
Humanoides em Marsois: o enigma da floresta francesa
Em 1956, na floresta de Marsois (Haute-Marne, França), a Sra. L. encontrou dois humanoides de estatura baixa e trajes incomuns próximos a um dólmen, em um dos casos ufológicos mais intrigantes da região.
Neste artigo:
Introdução
Na manhã clara de um verão de 1956, a Sra. L., moradora de Nogent-en-Bassigny, saiu cedo de casa para mais uma de suas caminhadas habituais pela floresta de Marsois, em Haute-Marne. Aos 52 anos, cultivava a rotina simples de colher cogumelos e capim para alimentar seus coelhos, um hábito que lhe trazia tanto utilidade quanto tranquilidade. Nada, porém, poderia prepará-la para o que testemunharia naquele dia. Por volta das 7h, sob o céu limpo e a temperatura amena, sua vida pacata seria atravessada por um dos encontros mais desconcertantes da ufologia francesa.
À medida que avançava pela trilha, a mulher se aproximou de um ponto conhecido pelos habitantes locais: o antigo dólmen chamado “La Pierre Alot”, um monumento pré-histórico envolto em lendas e histórias misteriosas. Foi então que, ao olhar para além da vegetação, notou algo incomum: duas pequenas figuras caminhando em fila indiana, junto à beira de uma vala.
De início, sua impressão foi a de estar diante de crianças, talvez brincando ou explorando a mata. Mas o detalhe lhe pareceu estranho — que fariam crianças tão cedo, sozinhas, naquela parte da floresta? Conforme reduziu a distância para cerca de 80 ou 100 metros, uma inquietação começou a se formar.

Representação do contato feita em uma fotografia do local.
A aproximação revelou detalhes ainda mais perturbadores. Quando chegou a apenas 10 ou 15 metros, as figuras pararam subitamente, voltaram-se para encará-la e a estranheza tornou-se inegável.
Eram seres de aproximadamente 1,20 m de altura, com corpo robusto e pernas arqueadas. Estavam vestidos com macacões brancos ajustados, sem costuras, fechos ou bolsos aparentes. Luvas e botas pretas completavam o traje, e cada um trazia um cinto escuro na cintura. O que mais chamava a atenção, no entanto, eram os capacetes arredondados de cor preta, com uma espécie de entalhe no topo e viseiras translúcidas que refletiam a luz da manhã, ocultando seus rostos por completo.
Sem sentir uma ameaça direta, mas dominada pela surpresa, a Sra. L. ousou perguntar:
— Quem são vocês?

Representação do contato.
O silêncio foi absoluto. Apenas um leve movimento de cabeça, como se reconhecessem sua presença, marcou a reação dos dois. Em seguida, voltaram-se e desapareceram entre a vegetação, deixando atrás de si apenas o som comum de passos e de galhos sendo afastados.
A testemunha permaneceu atônita, mas manteve a calma. Decidiu prosseguir com sua coleta, convencida de que estava em pleno domínio de suas faculdades. Mais tarde, relataria apenas uma sensação de ansiedade e aceleração do coração, mas sem efeitos físicos duradouros.
O caso logo chamou a atenção de investigadores ligados ao grupo LDLN (Lumières Dans La Nuit): Lionel Danizel, Roger Thomé e Christine Zwygart. A análise de seu relato apontou para uma testemunha confiável, lúcida e equilibrada, sem inclinações para invenções ou fantasias.
As descrições fornecidas pela Sra. L. correspondiam de maneira notável a outros encontros registrados na França nos anos 1950, época marcada por uma onda de observações de humanoides associados a supostos pousos de OVNIs. Os capacetes arredondados e as viseiras lembravam especialmente o caso de Quarouble, em 1954, quando o operário Marius Dewilde relatou seres de traje integral semelhantes.

Os seres eram baixos e usavam um traje inteiriço claro, com botas, cintos, luvas e capacetes na cor escura.
Importante destacar que a Sra. L. descartou a hipótese de serem robôs ou bonecos. Observou que caminhavam normalmente, flexionando joelhos e movendo-se como pessoas comuns, algo que reforçou, no início, a impressão de que fossem crianças. Mas a ausência de reações humanas — nenhum riso, palavra ou gesto espontâneo — anulava tal possibilidade.
Nenhum objeto voador ou veículo foi avistado pela testemunha naquele dia. Entretanto, os investigadores sugeriram que, se houvesse uma nave associada ao encontro, ela poderia estar escondida em uma pedreira a céu aberto situada a cerca de 400 metros dali, único espaço da região capaz de receber um pouso. O denso bosque próximo ao dólmen impossibilitaria qualquer aterrissagem direta.
O dólmen e as linhas telúricas
A coincidência de o encontro ter ocorrido próximo ao monumento megalítico “La Pierre Alot” não passou despercebida. Local erguido há milênios, o dólmen é associado a tradições populares sobre energias incomuns, possivelmente relacionadas às chamadas linhas telúricas. Esse detalhe reforça uma hipótese recorrente em pesquisas ufológicas: a de que fenômenos aéreos não identificados tendem a manifestar-se em lugares de relevância arqueológica ou simbólica.
O episódio de Marsois não foi um caso isolado na Haute-Marne. Em setembro de 1956, poucos meses depois, moradores da região de Chaumont observaram um imenso disco de cor azul-royal, com cúpula e vigias, que irradiava luzes intensas e chegou a causar panes em automóveis. Décadas mais tarde, nos anos 1970, nas proximidades do Lago do Chantecoq, surgiram relatos de humanoides luminosos e de esferas brancas projetando feixes de luz.
Essa recorrência sugere que a região, marcada por densas florestas e por vestígios pré-históricos, pode ser um palco privilegiado para manifestações desse tipo, em diferentes épocas.
Como em tantos casos, investigações posteriores buscaram explicações mais comuns. Uma delas foi a presença de dois irmãos anões que, anos mais tarde, vieram a residir na região. Contudo, essa hipótese foi descartada, pois em 1956 eles ainda viviam em outro departamento.

O dolmen Pierre Alot. O contato ocorreu muito próximo desse monumento pré-histórico.
A possibilidade de crianças em trajes de brincadeira também não se sustenta, dado o horário matinal, a vestimenta incomum e, sobretudo, o comportamento silencioso e solene das figuras.
De acordo com a classificação de J. Allen Hynek, o episódio foi enquadrado como um contato próximo do terceiro tipo — aquele em que há interação direta entre testemunha e entidades de aparência não humana, sem que seja necessário o avistamento de uma nave.
Mais de meio século depois, a história permanece envolta em mistério. Teria a Sra. L. sofrido uma ilusão momentânea? Ou teria se deparado com visitantes de origem desconhecida? A clareza da observação, a proximidade, o equilíbrio da testemunha e a singularidade do contexto tornam difícil qualquer explicação simples.

Foto do local, com os investigadores investigando a área.
No coração da floresta de Marsois, sob a sombra de um dólmen celta erguido há milhares de anos, duas figuras silenciosas cruzaram o caminho de uma mulher comum em uma manhã de verão. Não deixaram palavras, nem rastros, apenas a lembrança persistente de sua presença.
Se eram crianças perdidas, viajantes de outro mundo ou frutos de uma experiência ainda inexplicável, nunca saberemos ao certo. Mas o relato da Sra. L. permanece vivo, ecoando entre a história local, as investigações ufológicas e o imaginário humano — lembrando-nos de que, às vezes, o mistério pode se esconder até mesmo nas manhãs mais tranquilas.
MINOLTA DIGITAL CAMERA
Com informações de:
-
LUMIÈRES DANS LA NUIT. Boletim, n. 205, p. 18-22, maio 1981.