
Abduzidos Pelo Medo: O Fantasma Do Estresse Pós-Traumático Nos Relatos Ufológicos
Embora o fenômeno das abduções alienígenas continue envolto em mistério, os relatos de inúmeras testemunhas ao redor do mundo revelam um padrão consistente de sofrimento psicológico intenso, com sintomas claros de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), o que evidencia que, independentemente da origem dos eventos, as cicatrizes emocionais deixadas são profundamente reais e exigem reconhecimento e compreensão por parte da Ufologia e da comunidade científica.
Por Cain wolf
Neste artigo:
Introdução
A Ufologia Mundial é um campo vasto, repleto de mistérios que desafiam nossa compreensão da realidade. Entre os fenômenos mais perturbadores e fascinantes estão os relatos de abdução – experiências nas quais indivíduos afirmam terem sido levados contra a sua vontade por seres não humanos para bordo de objetos voadores não identificados. Para além do debate sobre a veracidade ontológica desses eventos, uma constante emerge com força avassaladora: o profundo e duradouro impacto psicológico sobre os abduzidos. Nesta reportagem, mergulhamos nos arquivos da Ufologia para analisar, sob a ótica do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), as sequelas deixadas em alguns dos casos mais emblemáticos.
O TEPT, reconhecido pela comunidade médica global, é um distúrbio que pode se desenvolver após a exposição a um evento traumático avassalador. Seus sintomas são multifacetados, incluindo revivescências (flashbacks, pesadelos), evitação de estímulos associados ao trauma, alterações negativas persistentes na cognição e no humor, e alterações marcantes na excitação e reatividade. Ao examinarmos os relatos dos contatados, encontramos um padrão assustadoramente consistente com este diagnóstico.
O QUE É O TEPT? SINTOMAS-CHAVE EM ABDUZIDOS
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático pode se manifestar de diversas formas. Nos relatos de abdução, observe:
• Revivescência:
◦ Pesadelos vívidos sobre a experiência.
◦ Flashbacks (sentir como se o evento estivesse acontecendo novamente).
◦ Pensamentos intrusivos e angustiantes sobre a abdução.
• Evitação:
◦ Evitar lugares, pessoas ou situações que lembrem o trauma.
◦ Relutância em falar sobre a experiência.
◦ Amnésia parcial ou total do evento (missing time).
• Alterações Negativas na Cognição e Humor:
◦ Sentimentos persistentes de medo, horror, raiva, culpa ou vergonha.
◦ Perda de interesse em atividades antes prazerosas.
◦ Sentimento de distanciamento ou estranhamento dos outros (isolamento).
◦ Incapacidade de sentir emoções positivas.
◦ Crenças negativas sobre si mesmo ou o mundo (“não estou seguro”, “algo está errado comigo”).
• Alterações na Excitação e Reatividade:
◦ Hipervigilância (estar constantemente em alerta).
◦ Resposta de sobressalto exagerada.
◦ Dificuldade de concentração.
◦ Problemas de sono (insônia, sono agitado).
◦ Irritabilidade ou explosões de raiva.
OS PIONEIROS DO TRAUMA: OS CASOS FUNDADORES E SUAS CICATRIZES
1. Betty e Barney Hill (1961, EUA): O Pesadelo da Rota 3
Talvez o caso mais icônico seja o do casal Hill que relatou “missing time”(percepção de tempo perdido) e sensações estranhas após um avistamento em New Hampshire. No relato, sob hipnose regressiva com o Dr. Benjamin Simon, emergiram memórias de captura, exames físicos invasivos (agulhas, coleta de amostras) e comunicação com seres de olhos grandes e pele acinzentada. Se voltarmos nossa avaliação mais diretamente aos sintomas de TEPT, veremos que Betty, após sua abdução, sofria de pesadelos recorrentes e vívidos detalhando os exames aos quais fora submetida. Seus desenhos dos seres e da “nave” se tornaram famosos. Esta é, para a psiquiatria, psicologia e psicopatologia, uma clara manifestação de revivescência. Assim como sua esposa, Barney desenvolveu ansiedade crônica, úlceras e hipertensão arterial. Relatava flashbacks fragmentados e um medo profundo de ser observado. Sua relutância inicial em falar e o sofrimento físico apontam para evitação, alterações negativas no humor (medo, angústia) e hiperativação fisiológica. Vale acrescentar aos seus exames mentais que ambos apresentaram lacunas de memória (amnésia dissociativa) para o período do evento, outro sintoma comum no TEPT.
2. Antônio Villas Boas (1957, Brasil): A Sementeira Cósmica e a Violação
No interior de Minas Gerais, o agricultor Antônio Villas Boas viveu uma experiência que se tornaria um marco na Ufologia pela sua natureza de contato sexual. Levado para uma nave, despido, coberto por um gel e coagido a ter relações sexuais com uma fêmea alienígena, descrita com traços femininos e sons guturais, Villas Boas estaria extremamente submetido há várias formas de desenvolver um TEPT. O seu exame físico registrou náuseas, vômitos, fraqueza, lesões cutâneas que coçavam e ardiam e que poderiam ser interpretadas como reações psicossomáticas intensas(psicodermatoses) ou efeitos diretos. Já em relação ao seu exame mental, foi evidenciado a presença de medo intenso e angústia durante e após o evento. Vergonha e isolamento social devido à natureza do relato, especialmente a conotação sexual, que ele relutou em detalhar inicialmente (sintoma de evitação e alterações negativas na cognição e humor). Pensamentos intrusivos e preocupação obsessiva com o ocorrido e suas possíveis consequências (saúde, identidade). Embora não haja relatos extensos de pesadelos, a natureza profundamente invasiva e a violação são gatilhos clássicos para TEPT.
3. O Caso Pascagoula (1973, EUA): O Medo Paralisante no Rio
Charles Hickson e Calvin Parker pescavam no rio Pascagoula, Mississippi, quando foram levitados para dentro de um objeto por seres com aparência robótica e pele enrugada. Posteriormente, descreveram paralisia, exames com um “olho” mecânico, e um medo avassalador. Foram liberados no mesmo local, visivelmente abalados. Os sintomas de TEPT em Hickson, que, embora mais velho e aparentemente mais resiliente, ficaram demonstrados em sua ansiedade e nervosismo evidentes nas entrevistas iniciais. Já em Parker, os sintomas foram claramente muito mais intensos. Sofreu um colapso nervoso e precisou de tratamento para ansiedade severa e a presença de pesadelos o martirizou por um tempo considerável. Por anos, evitou falar publicamente sobre o caso, demonstrando evitação e sofrimento psíquico intenso. Em seus relatos posteriores, descreveu o terror contínuo e a dificuldade em levar uma vida normal. A experiência de paralisia, ou imobilidade tônica, e impotência é um fator de risco significativo para TEPT.
4. Travis Walton (1975, EUA): Cinco Dias de Agonia e Incerteza
O madeireiro do Arizona desapareceu por cinco dias após ser atingido por um raio de luz de um UFO, na presença de seus colegas de trabalho. Ao retornar, contou ter acordado em uma sala com três seres pequenos e depois encontrado seres humanoides mais altos. A experiência foi caótica e aterrorizante. Walton teve flashbacks intensos e pesadelos vívidos da experiência, especialmente do momento em que acordou cercado pelos seres. Seu exame mental demonstrou hipervigilância e reatividade com extrema agitação, medo e dificuldade de concentração ao ser encontrado, após seu desaparecimento e nos meses seguintes ao evento traumático. O escrutínio público e as acusações de fraude agravaram seu estado mental. Foram descritas alterações negativas no humor e da cognição. Relatou perda de interesse em atividades cotidianas, sensação de irrealidade e dificuldade em se reconectar com sua vida anterior. O trauma, visivelmente, alterou sua percepção de segurança no mundo.
5. A Abdução de Allagash (1976, EUA): Trauma Coletivo e Memórias Enterradas
Quatro amigos (Jim Weiner, Jack Weiner, Chuck Rak, Charlie Foltz) acampavam perto do Rio Allagash, Maine, quando avistaram um UFO e experimentaram o já citado “missing time”. Anos depois, através de hipnose regressiva separada conduzida pelo pesquisador Raymond Fowler, todos relataram, com impressionante consistência, terem sido levados a bordo de uma nave e submetidos a exames físicos humilhantes e invasivos, incluindo coleta de amostras de pele e fluidos. Todos sofreram de pesadelos recorrentes e perturbadores sobre seres estranhos e procedimentos médicos antes mesmo da hipnose. Alguns relataram ansiedade inexplicável, fobias e sentimentos de serem observados. Podemos afirmar que as vítimas apresentaram uma fragmentação da memória, uma vez que o fenômeno de “missing time” é uma forma de amnésia dissociativa. O impacto do TEPT foi duradouro se tratando de uma experiência compartilhada, e que embora unindo-os de certa forma, também representou um fardo, com cada um processando o trauma de maneiras distintas, mas com sinais de sofrimento crônico e dificuldade em integrar a experiência em suas vidas.
6. Whitley Strieber (1985 em diante, EUA): “Comunhão” com o Desconhecido Aterrorizante
O autor Whitley Strieber publicou “Communion”, um relato visceral de suas supostas experiências com “visitantes”. Em seu livro, o renomado autor descreveu encontros noturnos recorrentes com seres não humanos, caracterizados por paralisia, exames médicos, implantes e uma profunda sensação de violação e terror existencial. Sua obra terminou por se transformas em um catálogo de sintomas de TEPT: terror paralisante, flashbacks, pesadelos intensos, ansiedade avassaladora, desorientação, medo de dormir, sensação de irrealidade, e uma luta constante para compreender e integrar essas experiências traumáticas. O testemunho de Strieber é um exemplo de como um indivíduo tenta processar e dar sentido a um trauma profundo, utilizando a escrita como forma de elaboração e compartilhamento, apesar do ceticismo e do impacto em sua vida pessoal e profissional.
7. Kelly Cahill (1993, Austrália): Marcas Físicas e Trauma Familiar
Kelly Cahill, seu marido e amigos encontraram um UFO e seres altos e escuros em uma estrada rural perto de Melbourne. Cahill descreveu sentir “missing time”, uma sensação de paralisia e, posteriormente, a descoberta de uma marca triangular incomum em seu umbigo. Outras testemunhas independentes na área relataram avistamentos semelhantes. Além disso, Cahill sofreu de dores abdominais severas (levando a uma histerectomia), infecções recorrentes, fadiga crônica, pesadelos e ansiedade. A marca física serviu como um lembrete constante do evento traumático o qual foi submetido. Importante destacar que nesse caso, o trauma afetou não apenas Kelly, mas também seu marido, que apresentou sintomas semelhantes. A experiência gerou tensão e medo dentro da família. O medo de ridículo e a dificuldade em ser acreditada levaram a períodos de isolamento e sofrimento silencioso.
8. O Caso de Buff Ledge Camp (1969, EUA): Crianças Sob o Olhar Alienígena
Em um acampamento de verão em Vermont, duas funcionárias e várias crianças testemunharam UFOs e, posteriormente, algumas relataram memórias fragmentadas de interações com seres. As testemunhas principais, Michael Lapp e Janet Cornell, descreveram luzes, objetos e, sob hipnose anos depois com o pesquisador Walter Webb, memórias de serem levadas e examinadas. Os sintomas de TEPT apresentados variaram de criança para criança. Em Lapp se evidenciou ansiedade persistente, pesadelos e uma sensação de “algo faltando” por anos antes da hipnose. A recuperação das memórias foi angustiante. Já em Cornell, a segunda criança mais afetada e rica em sintomas, se observou a presença de medo, confusão e memórias perturbadoras que emergiram. O trauma em crianças pode ter manifestações diferentes e consequências de longo prazo no desenvolvimento emocional e psicológico, incluindo medos inexplicáveis, problemas de comportamento e dificuldades de relacionamento.
9. Betty Andreasson Luca (1967 em diante, EUA): Uma Saga Familiar de Encontros e Angústia
O caso de Betty Andreasson é um dos mais complexos e extensamente investigados, notadamente por Raymond Fowler. Envolve não apenas Betty, mas múltiplos membros de sua família, ao longo de gerações. O evento principal ocorreu em janeiro de 1967, em South Ashburnham, Massachusetts. Betty e sua família sofreram um “missing time” após luzes estranhas e a entrada de seres pequenos, de cabeça grande e olhos profundos, em sua casa. Betty foi levada a bordo de uma nave, submetida a exames físicos invasivos (incluindo a inserção de uma agulha em seu umbigo). Experiências subsequentes foram relatadas por ela e seus filhos. As sessões de hipnose com o Dr. Fowler trouxeram à tona memórias carregadas de terror e dor emocional. Betty revivia os exames aos quais fora submetida com grande angústia. Ela e seus filhos relatavam pesadelos recorrentes sobre os seres e os procedimentos. Ainda apresentou sintomas que poderiam ser relacionados a alterações cognitivas e de humor, em forma de uma profunda confusão existencial e, até mesmo, religiosa. A dificuldade em integrar essas experiências com suas crenças preexistentes gerou ansiedade crônica. Havia um sentimento de ser “diferente” e isolamento, apesar do apoio de alguns pesquisadores. Um medo constante de novos encontros e uma sensação de estar sendo observada eram persistentes. A natureza familiar do trauma sugere um impacto complexo, com membros da família possivelmente desenvolvendo sintomas de TEPT ou estresse traumático secundário.
10. Linda Napolitano (também conhecida como Linda Cortile) (1989, EUA): A Abdução de Manhattan
Este caso, investigado por Budd Hopkins, ganhou notoriedade pela alegação de que a abdução de Linda de seu apartamento em Manhattan foi testemunhada por múltiplas pessoas, incluindo, supostamente, uma figura de alto escalão da ONU (identificada como Javier Pérez de Cuéllar, embora ele nunca tenha confirmado publicamente).
Linda Cortile afirmou ter sido levitada de sua janela do 12º andar por seres cinzentos (“greys”) e levada para uma nave pairando sobre a cidade. Ela descreveu exames e uma sensação avassaladora de impotência. Os relatos de Linda são permeados por um medo intenso e a sensação de completa violação de sua privacidade e corpo. A experiência de ser observada por outros durante um momento tão vulnerável adicionou uma camada de humilhação e exposição. Ela relatou pesadelos vívidos da abdução e flashbacks intrusivos durante o dia. Desenvolveu ansiedade significativa, especialmente à noite, e medo de estar sozinha. A notoriedade do caso e o escrutínio público, incluindo ceticismo e acusações, provavelmente exacerbaram seu estresse. A natureza da experiência e a dificuldade em ser plenamente acreditada podem ter gerado dificuldades em confiar nos outros e em sua própria percepção da realidade.
11. Pier Fortunato Zanfretta (1978-1980, Itália): Encontros Aterrorizantes com “Dargos” Reptilianos
O caso do guarda noturno italiano Pier Zanfretta é um dos mais dramáticos e bem documentados da Europa, envolvendo múltiplos encontros com seres descritos como reptilianos. Durante suas patrulhas noturnas na região da Ligúria, Zanfretta teve uma série de encontros aterrorizantes. Ele descreveu seres altos (cerca de 3 metros), com pele verde e escamosa, olhos amarelos triangulares e garras. Foi levitado para naves, submetido a exames dolorosos e recebeu mensagens sobre o futuro do planeta. Durante e após os encontros, Zanfretta exibia sinais de pavor extremo: gritos, choro incontrolável, tremores. Em várias ocasiões, foi encontrado em estado de choque, necessitando de atendimento médico. Sua roupa foi encontrada com sinais de calor incomum. Após os primeiros encontros, tornou-se extremamente ansioso e hipervigilante durante seu trabalho, temendo novas aparições. Relatou ter disparado sua arma em pânico. Sob hipnose e em estado consciente, ele revivia os eventos com intensa carga emocional. Sofria de pesadelos aterrorizantes com os “Dargos”. Colegas e familiares notaram mudanças em seu comportamento, tornando-se mais retraído e assustado. Apesar de sua relutância inicial, sentia uma compulsão em relatar o ocorrido, um comportamento comum em vítimas de trauma que buscam validação e compreensão.
12. O Incidente Cash-Landrum (1980, EUA): Trauma por Exposição, Não por Abdução Direta
Embora não seja um caso clássico de “abdução” com seres, o incidente de Betty Cash, Vickie Landrum e o neto de Vickie, Colby Landrum, em Huffman, Texas, é um exemplo poderoso de como um encontro ufológico pode causar trauma severo e sintomas de TEPT devido a danos físicos e ao terror da experiência. As três testemunhas encontraram um grande objeto em forma de diamante pairando sobre a estrada, expelindo chamas e calor intenso. O objeto foi acompanhado por múltiplos helicópteros (posteriormente identificados como CH-47 Chinooks, frequentemente associados a operações militares). Elas não foram levadas a bordo, mas foram expostas a uma aparente radiação ou calor extremo. Todas as três sofreram sintomas imediatos (náusea, vômito, diarreia, queimaduras, fraqueza). Betty Cash, a mais exposta, desenvolveu lesões cutâneas graves, perda de cabelo, e subsequentemente problemas de saúde crônicos, incluindo suspeita de câncer. Vickie e Colby também sofreram problemas de saúde persistentes. A experiência foi descrita como aterrorizante, com as vítimas temendo por suas vidas. Colby Landrum, sendo criança, relatou pesadelos persistentes. Betty e Vickie desenvolveram ansiedade crônica e depressão, agravadas pela falta de reconhecimento oficial do incidente e pela batalha legal por compensação e tratamento médico. Desenvolveram um medo e uma atenção exagerada a aeronaves, luzes no céu ou qualquer coisa que pudesse lembrar o evento. A luta por reconhecimento e a ausência de respostas das autoridades adicionaram uma camada significativa de estresse e trauma secundário, incluindo dificuldades financeiras devido às despesas médicas. A sensação de abandono e descrédito é um fator agravante conhecido no TEPT.
13. Kathie Davis (Nome fictício central no livro “Intruders” de Budd Hopkins, 1987, EUA): O Ciclo de Abduções e Perdas
O caso de “Kathie Davis” e sua família, detalhado por Budd Hopkins, exemplifica a natureza recorrente e, por vezes, intergeracional das abduções, com um foco particular no alegado programa de hibridização alienígena e o trauma associado a gestações interrompidas. Kathie relatou uma vida inteira de experiências de abdução, começando na infância. Essas experiências envolviam exames ginecológicos, coleta de óvulos e gestações que desapareciam misteriosamente (“missing fetuses”). Ela também descreveu encontros com crianças híbridas. A natureza repetidamente invasiva dos exames ginecológicos e a experiência de “perder” gestações são profundamente traumatizantes, evocando sentimentos de violação, luto, impotência e raiva. Sabendo da natureza recorrente dos eventos, Kathie vivia com uma ansiedade antecipatória constante, temendo a próxima abdução. Isso se manifestava em insônia, hipervigilância e medo de ficar sozinha ou do escuro. A luta para entender essas experiências e seu papel nelas gerava confusão sobre sua própria identidade e propósito. A ideia de ter filhos híbridos em algum outro lugar era emocionalmente complexa e perturbadora. Compartilhar tais experiências é extremamente difícil, levando a sentimentos de isolamento. O trauma também pode impactar negativamente relacionamentos íntimos. Hopkins descreveu como Kathie e outras mulheres em situações semelhantes sofriam de pesadelos, flashbacks e, por vezes, sintomas físicos inexplicáveis que poderiam estar ligados ao trauma.
O OLHAR DA CIÊNCIA: QUANDO O TRAUMA É A ÚNICA REALIDADE INCONTESTÁVEL
A fenomenologia das abduções não se restringe a um punhado de casos isolados. Ao redor do globo, e ao longo de décadas, surgem relatos que, apesar de suas particularidades culturais e geográficas, compartilham um núcleo comum de terror, violação e as subsequentes marcas psicológicas. Vamos adentrar outros corredores sombrios da casuística ufológica, onde o fantasma do TEPT se faz dolorosamente presente.
Psiquiatras e psicólogos que investigaram o fenômeno das abduções, como o falecido Dr. John Mack (Harvard) e o Dr. David Jacobs (Temple University), embora com interpretações diferentes sobre a origem dos relatos, frequentemente concordaram em um ponto: os “abduzidos” não são, em sua maioria, indivíduos com psicopatologias pré-existentes que explicariam suas narrativas. Pelo contrário, muitos exibem um quadro sintomático consistente com TEPT.
Para o Dr. Mack, autor de “Abduction: Human Encounters with Aliens”, a realidade do trauma era inegável, independentemente de se acreditar na literalidade dos sequestros. Ele argumentava que essas pessoas estavam genuinamente sofrendo com experiências que percebiam como reais e aterrorizantes.
A própria natureza dos relatos de abdução – perda de controle, imobilização, penetração física ou psíquica, medo da morte, comunicação incompreensível e a sensação de ser um “cobaia” – contém todos os elementos necessários para desencadear uma resposta traumática severa. Some-se a isso o fardo adicional do sigilo, o medo do ridículo e a falta de validação social, que podem exacerbar o isolamento e agravar os sintomas do TEPT.
CONCLUSÃO: AS CICATRIZES INVISÍVEIS DA UFOLOGIA
A investigação ufológica não pode se dar ao luxo de ignorar a dimensão humana e o sofrimento inerente aos relatos de abdução. Enquanto o debate sobre a origem e a natureza dos “visitantes” continua, a realidade do trauma psicológico enfrentado pelos abduzidos é uma constante que clama por reconhecimento e compreensão.
As marcas deixadas por esses encontros vão muito além de possíveis cicatrizes físicas; elas se inscrevem profundamente na psique, moldando vidas, medos e percepções. Reconhecer a presença do Transtorno de Estresse Pós-Traumático nesses casos não é apenas uma questão de diagnóstico clínico, mas um passo fundamental para oferecer empatia, apoio e, talvez, um caminho para a cura para aqueles que carregam o fardo de terem olhado para o abismo do desconhecido e retornado com a alma marcada. A Ufologia precisa, cada vez mais, ouvir não apenas os relatos extraordinários, mas também os gritos silenciosos de suas testemunhas.
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