pelo fato de que nos Estados Unidos e Canadá haviam entidades de pesquisa ufológica atuantes, além de já existirem comissões de pesquisa dos casos dentro das Forças Aéreas de cada país. No Japão, os relatos originam-se a partir de bases aéreas e militares americanos em serviço naquele país. Na França, os casos registrados foram investigados em sua maioria por pesquisadores civis. No Brasil, a pesquisa ufológica iniciou-se em 1952 por ocasião do caso Barra da Tijuca, embora já houvessem pioneiros no assunto no Brasil. Em função disso, muitos casos ocorridos dentro daquela onda, em território brasileiro sequer foram investigados.

Entre os casos mais importantes, a nivel mundial, ocorridos naquela época, destacam-se os casos de sobrevoo da capital dos Estados Unidos, Washington, que em várias ocasiões foi sobrevoada por vários objetos, que eram testemunhados por muitos moradores da cidade, bem como captados por radares e perseguidos por caças da USAF, no mês de julho daquele ano.

Outro caso digno de destaque é o do chefe escoteiro Sonny Deverges que dirigia, em companhia de 3 escoteiros, em uma zona rural de West Palm Beach, Flórida. Após o anoitecer todos observaram uma claridade na floresta e resolveram verificar. Deverges se aproximou da clareira e observou um objeto em forma de disco, com aspecto prateado, pousado na clareira. Deverges avistou um tripulante do estranho aparelho que surpreendido acionou algum equipamento de defesa. Do aparelho surgiu uma pequena esfera luminosa cor de fogo que circundou o chefe escoteiro e o atingiu no braço, gerando uma séria queimadura.

Também destacam-se os avistamentos em massa, com várias centenas de testemunhas, em avistamentos coletivos em Flint, Michigan, EUA, em 20 de abril; Araranguá, Santa Catarina, Brasil, em 14 de junho; Oloron, França, 17 de outubro; Gaillac, França, em 27 de outubro; e os avistamentos no Marrocos em 21 de setembro, e no norte europeu em 27 e 28 de setembro, onde houveram milhares de testemunhas.

Análise Estatística

Ao todo foram compilados 613 casos para o ano de 1952, número que pode ser modificado no futuro a partir de novas informações. Houve uma grande variação no nível de informações entre os casos e entre as fontes à elas relacionadas. Em alguns casos foi impossível apurar a data correta do evento, horário em que ocorreu e outros detalhes adicionais, sobre as testemunhas, descrição do objeto e detalhes a ele associados. Em função disso, a análise estatistica fica prejudicada.

Distribuição Temporal dos Casos

Os 613 casos compilados foram organizados de forma cronológica. Casos sem indicação de datas foram classificados como indeterminados. Casos sem identificação de data, mas com indicação de mês foram incluídos na contagem mensal referente. Assim, a contagem geral dos casos ficou da seguinte forma:

Mês Nº de Casos
Data Indeterminada 9
Janeiro 11
Fevereiro 11
Março 15
Abril 46
Maio 30
Junho 76
Julho 164
Agosto 88
Setembro 59
Outubro 41
Novembro 30
Dezembro 33
Total de Casos 613

O gráfico de casos a nível mundial ficou assim distribuído:

 

 

O ano começa relativamente calmo, com 11 casos em janeiro e 11 casos em fevereiro. Ocorre um ligeiro aumento em março, chegando a 15 casos. Em abril a onda ufológica inicia-se com um grande aumento no número de casos, chegando a 46 ocorrências. Em maio, o número cai para 30, mas em junho ocorre um novo grande aumento no número de observações, chegando a 76 ocorrências. Em julho, a onda ufológica atinge o máximo, chegando a 164 ocorrências registradas. A partir deste período, o número de casos decai para 88 em agosto, 59 em setembro, 41 em outubro, 30 em novembro, mantendo-se nesse nível em dezembro, com 33 casos.

Estes dados estimulam nossa curiosidade e nos fazem questionar sobre como ela se manifestou em diferentes países e continentes. Assim procuramos traçar um panorama de avistamentos por região, contando o número de ocorrências por países e sua respectiva distribuição temporal.

A análise de distribuição regional é apresentada no quadro abaixo:

Ranking País Nº de Casos
1 EUA 365
2 França 100
3 Canadá 48
4 Japão 16
5 Coréia 14
6 Brasil 10
7 Alemanha 9
8 Marrocos 6
9 Inglaterra 6
10 Suécia 4
11 México 3
12 Peru 2
13 Itália 2
14 Dinamarca 2
15 Norte da África 2
16 Senegal 1
17 Portugal 1
18 Porto Rico 1
19 Panamá 1
20 Nova Zelândia 1
21 Mar do Norte 1
22 Israel 1
23 Irlanda 1
24 Açores 1
25 Holanda 1
26 Guam 1
27 Groelândia 1
28 Escandinávia 1
29 Cuba 1
30 Congo 1
31 Colômbia 1
32 Chipre 1
33 Austrália 1
34 Atlântico Norte 1
35 Argélia 1
36 Algéria 1
37 África do sul 1
38 África 1
39 ? 1

 

Estados Unidos, França, Canadá, Japão, Coréia, Brasil e Alemanha são os países com maior número de aparições registradas. Na tabela de distribuição abaixo encontramos a distribuição mensal de casos para os 10 primeiros países.

INDET. JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

TOTAL

EUA 2 7 6 11 35 16 36 128 54 26 15 13 16 365
FRANÇA 1 0 0 1 3 3 20 13 14 13 22 8 2 100
CANADÁ 1 1 0 0 5 3 7 11 7 1 0 3 9 48
JAPÃO 0 0 0 2 2 0 3 4 3 0 1 0 1 16
CORÉIA 0 1 4 0 0 1 3 1 2 0 0 1 1 14
BRASIL 5 1 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 1 10
ALEMANHA 0 0 0 0 1 0 3 3 0 1 1 0 0 9
MARROCOS 0 0 0 0 0 0 1 1 1 3 0 0 0 6
INGLATERRA 0 0 1 0 0 1 0 0 0 3 1 0 0 6
SUÉCIA 0 0 0 0 0 1 0 0 0 3 0 0 0 4

Com base na tabela cima foi possível estabelecer os seguintes dados comparativos no grafico:

Os quatro gráficos acima compreendem os quatro países com maior número de casos relatados. Nos Estados Unidos, os casos relacionados à onda começam em Abril, diminuem um pouco em maio, ressurgem em Junho atingindo seu ápice em Julho, diminuindo continuamente até dezembro. No Canadá, a onda se comporta mais ou menos da mesma forma. A única diferença é que em dezembro ocorre um novo aumento no número de casos relatados. No Japão, houveram dois casos em março e abril, e depois um aumento considerável nos meses de junho, julho e agosto. Na França, a onda ufológica começou em junho, diminuiu um pouco em julho, mantendo-se estável até outubro, quando houve o maior número de casos, dimimuindo em novembro e dezembro.

Comparando Estados Unidos e França, especificamente, verifica-se que a onda ufológica ocorre de forma concentrada em um período específico com grande quantidade de ocorrências, enquanto que na França ela se comporta de maneira mais homogênea a partir da metade do ano, sendo que os casos ocorrem continuamente junho e dezembro.

Estudo de Tendência

O estudo de tendencia da casuística de 1952 revelou dados curiosos. Esta análise verificou relações entre fase lunar, dia da semana e horário de avistamento.

Na primeira análise realizada, envolvendo fase lunar verificou-se que a maioria dos casos relatados ocorreram durante a Lua Nova, com um total de 159 casos e durante a Lua Crescente, com um total de 154 casos. Houveram ainda 146 casos ocorridos durante a Lua Minguante e 118 casos ocorridos durante a Lua Cheia.

 

A segunda análise realizada, envolvendo dias da semana, procuramos confirmar a hipótese de que os avistamentos seriam mais frequentes aos finais de semana, durante momentos de lazer e descanso das testemunhas. Entretanto observou-se que segunda feira é o dia com maior número de observações, seguido de quarta feira. Domingo e sexta feira são os dias com o menor indice de avistamentos, sugerindo que os avistamentos ocorrem indiferentemente às atividades realizadas pelas testemunhas. Elas podem estar trabalhando, passeando, dirigindo, resolvendo problemas diários, etc. O fato dela ser testemunha ocorre por ela estar no lugar certo e na hora certa.

Tabela de Distribuição de Casos por Dia da Semana
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado
74 94 86 88 80 68 87

 

Para a análise da casuística de acordo com os horários classificamos os casos em três categorias:
– Ocorridos entre 18hs e 7:00 hs da manhã – Ocorridos entre 7:00 hs da manhã e 18:00 hs – Casos sem indicação de horário ou período de ocorrência

Dos 613 casos catalogados, 266 ocorreram no período noturno, se enquadrando na categoria A; 155 ocorreram no período diurno, se enquadrando na categoria B; e em 192 casos não houveram dados suficientes para determinar o período em que se enquadram.

 

A análise estatística de casos ufológicos, principalmente, os mais antigos, esbarra em vários problemas de natureza metodológica. Na grande maioria dos casos faltam informações para compor o grande quebra-cabeças de cada período. A busca constante por novas fontes, o cruzamento de informações, bem como uma análise, à luz dos fatos atuais, é absolutamente necessária para promover o crescimento da Ufologia como área de pesquisas.

 

 

Referências:


  1. Arquivos CIPEX

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