O misterioso fenômeno de Ronchin

O misterioso fenômeno de Ronchin

Em 19 de setembro de 1971, a cidade francesa de Ronchin testemunhou a aparição de misteriosas luzes vermelhas e roxas que desceram do céu, deixando um rastro queimado em um campo e provocando sintomas físicos em algumas pessoas, num fenômeno jamais explicado pela ciência ou pelas autoridades.


Neste artigo:


Introdução

Na noite de 19 de setembro de 1971, a pequena cidade de Ronchin, situada a poucos quilômetros de Lille, no norte da França, foi palco de um dos mais intrigantes episódios ufológicos já registrados na região. O caso começou de maneira quase banal, com uma nota irônica publicada no jornal La Dernière Heure em 22 de setembro, que relatava com desdém uma suposta busca policial por um “disco voador” que teria pousado em Faches-Thumesnil e causado um incêndio. O tom jocoso da matéria, no entanto, contrastava fortemente com a quantidade de testemunhos coletados posteriormente por investigadores e autoridades, que descreveram um fenômeno luminoso incomum e deixaram rastros físicos inexplicáveis em um campo de centeio.

Tudo começou por volta das 20h15, quando diversas pessoas em diferentes localidades próximas — Ronchin, Faches-Thumesnil e Lille — observaram duas esferas brilhantes, de coloração entre o roxo e o vermelho, descendo lentamente do céu. O senhor P. Roucou, na ponte “Geslot”, viu as luzes descerem verticalmente até desaparecerem atrás das casas. Em Lille, Mlle. Despinoy relatou o mesmo fenômeno, descrevendo as cores como vermelho-púrpura e indicando a direção leste-sul. Testemunhas adicionais, como o senhor P. Cretenier e Mlle. Saint-Léger, confirmaram a visão das “bolas de fogo”, que lembravam fogos de artifício, mas se comportavam de modo diferente, descendo em linha quase perfeita e mantendo um brilho constante.

Em Ronchin, o senhor A. Vandenende, que brincava com seu cachorro no jardim, ouviu um assobio estranho, nem agudo nem grave, e ao olhar para o céu, observou uma massa avermelhada e informe cruzando silenciosamente o firmamento. Subitamente, o som cessou e uma explosão luminosa iluminou toda a paisagem em tons de vermelho. A testemunha relatou ainda ter visto partículas amareladas caindo sobre o campo que, mais tarde, apresentaria sinais de queima.

Outros moradores, entre eles a senhora Houssais, sua vizinha Bailly e a filha desta, Sonia, observaram dois “fusos luminosos” rosados cruzando o céu, descrevendo-os como “visões magníficas, como se o céu estivesse em chamas”. Pouco depois, a casa da senhora Blanchot, situada do outro lado do campo, foi banhada por uma luz roxa intensa, e seu filho, ao subir no telhado, viu chamas de cerca de um metro de altura surgirem e se moverem como se “saltassem” pelo terreno antes de ficarem alaranjadas.

À medida que a estranha luz se espalhava, mais testemunhas relataram ter visto duas grandes bolas vermelhas ascendendo verticalmente sobre o campo, com brilho comparável ao da lua cheia. Alguns minutos depois, um incêndio foi percebido pelos moradores, levando a senhora Houssais a correr até o café “Le Tourlourou”, acreditando que dois aviões haviam colidido. O proprietário, senhor Hugeux, contatou a delegacia de Faches-Thumesnil, e logo bombeiros, policiais e gendarmes foram mobilizados para o local.

Os bombeiros chegaram por volta das 20h40 e, em poucos minutos, extinguiram o fogo — descrito como “incomum”, com chamas de coloração estranha e ausência total de cheiro de queimado. O campo apresentava uma área queimada de 20 metros por 20, com o centeio apenas ressecado e algumas faixas paralelas de vegetação intacta. O solo, ainda úmido pela chuva, mostrava fragmentos metálicos derretidos, identificados como alumínio com traços de ferro, material que parecia ter se fundido diretamente sobre o solo endurecido.

A vegetação afetada pelo fenômeno luminoso na região de Rochin.

Apesar das investigações detalhadas, nenhum vestígio de impacto foi encontrado. O radar do Aeroporto de Lille-Lesquin não registrou qualquer objeto aéreo, e nenhum voo estava autorizado na área naquele horário. A hipótese de fogos de artifício foi rapidamente descartada, assim como a possibilidade de interferência nas linhas de alta tensão próximas, que não apresentaram qualquer anomalia.

Nos dias seguintes, algumas testemunhas — entre elas a senhora Houssais, seu marido e um vizinho — relataram sintomas físicos estranhos, como dores de cabeça, formigamentos, fadiga e distúrbios do sono. Esses efeitos fisiológicos, somados à natureza incomum das luzes e à ausência de explicação técnica, contribuíram para aumentar o mistério.

As investigações conduzidas pelo CFRU (Círculo Francês de Pesquisa Ufológica), pela LDLN (Luzes da Noite), pelo CEPS (Círculo para o Estudo dos Fenômenos Espaciais) e pela SOBEPS (Sociedade Belga de Estudos dos Fenômenos Espaciais) não chegaram a uma conclusão definitiva. Não havia provas concretas de que um “disco voador” tivesse pousado em Ronchin, tampouco sinais de meteorito ou fraude. A hipótese de um raio globular — fenômeno raro e pouco compreendido — foi considerada, mas também sem comprovação.

O chamado “fenômeno de Ronchin” permanece, até hoje, sem explicação satisfatória. Entre a ironia inicial da imprensa e a seriedade dos investigadores, o episódio deixou um rastro real no solo e na memória dos que o presenciaram. Talvez nunca se saiba o que realmente desceu dos céus naquela noite de setembro de 1971 — mas é certo que, por algumas horas, o céu do norte da França ardeu em mistério.

 

 

Com informações de:


  • INFOESPACE. O misterioso fenômeno de Ronchin. Bruxelas: SOBEPS, n. 2, p. 12–14, 1972.

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