A Gemini VII, foi lançada em 4 de dezembro de 1965, tendo a bordo os astronautas James Lovell e Frank Borman. Sua missão era estudar efeitos das viagens espaciais de longa duração no corpo humano, aproveitando que este seria o voo mais longo realizado até então, com duração programada para quatorze dias.
Há anos, circula no meio ufológico trechos de supostos diálogos atribuídos a esta missão, referentes a um avistamento ufológico ocorrido no espaço:
Gemini 7: Bogey às 10 horas.
Houston: Aqui, Houston… Fale novamente, Sete.
Gemini 7: Garotos, temos um Bogey na direção 10 horas, mas um pouco mais em cima.
Houston: Pode tratar-se de alguns dos estágios do foguete impulsor Titan-2.
Gemini 7: Esse é um objeto identificado… Não é o foguete impulsor! Sabemos onde está o foguete! Que fazemos?
Analisando as transcrições das comunicações desta missão, contidas nas páginas 33 e 34 do documento Gemini VII Composite Air-to-Ground and Onboard Voice Tape Transcription, Vol. 1 encontramos estes diálogos, embora ligeiramente diferentes e de forma um pouco mais completa.
De acordo com este documento, o avistamento ocorreu 1 hora e 43 minutos após o lançamento, quando a Gemini VII passava sobre o Caribe. O Comandante Walter Schirra entrou em contato com o Centro de Controle relatando o avistamento. A transcrição permite identificar o astronauta envolvido, bem como acrescenta detalhes sobre a aparência e movimentação do objeto.
Walter Schirra: Aqui Gemini VII. Houston, como você nos recebe?
Centro de Controle: Alto e Claro, Sete. Prossiga
Walter Schirra : Eu tenho um Bogey às 10:O0 horas, acima…
Centro de Controle: Aqui é Houston. Fale novamente.
Walter Schirra: Falei que nós temos um Bogey às 10 horas, acima.
Centro de Controle: Entendido.
Centro de Controle: Gemini VII é o booster ou isso é um avistamento atual?
Walter Schirra: [Truncado]
Centro de Controle: Repita, Sete.
Walter Schirra: Falei… Nós temos vários… parecem como… avistamento atual.
Centro de Controle: Você tem alguma informação adicional, estimativa de distância ou tamanho?
Walter Schirra: Nós também vemos o booster.
Centro de Controle: Entendido. Você também tem o booster em vista. Câmbio.
Walter Schirra: Existem vários… Parecem como centenas de pequenas partículas passando à esquerda, há umas 3 ou 4 milhas.
Centro de Controle: Entendi que você tem muitas pequenas partículas indo à esquerda. À que distância?
Walter Schirra: … Parecem como…
Centro de Controle: Entendi. Câmbio. Eles estão a 3 ou 4 milhas de distância?
Walter Schirra: Eles passaram agora. Estão entrando em uma órbita polar.
Centro de Controle: Entendido. Entendi. Eles estão a 3 ou 4 milhas de distância?
Walter Schirra: É o que parece… Ou talvez mais…
Centro de Controle: Entendido.
Centro de Controle: Gemini VII, Houston. Essas partículas estavam juntas do booster e do bogey às 10 horas, acima?
Walter Schirra: [Truncado]
Centro de Controle: Entendido.
Walter Schirra: Houston. Aqui é Sete.
Centro de Controle: Prossiga.
Walter Schirra: Eu tenho o booster ao meu lado e o corpo brilhante do Sol contra o fundo negro, com bilhões de partículas ao redor.
Centro de Controle: Entendido. Qual a direção em relação à você?
Walter Schirra: Está em 2 horas da minha posição.
Centro de Controle: Isso significa que está à sua frente?
Walter Schirra: Ele está à 2 hora de nós e está balançando lentamente.
Centro de Controle: Entendido.
Ao analisar o acervo fotográfico da Gemini VII, composto de 467 fotografias disponíveis no site ToTheMoon, encontramos quatorze imagens onde observam-se objetos luminosos no espaço. Nenhuma destas imagens foi obtida durante o avistamento citado a pouco, portanto referem-se à novos eventos ocorridos durante a missão. Duas delas são particularmente interessantes. A primeira, identificada como S65-63780_G07-H, foi obtida em 12 de dezembro, quando a cápsula estava sobre a região dos Andes Bolivianos. Nela observa-se um objeto, com aspecto claramente sólido e tridimensional, não muito longe do módulo espacial. A segunda fotografia, identificada como S65-65251_G07-H, mostra um objeto voador em forma de disco, de cor branca, próximo à Gemini. Inclusive, pode-se ver alguns detalhes externos neste objeto.
A intensidade de avistamentos e registros ufológicos ocorridos no espaço é muito significativa. Possivelmente, uma missão no espaço oferece à quem dela participa a grande oportunidade de vivenciar o fenômeno ufológico. A nós, meros mortais, essa experiência seria impactante e inesquecível. Para os astronautas essas experiências são igualmente impressionantes, mas devido ao seu treinamento e à natureza de seu trabalho elas não podem se sobrepor às necessidades da missão. Assim, avistamentos ufológicos, por mais significativos que sejam, devem ficar em segundo plano e isso se percebe tanto a partir dos diálogos transcritos como também pela postura dos astronautas quando questionados a respeito.
Referências:
- CAMARGO, Jackson. Entre o Céu a Terra – Uma história de aventura, mistérios e UFOs. Curitiba: Clube de autores, 2018.
- CAMARGO, Jackson. UFOs no Espaço e na Lua. Curitiba: Coleção Biblioteca UFO, 2020.
- CAMARGO, Jackson Luiz. Intrusos na Lua. Revista UFO, Campo Grande, nº 107, p. 21-21, fevereiro 2005.
- Transcrição das comunicações – Jhonson Space Center
- Gemini VII Composite Air-to-Ground and Onboard Voice Tape Transcription, Vol. 1
- Gemini VII Composite Air-to-Ground and Onboard Voice Tape Transcription, Vol. 2
- Gemini VII Composite Air-to-Ground and Onboard Voice Tape Transcription, Vol. 3
Deixe um comentário