
“Não devemos zombar do assunto”: este engenheiro de Nice estuda e analisa casos de fenômenos aeroespaciais não identificados
A comissão Sigma 2, formada por especialistas de diversas áreas, investiga com rigor científico fenômenos aéreos e aquáticos inexplicados, analisando casos históricos e contemporâneos em parceria com o GEIPAN.
Neste artigo:
Introdução
Fundada em 2008, a comissão Sigma 2 atua longe dos holofotes, mas reúne alguns dos maiores especialistas franceses para investigar fenômenos que desafiam a explicação. Engenheiros da indústria e do setor estatal, experts em defesa aérea, radar e eletromagnetismo, membros da Direção Geral de Armamentos (DGA) e do Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), astronautas, oficiais aposentados, pilotos, analistas, astrofísicos e médicos: todos unidos pelo mesmo objetivo — compreender o que acontece nas fronteiras entre o conhecido e o desconhecido.
Com um trabalho meticuloso, a Sigma 2 volta sua atenção a eventos incomuns, não apenas no céu, mas também em ambientes aquáticos. Grande parte das investigações nasce a partir dos arquivos do GEIPAN, órgão francês dedicado ao estudo dos Fenômenos Aeroespaciais Não Identificados (PAN). Casos com registros de radar, testemunhos múltiplos ou efeitos físicos são analisados em busca de padrões, causas e, quando possível, explicações. “Não se trata de ridicularizar o assunto, mas de tratá-lo com o rigor que ele exige”, defendem seus membros.

Luc Dini, engenheiro de construção aeronáutica de Nice, preside a comissão Sigma 2 da Associação Francesa de Aeronáutica e Astronáutica, em coordenação com o GEIPAN. Esta comissão é responsável pela análise científica e técnica de casos de fenômenos aeroespaciais não identificados.
Entre os episódios que permanecem na memória, um vem do longínquo agosto de 1608, na cidade de Nice. Por horas, três estranhos objetos luminosos pairaram sobre o local, enquanto a água próxima borbulhava e liberava um vapor avermelhado. Duas figuras misteriosas foram vistas, levando a população — convencida de que se tratava de um sinal divino — a organizar longas procissões religiosas. Séculos depois, detalhes como a água fervente ainda intrigam especialistas.
O departamento de Var, no sul da França, também é terreno fértil para relatos. Em Trans-en-Provence, um caso célebre deixou marcas na vegetação, estudadas minuciosamente por cientistas. Mais recentemente, em 28 de fevereiro de 2020, Saint-Mandrier foi palco de um novo avistamento: um objeto circular ou esférico, alaranjado e com quatro luzes formando um quadrado, cruzou o céu durante três minutos antes de desaparecer lentamente. A investigação apontou para uma provável confusão com lanternas tailandesas, mas o mistério, como sempre, ficou no ar.
O GEIPAN, parceiro nas análises, mantém um sistema de classificação para os casos: A para fenômeno perfeitamente identificado; B para provavelmente identificado; C para não identificado por falta de dados; e D para não identificado mesmo após investigação. Alguns registros chegam a ser analisados décadas depois. Foi o caso de um episódio em setembro de 1967, em Seillons-Source-d’Argens, quando um ponto luminoso amarelo-alaranjado moveu-se em zigue-zague sobre as árvores, parando brevemente antes de cada mudança de direção. O objeto desapareceu em menos de 30 segundos. O caso foi comparado a relatos de raios globulares, mas acabou classificado como categoria C pela falta de informações conclusivas.
No cenário global, o estudo dos PAN avança. NASA e Pentágono já se dedicam ao tema, publicando relatórios e liberando documentos antes ultrassecretos. Entre céticos e entusiastas, um consenso parece se formar: algo está acontecendo — e merece ser estudado com seriedade. A Sigma 2, com sua equipe de especialistas, permanece na linha de frente dessa investigação, rastreando pistas que cruzam séculos de história e ainda desafiam nossa compreensão.
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