O Polêmico Caso Paciência

Por: Fenomenum Comentários: 0

Caso com diversos efeitos fisiológicos na testemunha, envolvendo criaturas de aspecto bizarro, ocorrido em Paciência, Rio de Janeiro.

Na madrugada de 19 de setembro de 1977, ocorreu um impressionante caso ufológico, na região de Paciência, Rio de Janeiro. Nesta ocasião, o motorista Antônio Bogado La Rubia é sequestrado e levado a bordo de um disco voador. O interessante neste caso é a característica dos tripulantes do aparelho, possivelmente robôs autônomos, unipedais (entidades que se apóiam em uma única perna ou estrutura). Além deste detalhe bizarro, envolvendo os tripulantes, os fatos decorridos durante a abdução não se enquadram com a grande maioria dos casos documentados pela Ufologia Brasileira e Mundial.

Fato igualmente estranho é uma sequencia de 14 projeções de imagens, sem aparente significado para o protagonista. Toda a experiência é insolitamente mergulhada no mais complexo silêncio. Curiosamente na única ocasião em que conseguiu gritar, seus abdutores sofreram algo como uma onda de choque que os jogou ao chão. Após ser libertado, Antônio tentou prosseguir com seus afazeres profissionais, mas viu-se afligido por intensos efeitos fisiológicos decorrentes do contato.

 

O Caso de Paciência

Texto Original da SBEDV

Testemunha: Antônio Bogado La Rúbia, de 33 anos de idade, casado, e há 3 anos motorista de ônibus, tendo instrução primária. [Dados da época da pesquisa do caso].

Antônio Bogado La Rubia, sua esposa e seu filho. Créditos SBEDV.

 

Residência da Testemunha [à época do caso]: Rua Caraguatatuba, Quadra 64, Lote 4, Bairro 7 de abril, Paciência, Distrito de Campo Grande, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Local de Trabalho da Testemunha: Empresa de Ônibus “Transporte Oriental”, na Avenida Santa Cruz, nº 1220, em Santíssimo, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Local do sequestro e da libertação: A testemunha foi sequestrada a aproximadamente 500 metros de sua residência e libertada a cerca de 3 mil metros adiante, na estrada.

Mapa do local onde o caso ocorreu.

 

 

Notícia publicada: Jornal “O Dia”, do Rio de Janeiro, de 4/10/1977, com o título: “Uma hora preso no disco voador, saiu com febre de 42 graus.

Datas da pesquisa [da SBEDV]: Em 1977, nos dias 15, 18, 19, 20, 23, 24, e 31 de outubro, 2 e 16 de novembro e 18 de dezembro. Em 1978, no dia 6 de abril.

No dia 19 de setembro de 1977, Antônio (daqui em diante, vamos apresentar a testemunha sob este nome aos nosso leitores) levantou-se às 2hs da manhã, sem precisar de despertador. Este era um hábito diário seu, uma vez que iniciava às 3 hs da manhã o seu trabalho de motorista de ônibus, na Viação Oriental, em Santíssimo, distante 15 a 20 km de sua residência.

Para conforto e segurança dos empregados dessa empresa, que moram em lugares ermos e distantes, estes são recolhidos um a um, por ônibus, perto de suas casas. Este é o caso de Antônio, pois gasta-se aproximadamente meia hora, de automóvel, da sua casa, em Paciência, até a Viação Oriental. Antônio costumava esperar essa condução a uns 350 m de sua residência, em torno de 2:15 hs. Ele aguardava o ônibus em uma praça, porque no local de sua casa é de rua de terra e não permite o trânsito de veículos grandes. Essa rua é atravessada por valetas resultantes da erosão provocada pelas chuvas, pois não possui proteção de pedra ou asfalto; além disso, ela apresenta uma subida de uns 15 a 20 metros e sofre a ação das águas que descem do Morro de Santa Eugênia, com 277 metros de altitude.

Este é uma pequena serra, de direção leste-oeste, assim como outras nas vizinhanças de Santa Cruz e Campo Grande; são os contrafortes da Serra do Mar, que se estende ao longo dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.

No dia em apreço, Antônio havia tomado café, da garrafa térmica, preparado na véspera. Vestiu-se e, antes de sair de casa, aproximadamente às 2:10 hs, apanhou uma sacola de papel, onde levava sua gravata, guarda-pó e toalha. Desceu a rua, em direção à praça, caminhando os primeiros 50 metros em direção ao norte e, uns 300 metros, em direção a sudoeste. De longe, Antônio avistou na praça avistou um vulto escuro que interpretou ser o ônibus à sua espera.

Chegando mais perto, Antônio viu que o vulto não podia ser confundido com o ônibus; primeiro, por estar esse vulto parado além do meio-fio e portanto dentro do gramado de um campo de futebol (em razão da baixa densidade populacional daquele bairro, essa praça vê-se transformada, por enquanto, em um campo de futebol); além disso, Antônio verificou espantado, mais de perto, que as dimensões do vulto eram muito maiores do que as que havia estimado à distância. De fato, o vulto ocupava toda a área entre as duas balizas do campo, distantes cerca de 60 a 70 metros entre si. A figura tinha formato discóide e arredondado, com um diâmetro de aproximadamente 50 a 60 metros, e parecia assentada no solo. ( Obs.: A praça toda mede cerca de 80×80 a 90×90). No centro, o objeto era coroado por uma cúpula de aproximadamente 7 metros de altura; parecia assim ter uma altura total de uns 10 metros, pois sua parte inferior, larga e convexa, apresentava uns 3 metros de altura; na superfície, tinha um aspecto metálico, de tonalidade chumbo, sem brilho; não havia janelas, nem portas).

Representação do momento em que Antônio é abduzido. Créditos: SBEDV.

 

Antônio julga que tenha se ocupado cerca de 3 a 5 minutos com suas observações, facilitadas pela iluminação pública de lâmpadas de mercúrio. Entretanto, viu-se repentinamente envolvido por um jato de luz azul cuja procedência ignorava. Antônio verificou que tudo ao seu redor estava banhado por um esplendor azulado, como, por exemplo, os postos de iluminação pública; essa luminosidade parecia lhe causar um tremor ao longo da espinha. Tudo isto já lhe causava enorme espanto, quando surgiram, em fração de segundo, outros aspectos do fenômeno, assustando-o ao extremo e fazendo com que ele iniciasse a fuga imediatamente.

Fazemos aqui breve parênteses para explicar em detalhes aquilo que para Antônio durou apenas alguns poucos segundos. Foi-nos difícil a reconstituição desse quadro, através de revisão daqueles momentos, na mente de Antônio. Isto, porque, aparentemente, ele ficava possuído pelo terror que lhe infundia a mera lembrança dos instantes que compreendia apenas parcialmente. Cada vez que os relatava, percebemos que a voz de Antônio se alterava em intensidade (começava a falar muito alto) e em sequencia (falava em “staccato”, fazendo pausas abruptas entre as palavras). Ele fixava os olhos em algum ponto do espaço, gesticulando as mãos e os braços como se estivesse revivendo o passado. Denotava ainda frustração e impaciência para com o interlocutor quando este o interpelava sobre certo detalhe, explicação ou ângulo novo a esclarecer.

Representação dos momentos iniciais do contato de Antônio La Rubia. Arte de Bruce Oliver.

 

OBS.: Assim, procuraremos aqui reconstituir para o leitor, da melhor maneira possível, esse rápido episódio. Ele foi o primeiro de uma série de outros fenômenos de ordem fisiológica os quais tiveram seu aparecimento no corpo de Antônio, e que estão relatados na seção Efeitos Fisiológicos Posteriores ao Contato.

Na noite tão iluminada, o que primeiro chamou a atenção de Antônio foram uns pontos luminosos e brilhante, à sua frente, que pareciam refletir a luminosidade do facho azul. Havia três grupos desses pontos luminosos. Cada grupo de reflexos concentrava-se numa figura de formato aproximadamente helipsoidal, semelhante a uma cabeça, pois se assentava sobre um tronco o qual ainda apresentava dois prolongamentos laterais, como braços flexíveis. Havia portanto três daquelas figuras, apresentando cada uma delas, na cabeça, uma série de reflexos, ordenados em direção horizontal.

A Captura de Antônio

O disco estava a uns 20 metros de distância de Antônio (que se encontrava ainda postado no meio da rua). Entretanto, se acercaram rapidamente dele os três vultos que ele avistara no momento em que a luz surgiu.

Aquele que se encontrava mais longe de Antônio estava a uns 10 metros de distância, à sua frente, portanto, além do meio-fio, embora na parte externa do campo de futebol. Os outros dois estavam a uns 2 ou 3 metros de Antônio, um, mais à esquerda e, outro, mais à direita.

Representação dos momentos iniciais da abdução de Antônio La Rubia. Arte de Bruce Oliver.

 

A parte “elipsoidal”, que aparentemente representava a cabeça das figuras, chegava até a altura do ombro de Antônio. Entretanto, o tronco dessas figuras descansava em um pé único. Esse pé era cilíndrico e de aspecto artificial como se fosse torneado. Mesmo assim, os três seres locomoviam-se com toda a facilidade e rapidez, vencendo inclusive o meio-fio, embora Antônio não soubesse como conseguiram.

Desenho, feito por Antônio La Rubia, representando a forma geral dos tripulantes, tendo à esquerda, o estranho desenho feito pelos tripulantes, na parede do objeto, e à esquerda, um dos instrumentos observados dentro do disco voador. Créditos SBEDV.

 

A criatura mais distante movimentou-se rapidamente na direção de Antônio, descendo para a rua e colocando-se à sua direita. A que havia estado na sua frente e à direita postara-se atrás de Antônio; este voltou-se para seguir-lhe os movimentos; na ponta de um de seus braços flexíveis, aquela criatura segurava algo parecido com um instrumento (OBS.: Semelhante a uma seringa, como se verificaria mais tarde).

Aspecto geral dos tripulantes do aparelho. Créditos SBEDV.

 

A Personagem que se achava à esquerda e à frente de Antônio colocara-se ao seu lado e fazia-lhe um sinal com os braços flexíveis, na direção do disco. O gesto parecia o de um guarda de trânsito que, ao abrir uma via permitindo o avanço dos veículos, movimenta caracteristicamente seus braços.

Embora Antônio tivesse tentado a fuga desde os primeiros momentos, só agora a descrevemos, porque achamos de importância maior a narração de outros lances. Mesmo porque Antônio não conseguiu encetar a fuga pretendida; a uma distância de 1 a 0,5m, seu corpo batia em paredes invisíveis, com os pés, braços e mãos, mas nenhum som era ouvido. E ainda, com maior susto e apreensão, percebeu que ele mesmo havia começado a se movimentar em direção ao disco, apesar de contra a sua vontade. Antônio não acreditava que tinha sido empurrado pelas paredes invisíveis que o contiveram e nem que seus pés tenham sido arrastados. Não sabe explicar também de que modo venceu o meio-fio da rua para subir até à grama do campo. Lembre-se de que, ao chegar até aproximadamente a 1m do disco, passou para dentro deste, mas, não sabe explicar como isso aconteceu.

No Interior do Disco

Antônio narrou que, dentro do disco voador, viu-se inicialmente no meio de um corredor de aproximadamente 2 metros de largura e que era “recurvado para dois lados”. (OBS. da SBEDV: Circular, acompanhando o contorno do disco?) A sua esquerda, viu os dois seres que supostamente o haviam raptado e, à sua direita, ao longo do corredor, afastava-se uma terceira personagem. Olhando para trás, Antônio observou que as paredes do corredor estavam transparentes, pois, para baixo, enxergava os postes de iluminação e a praça onde havia estado ainda poucos instantes. Entretanto, agora ele via a praça de cima e ela estava se afastando. Surgiram também por baixo uma palmeira e a paisagem situada a oeste daquela praça, o que indicava estarem Antônio e o disco viajando nesse instante, naquela direção.

Ainda ocupado com o pensamento nisso, Antônio viu surgir novamente a estonteante luz e o formigamento ao longo da espinha. Outra vez houve uma metamorfose do ambiente, pois no instante seguinte a testemunha achou-se bem no centro de um salão. Este salão apresentavam um diâmetro de 10 a 12 metros e a 4 metros de chão, aproximadamente, o teto plano, de onde provinha fortíssima luminosidade.

Em cada lado de Antônio, à esquerda e à direita, havia um grupo de seres conforme os já descritos aqui. Cada grupo contava aproximadamente uma dúzia ou mais. Para a testemunha, sobressaía nesses seres a movimentação constante de seus braços flexíveis, mais parecidos com trombas de elefante. Eles ostentavam nas cabeças uma espécie de antena, que Antônio não havia observado observado nos três primeiros que vira na praça (OBS. da SBEDV: devido à escuridão).

As rápidas sequencias vividas pela testemunha, embora só passivamente, não haviam lhe retirado ainda a idéia de fugir. Pelo menos, Antônio fazia tentativas para isso, pois constantemente procurava deixar o cubículo de paredes invisíveis que o prendia, batendo incessantemente com seus membros de encontro à elas. Diante dessa prisão e da impotência para se defender, tendo ainda pela frente duas dúzias de seres iguais ao seus captores, o pânico de Antônio alcançou grande intensidade de desespero. Por isso, hoje a mente de Antônio se ressente disso, apesar de vários meses decorridos.

Paradoxal efeito de um som

O ambiente no interior do aparelho era muito quente e, a Antônio o ar parecia rarefeito. Ele tinha dificuldade em respirar e estava arquejante.

Nenhum som chegava aos ouvidos da testemunha, nem tampouco o barulho de suas batidas. Assim, quase fora de seu juízo normal, por tolerar acordado esse pesadelo constituído, Antônio fez um superesforço para gritar ou então pelo menos, ouvir seus próprios gritos. Para sua surpresa, subitamente foi-lhe dado ouvir pela primeira vez um ruído: seus próprios gritos, a plenos pulmões: “Quem são vocês? Que querem de mim?

O efeito físico daquele grito de Antônio, nesse ambiente de silêncio, foi algo de espantoso. Com esse barulho, todos aqueles seres, reunidos em dois grupos, caíram para trás, de costas, como que nivelados por um furacão. Como o motivo dessa queda tivesse se originado em Antônio, as criaturas extraterrestres ficaram derrubadas ao solo com suas cabeças na direção oposta à da testemunha do episódio.

Na queda, cada um dos seres procurava, com a extremidade de suas duas trombas, segurar ou proteger uma espécie de hélice, com cerca de 2,5cm de diâmetro, semelhante a uma pequena colher, fixa no topo de uma haste-antena presa na parte superior do “elipsóide” – se assim quisermos denominar aquilo que corresponderia, pela posição, à cabeça humana terrestre; essa haste-antena possuía um comprimento de aproximadamente uns 20 cm.

Passados alguns momentos, os extraterrestres estenderam para a frente os seus braços-trombas; em seguida, sem curvarem seus corpos para a frente (como seria o normal para um ser humano que quisesse levantar-se), todos eles passaram gradativamente para a posição vertical (conforme estavam desde o início).

Pelo ritmo que a partir daí tomaram os acontecimentos, cada um deles quase era superposto ao anterior, antes que a cabeça de Antônio pudesse achar uma explicação ou adaptar-se pelo menos a cada situação. Porém, essa louca sequencia continuava a desenvolver-se daqui em diante, embora Antônio não fosse mais o pivô do espetáculo, mas apenas expectador. Mesmo assim, nos 30 minutos aproximados que passou nesse salão do disco voador, a mente de Antônio foi extremamente solicitada pelo que presenciou. Por isso entendemos poder transmitir ao leitor apenas uma fração do episódio; nunca seríamos capazes de reproduzir nestas palavras o impacto sofrido por Antônio, em tudo aquilo.

Os detalhes observados nos Ufonautas e no interior da nave

Daquele momento em diante, Antônio não conseguiu repetir a proeza de seu grito, com o estonteante efeito. O resto do episódio desenvolveu-se em completo silêncio. Houve apenas projeções de imagens quadradas, com aproximadamente 2×2, na parede oposta à posição de Antônio.

Essas projeções eram aliás sempre acompanhadas por um movimento de luzes no teto, que surgiam com grande intensidade. Tais luzes alternavam-se na cor: às vezes eram brancas e, outras, azuis. Esse jogo de luzes fora também visto por Antônio durante a queda dos ufonautas, já descrita. Ainda com relação ao movimento das luzes, é interessante notar que elas surgiam no teto para depois se desfazerem gradualmente, como se fossem uma nevoazinha baixando ao longo das paredes. Quando a luz intensa desaparecia, via-se que as paredes e o teto eram da tonalidade do alumínio fosco, enquanto que o chão tinha a cor de chumbo.

Representação do momento em que Antônio assistia projeções de imagens na parede. Créditos SBEDV.

 

A técnica das projeções mencionadas estava ligada a uma certa mesinha diante de Antônio; essa ligação fazia-se por uma série de apetrechos e espécies de seringas que os ufonautas atarraxavam à mesinha. Toda essas seringas tinham aproximadamente 20 cm de comprimento; grande número delas estava afixado na parte inferior do tronco de cada ufonauta, como que formando uma cartucheira larga. Os extraterrestres adiantavam-se, alternadamente, um de cada grupo. Cada um passava por Antônio e seu cativeiro invisível, para depositar uma das suas “seringas” numa parte da mesinha, oposta a Antônio, atrás de um anteparo e assim inacessível à vista da testemunha. As seringas escolhidas pelos ufonautas eram geralmente mais estreitas, com cerca de um dedo de grossura; isso embora houvesse, na “cartucheira”, “seringas” mais largas com três a quatro dedos de grossura.

Cada seringa era retirada pelo ufonauta através de seu “braço-tromba”, que possuía cerca de um dedo de espessura na extremidade; esse braço tromba enrolava-se em torno da seringa para transportá-la.

Geralmente esses braços-trombas estavam em movimento; por exemplo, um passando por cima do outro, enquanto o outro passava pelas costas. Esses membros começavam junto aos ombros, com uns 20 cm de diâmetro, e eram cobertos de escamas finas, de cor escura e fosca (Letrafilm 280 M).

Os ombros apresentavam cerca de 55 a 65 cm de largura. As trombas eram relativamente longas, com cerca de 100 a 120 cm de comprimento; sua extremidade ficava a um palmo do chão, quando estendidas, o que raramente aconteceu (isso foi observado em um dos ufonautas durante o ato de captura de Antônio e em um outro que acabava de depositar a seringa na mesinha da testemunha).

O elipóide alongado (sem boca, orelhas ou cabelo), que poderia presumidamente corresponder à cabeça humana terrestre, media aproximadamente 30 cm no diâmetro maior e vertical. Essa cabeça assentava-se diretamente na parte superior do tronco, sem o intermédio de um pescoço. Era lisa e tinha a mesma tonalidade cinza do resto do corpo do ufonauta, como tromba, tronco e pé. O diâmetro menor e horizontal desse elipsóide media uns 14 a 16 cm ao redor da circunferência correspondente a esse menor. Estavam implantados, com intervalos regulares, uma espécie de espelhozinhos côncavos com aproximadamente 2 a 3 cm de largura cada um. Pela frente, sempre se viam 5 ou 6 desses pequenos espelhos. Do centro deles, irradiava-se uma luz branca (SBEDV: ou luz incolor?) e, da sua periferia, uma luz azul. Essas luzinhas oscilavam simultaneamente na sua intensidade, aproximadamente de meio em meio segundo, a ponto de atrair a atenção da testemunha e transmitir-lhe ainda uma espécie de torpor hipnótico (de acordo com a expressão de Antônio).

A colher ou hélice, já mencionada anteriormente, na extremidade da “antena”, mostrava constante movimentação; ora rodava lentamente ou inclinava para um ou para outro lado, ora parava e invertia o sentido de sua rotação.

Finalmente, descrevendo o pé, Antônio disse que era representado por um cilindro de aproximadamente 50 cm de comprimento e 10 a 12 cm de diâmetro. Na sua extremidade inferior, esse pé alargava-se para uns 20 cm, em forma de prato. Esse prato era côncavo e o cilindro-perna, era oco. Antônio pôde perceber isso quando os ufonautas caíram ao chão, depois de seus gritos.

Segundo as declarações de Antônio, o tronco dos ufonautas tinha uma altura de uns 50 a 60 cm. Esse tronco afinava-se na sua extremidade inferior, de modo a parecer assentado sobre o pé, como se “estivesse o tronco sentado em um tamborete”. (OBS.: O nosso desenhista procurou dar realce nisso, da melhor maneira possível, no retrato falado que fez, dos ufonautas, a partir da descrição dada por Antônio).

A cabeça dos ufonautas chegava a alcançar o ombro de Antônio, mas, a antena projetava-se além, cerca de uns 20 cm (OBS.: Antônio possui 1,68m de altura).

Descreveremos ainda a mesinha que estava na frente de Antônio, a uns 2 metros de distância. Esse móvel apresentava uns 50 cm de comprimento por 20 cm de largura e 5 cm de espessura. Na parte voltada para Antônio, havia um teclado com teclas de aproximadamente 8 cm de largura. Tal mesinha era apoiada por dois pés delgados, fixos a dois lados opostos e no alinhamento central, em relação aos outros dois lados, conforme indicado no desenho correspondente, neste Boletim.

Estes pés mediam cerca de 1,20 a 1,30 metros de altura, 1 cm de largura e 1 a 2 metros de espessura. Na mesinha, em sua parte mais afastada de Antônio, havia ainda um anteparo com cerca de 10 cm de altura; junto a este anteparo, em cada lado da mesa, havia um par de hastes estendidas para cima, com aproximadamente 20 cm de altura cada uma. Tanto a mesinha como os pés e hastes possuíam a cor de alumínio (Letrafilm 172/173 M).

Assistência obrigatória a 14 estranhas projeções

Como já mencionamos anteriormente, as projeções eram iniciadas por um ufonauta que, alternadamente, adiantava-se ora de um ora do outro grupo enfileirado a cada lado de Antônio.

Ainda falando sobre a “seringa” que os extraterrestres colocavam na mesinha, acrescentaremos aqui outros pormenores. Em sua extremidade inferior, esta seringa possuía uma espécie de bico e, na parte superior, dois ganchos cuja função mais adiante explicaremos.

Cada ufonauta colocava a “seringa” e, antes de voltar ao grupo ao qual pertencia, apertava uma das teclas da mesinha. (OBS.: Talvez o lugar onde a “seringa” fosse atarraxada ou colocada tivesse uma conexão com a tecla).

Assim que a tecla era tocada, imediatamente iniciava-se uma projeção na parede. Essa projeção variava de duração: às vezes permanecia somente alguns poucos segundos, para logo dar a vez à projeção seguinte.

Quando voltava ao seu grupo, havendo iniciado uma projeção, cada ufonauta sempre dava um giro de 180º em seu corpo; iso, embora não pudesse distinguir de antemão qual a sua frente ou as suas costas, pois ambas eram iguais.

Naqueles momentos, quando o ufonauta estivesse perto, Antônio podia receber nele um vagaroso movimento de enchimento e esvaziamento do tronco; esse movimento era semelhante ao nosso ato respiratório, embora alternando-se apenas de 4 em 4 segundos. (OBS.: o nosso movimento respiratório se repete aproximadamente a intervalos de 2 segundos).

Antônio percebeu também, por ocasião de uma das projeções que a “tromba” do ufonauta estava perfurada na extremidade. Talvez, isso pudesse também servir para a aspiração de gases da atmosfera extraterrestre, caso os ufonautas disso tivessem necessidade para sua sobrevivência fisiológica (se eram pessoas) ou seu funcionamento mecânico (se eram robôs). A movimentação constante dos “braços-trombas” bem poderia estar ligada também a esse detalhe do corpo dos ufonautas, embora pudesse estar ainda ligada à preservação do equilíbrio ou movimento dos extraterrestres.

O Desembarque de Antônio

No momento seguinte à décima quarta projeção que assistira ainda no interior do disco voador, Antônio viu-se repentinamente outra vez pisando chão de terra firme, à noite. Achava-se de novo de posse de sua bolsa de papel, o que lhe pareceu bastante estranho pois, dentro do disco voador, ela não se encontrava em seu poder.

Se não fosse a presença de um ufonauta ao seu lado, à distância aproximada de 1,5m, Antônio poderia pensar que todo o episódio tivesse se passado na sua imaginação, ou então, que fosse um pesadelo seu. Contudo, ele não avistava o disco voador, por perto; então levantou a vista, à procura da nave. Foi quando viu, por baixo, o aparelho voador, com um enorme bojo cinzento, à altura dos postes de iluminação. Porém, o disco voador estava naquele momento subindo tão velozmente, que era difícil acompanhá-lo com a vista. Quando o aparelho desapareceu, Antônio olhou de novo ao seu redor, à procura do ufonauta. Entretanto, o extraterrestre havia desaparecido também.

Observando em volta, Antônio avistou umas estacas feitas de trilhos, na beira da estrada Rua Rosal; à sua frente, ele viu a casa de alguns parentes seus, na estrada Santa Eugênia.

Assim, ele soube que estava bem perto (cerca de 50 metros) da estação da estrada de ferro de Paciência, no cruzamento com a estrada que liga Campo Grande à Santa Cruz. Antônio olhou seu relógio, que estava parado em 2:20 hs min. Sentiu-se fresco, tonto, cansado e suado, após ter passado por extrema tensão nervosa (dentro do disco, havia também experimentado uma dificuldade de respirar, pois estava num ambiente quente).

Antônio dirigiu-se para a esquina do cruzamento das estradas. Àquela hora, o lugar estava ermo e com pouco tráfego. Na escuridão, o motorista viu um outro rapaz perto de um bar, ainda fechado, à esquerda. Antônio encaminhou-se para o estranho e perguntou-lhe as horas. “São 2:50 hs”, foi a resposta.

Assim, Antônio havia estado presumidamente uns trinta minutos no interior do disco voador, embora lhe parecesse ter ficado mais tempo…

Se tivesse de andar a pé de sua casa até aquele cruzamento, onde se achava no momento, para apanhar um ônibus qualquer, Antônio teria gasto cerca de meia hora também, para os 2 a 3 km de percurso.

Antônio resolveu silenciar sobre o episódio estranho que acabara de viver. Isto porque se dizia que tais fatos não aconteciam e que somente pessoas malucas relatavam experiências como aquelas. Então, embora sentindo-se mal, Antônio achou que não havia razão para voltar para casa ou faltar ao emprego; seguiu logo para a empresa onde trabalhava.

O motorista não tencionava falar sobre o assunto, em casa, com a esposa, e muito menos no local de trabalho. E Antônio conseguiu guardar segredo de tudo, até dias após o episódio, quando começou a se sentir muito mal.

Representação do momento em que Antônio La Rubia assistia as projeções. Arte de Bruce Oliver.

 

 

As 14 Projeções

A 1ª Projeção

Na tela da parede, Antônio viu-se inteiramente nu. Estava deitado, embora não enxergasse nenhum suporte para seu corpo, que parecia suspenso no ar. Havia na tela três ufonautas do mesmo tipo dos que capturam Antônio. Dois deles estavam perto dos pés da testemunha e, um, à cabeceira. Na extremidade de suas “Trombas-Braços”, os três extraterrestres seguravam uma espécie de seringa, idêntica às que Antônio chegara a conhecer anteriormente. De cada uma destas seringas, saía um feixe de luz azul com o qual os seres iluminavam (examinavam?), na tela, o corpo da testemunha. Assim, Antônio viu, nitidamente, seu rosto e seu cabelo tomarem uma coloração azulada, na tela, quando enfocados respectivamente pelos feixes de luz azul.

2ª Projeção

Esta segunda projeção foi de curta duração, talvez de alguns segundos. Antônio viu-se na tela outra vez todo nu. Porém, desta vez, encontrava-se de pé, fazendo movimentos com os lábios, embora não se ouvisse nenhum som.

No início desta projeção, houve uma diferença que a distingue das demais. Isto porque o ufonauta, para colocar sua seringa atrás do anteparo existente na mesa de Antônio, não passou por trás deste móvel, mas, pelo vão que havia entre Antônio e a referida mesa. Embora este vão fosse de aproximadamente 2 metros, tal dimensão era apenas aparente. Ele deveria ser bem menor, subtraindo-se cerca de 1 metro devido ao espaço tomado pelo cativeiro invisível, de Antônio (esse cativeiro apresentava um diâmetro de aproximadamente 2 metros).

Com relação ainda a esse cativeiro invisível e às projeções que prendiam toda a sua atenção, Antônio relatou-nos que chegou até a abstrair-se de seu pânico e de sua estranha posição no ambiente; ocasionando, surpreendia-se apoiando-se com as mãos e os braços nas paredes invisíveis de sua prisão.

3ª Projeção

Nesta projeção, Antônio viu-se de pé, vestido conforme estava no momento; segurava ainda sua bolsa de papel, com a mão direita, enquanto que, com a mão esquerda e as pernas, debatia-se contra as paredes, defendendo-se de alguma coisa aparentemente invisível.

Não se ouvia nenhum som durante esta cena (bem como em nenhuma das outras projeções relatadas aqui). Gostaríamos de inserir aqui uma observação feita por Antônio; no momento em que assistia às projeções, ele já não estava mais de posse de sua bolsa de papel.

(OBS. da SBEDV: Talvez essa bolsa tivesse sido retirada de Antônio na hora de sua captura, ocasião em que se teria “gravado” esta projeção, visto agora como uma espécie de video-tape. Entretanto, conforme o leitor verá mais adiante, a bolsa foi devolvida a Antônio quando este foi solto do cativeiro).

4ª Projeção

Nesta projeção, Antônio viu uma carroça de duas rodas, puxadas por um belo cavalo. O animal trotava normalmente e tinha a cor castanho-avermelhada.

5ª Projeção

Foi visto nesta projeção um homem de idade avançada, parado, com uma fisionomia calma. Ele usava um chapéu de palha, estava descalço e trajava uma roupa toda remendada. Antônio achou que poderia existir uma relação entre esta projeção e a anterior, de carroça; talvez o homem aqui representado fosse o carroceiro daquela veículo.

6ª Projeção

(OBS.: da SBEDV: Esta foi a projeção que maiores temores instilou em Antônio. Conforme a interpretação desta cena, talvez ela enseje também ao pesquisador tirar algumas conclusões sobre o real poder tecnológico daqueles estranhos seres encontrados por Antônio. Ela poderia também explicar o sentimento de humilhação experimentado pelos políticos das hegemonias terrestres ligados à pesquisa dos extraterrestres. É por estas razões psicológicas que esses políticos estão colocando, o assunto UFO, sob as leis de guerra e de espionagem terrestres.

Nesta projeção, Antônio observou um grande e vistoso cachorro preto, postado diante de um ufonauta do tipo dos que tratamos aqui. O animal procurava avançar para o extraterrestre. Entretanto, parecia contido, talvez por um obstáculo invisível, semelhante ao que prendia Antônio.

O cão arreganhava os dentes e babava. Viu-se nele por quatro ou cinco vezes, um movimento de cabeça e da boca, o que devia corresponder a latidos. Contudo, esta projeção, bem como todas as outras, também era silenciosa.

Depois dos gestos de latidos feitos pelo cachorro, começou a se desenrolar na tela uma cena chocante. O ufonauta projetado na parede começou a desmanchar-se. Esse processo de decomposição principiou pela cabeça do extraterrestre e foi se alastrando pelo seu corpo abaixo, até restar dele somente uma pequena massa cinzenta, no chão…

Enquanto Antônio assistia, atônito, a esta cena horripilante, a luz do teto da nave espacial tornou-se intensíssima. Ao mesmo tempo, uma das personagens de um dos grupos no interior do disco, adiantou-se velozmente em direção à tela; em seu “braço-tromba”, estendido para a frente, encontrava-se uma seringa atarraxada na extremidade. Da ponta desta seringa, partiu um raio de luz azul que atingiu o cachorro projetado na tela. Incontinenti, o cão passou a sofrer o mesmo processo de decomposição do ufonauta observado instantes antes, na tela. O animal começou a se desmanchar, de cima para baixo, até restar dele apenas um montezinho de massa cinzenta, no chão. Segundo as palavras de Antônio, esta última cena de destruição do cachorro foi rapidíssima, tendo levado talvez dois segundos.

Antônio acreditava que o dramático aumento de luminosidade do teto, durante esta projeção, talvez estivesse ligado às anormalidades surgidas então na tela.

7ª Projeção

Nesta projeção, Antônio enxergou-se a si mesmo, vestido. Estava curvado para a frente e fazia uma cara feia, enquanto que saía fumaça de suas costas.

8ª Projeção

Outra vez Antônio viu sua própria pessoa projetada na tela. Estava então vestido e vomitava. Aparentemente, sofria ao mesmo tempo de descargas intestinais incontroláveis, pois via fezes passando por suas calças.

OBS.: Dias após sua libertação, Antônio chegou a sofrer de modo bastante semelhante ao que sósia vivia na tela. Assim, a testemunha chegou posteriormente à conclusão de que esta projeção serviu para avisá-lo dos padecimentos que eventualmente ainda iria sofrer. (Talvez esses males fossem uma consequencia das energias às quais Antônio havia sido exposto no disco, durante seu cativeiro).

9ª Projeção

Nesta, novamente Antônio avistou sua própria figura na tela. Encontrava-se vestido e de pé. Ao seu lado direito, à altura do peito, flutuava uma esfera alaranjada e de tamanho próximo ao de uma bola de futebol.

10º Projeção

Esta cena era semelhante à anterior. Porém, em vez de Antônio, via-se um ufonauta do tipo dos tratados aqui. Ao lado direito do extraterrestre, à altura de seu tronco, flutuava também uma bola das mesmas dimensões da anterior. Entretanto, a cor desta bola era azulada. As “trombas” do personagem, na tela, estavam penduradas, imóveis, chegando quase ao chão. Mas, as luzinhas dos espelhinhos da cabeça faiscavam e oscilavam normalmente.

Antônio não conseguiu dar nenhum sentido ou interpretação para a nona e a décima projeção.

11º Projeção

Nesta, via-se o interior de um hangar ou galpão gigante, onde havia três filas de discos voadores a se perderem de vista. Entre essas filas havia inúmeros ufonautas idênticos aos raptores de Antônio, fazendo tudo parecer um verdadeiro formigueiro. Entretanto, os extraterrestres não traziam consigo, visíveis, quaisquer ferramentas ou peças. Apesar disso, a fila da esquerda apresentava discos voadores em arcabouço, enquanto que as duas filas da direita mostravam seus aparelhos apenas semiacabados.

12ª Projeção

Esta projeção mostrava um trem de alumínio. Este trem era semelhante àquele adquirido do Japão, pela Estrada de Ferro Central do Brasil, conforme o noticiado pelos jornais. Contudo, em contraste com os comboios japoneses, Antônio não enxergou janelas nos vagões projetados na tela.

(OBS.: da SBEDV: tratar-se-ia de um trem frigorífico?).

O trem movimentava-se em direção a um túnel, no qual entrava e desaparecia gradativamente. A visão do último vagão era igual à dos nosso trens comuns; avistavam-se o vão aberto e também os chicotes pendurados, como os que servem para as conexões de freios a ar e ligações elétricas.

13ª Projeção

OBS. da SBEDV: Embora esta não se trate de uma projeção igual às outras, não abrimos um parágrafo em separado por não distinguirmos ainda a verdadeira natureza e o sentido das manobras e manipulações nela presenciadas.

Como uma espécie de preparativo para esta “projeção”, um dos ufonautas adiantou-se em direção a Antônio parando a uma distância de aproximadamente 2m. Em seguida, o extraterrestre, com uma de suas trombas, atarraxou na terminação de outra tromba (onde se via um furo central) uma das seringas que retirara de sua cartucheira. Antônio observou também que dois ganchinhos existentes na parte mais larga da seringa giravam muito velozmente quando em contato com a tromba perfurada; tinha-se a impressão de que esse movimento rotativo fazia com que a seringa se atarraxasse à tromba. Tendo assim fixado rapidamente a seringa na ponta de sua tromba, o ufonauta apontou com ela na direção de Antônio. Embora relutasse contra isso, Antônio foi obrigado a levantar seu braço direito, com o dedo indicador estendido para frente.

Posteriormente, Antônio relatou-nos que, naquele instante, não possuía mais o controle de seu braço e de seu dedo direito; não tinha qualquer percepção dele, pois sentia uma dormência nesse membro, naquela hora.

A seringa era feita de um material azulado e translúcido. Assim, Antônio pôde acompanhar o enchimento gradual desta seringa, com um líquido vermelho. Entretanto, Antônio não conseguia saber se tal líquido era seu próprio sangue, pois não via a passagem deste, pelo ar, na distância de aproximadamente 1m entre ele e a seringa, nem enxergava o sangue sair do seu próprio dedo.

Representação do momento em que foi extraído sangue do dedo de Antônio. Na sequencia, o tripulante desenha algo como caracteres na parede do objeto. Os caracteres estão representados à direita. Créditos: SBEDV.

 

Em seguida, o extraterrestre apontou esta seringa para a parede, da qual distava uns 4 ou 5 cm. Com o líquido contido no instrumento, ele pintou rapidamente na tela, uma circunferência vermelha com um diâmetro aproximado de 25 cm. No círcculo assim formado, o extraterrestre desenhou uma linha reta oblíqua, de cima para baixo, da esquerda para a direita. Na parte de cima, esta linha oblíqua ultrapassava a circunferência, em aproximadamente 4 cm. Na extremidade inferior da linha reta, o ufonauta desenhou um gancho em ângulo reto, formando assim uma espécie de “L”.

Esse desenho foi repetido, nas mesmas dimensões, mais duas vezes, abaixo do traçado original e igual a este. Cada um desenho ficava a uma distância aproximadamente 5 cm um do outro.

No final dos desenhos, Antônio percebeu que havia sido consumida, com eles, aproximadamente uma terça parte do líquido contido na seringa. Ele pôde observar isso pela transparência da seringa.

A feitura de todos os desenhos não levou mais que alguns segundos e, logo após, os desenhos apagavam-se por si mesmos.

14ª Projeção

Nesta projeção, via-se uma autopista parecida com a Avenida Brasil, do Rio de Janeiro. Porém, todo o transito achava-se paralisado por um monumental engarrafamento.

 

O Período Pós-Abdutivo

Antes de prosseguirmos no relato das peripécias de Antônio, queremos realçar os feitos de duas pessoas envolvidas nesse episódio. Uma dessas pessoas é o Sr. Orlando Alheira, representante do jornal “O Dia”. Como repórter de hospital, este senhor soube distinguir o joio do trigo e com imparcialidade interpretou como fidedignas as palavras de Antônio, quando este, de busto nu, descabelado e com excitação psicomotora, buscou socorro no Hospital Rocha Faria.

Entretanto, com relação ao Sr. Alheira, o leitor encontrará maiores detalhes mais adiante, em um trecho que julgamos ser mais apropriado incluir seu relato. Em primeiro lugar, iremos focalizar melhor uma outra testemunha secundária do episódio de Paciência. Trata-se do Sr. Celso Moreira Leite, morador nas proximidades da Praça Ponto Chique, (em Paciência: Bairro 7 de abril), operário de uma firma de construções e com 24 anos de idade. Sua relação com o caso prende-se ao fato de ele ter presenciado a subida do disco voador, na noite em que Antônio foi sequestrado. Conseguimos chegar a Celso por intermédio de um vizinho seu. Esse vizinho é o Sr. Edinaldo de Sousa, proprietário de um bar na esquina noroeste da Praça Ponto Chique, no cruzamento das Ruas Montes Claros e Guerra Junqueiro. Diante de nossas insistências durante a pesquisa, o Sr. Edinaldo lembrou-se de ter ouvido falar, na época do sequestro de Antônio, que uma testemunha teria assistido a subida do disco voador. Após alguns dias de indagações em seu bar, conseguiu localizar essa testemunha, que era Celso, um seu vizinho.

Um Testemunho Importante

Quando abordado por nós, desde logo, Celso deu a entender que realmente presenciara o voo do engenho aéreo, a uns 500 m acima de sua casa, na direção leste. Contudo, não havia visto contornos nítidos desse objeto. Celso percebia apenas que esse objeto subia e estava cercado de luzes. Na ocasião, ouvia-se um ruído abafado, de alta frequencia, como o zumbido de turbinas. Esse fato aconteceu às duas horas da madrugada, aproximadamente. Celso, que é solteiro, voltava de uma noite de boemia e aproximava-se de sua casa, vindo pela rua Monte Carlo. Quando já estava perto de sua residência, na esquina da Praça Ponto Chique-chique, o rapaz viu o disco voador. Nesse mesmo local, Celso foi interpelado por um tipo alto, claro, de camisa branca, e que naquela hora solitária cruzava seu caminho, cambaleante, indagando-lhe as horas.

Celso disse-lhe as horas (duas horas e tanto), esquivando-se de parar, já que o aspecto de bêbado poderia ser o ardil do estranho para um assalto. Dessa maneira, o rapaz entrou rapidamente em sua casa, onde se deitou e logo tratou de dormir.

Dias após esse fato, Celso teve notícia do episódio de Antônio, a quem conhecia superficialmente. (OBS. da SBEDV: Quando entrevistamos a testemunha Antônio, este não sabia da existência de uma pessoa que havia visto a ascensão do disco voador que o seqüestrara). Pela coincidência de data e hora, Celso percebeu a ligação entre os dois fatos: o que ele mesmo presenciou e o que aconteceu a Antônio.

Celso deu também a entender que pouco ou quase nada poderia pronunciar contra ou a favor do problema UFO. Interessou-se unicamente pelo caso de Antônio, pela coincidência dos fenômenos observados por eles dois. Além disso, não chegou a fazer alarido sobre o fato que presenciara (o que dificultou, para nós, descobrir essa testemunha).

Os Primeiros Momentos em Terra

Voltemos, uma vez mais, nossas atenções para Antônio. Como já dissemos, ele havia sido largado, pelos seres do disco voador, no meio da rua Rosal, em cuja margem existem diversas estacas de aço, constituídos por uns pedaços de trilhos encravados no solo.

Desse local até a Estrada Santa Eugênia, existem apenas uns 30 ou 40 metros de diâmetro e, até à esquina dessa estrada com a de Santa Cruz – Campo Grande, existe aproximadamente a mesma distância. Nesta ultima esquina, onde há uma estação de trem e uma parada de ônibus, Antônio ficou aguardando condução. Vendo um rapaz que estava parado no mesmo local, dirigiu-se a ele e pediu-lhe as horas. A resposta foi: “são 2:50 hs”.

Antônio queixa-se de que seu relógio automático, de rubis, marca Seiko, tem parado ou atrasado com frequencia após o episódio ufológico. Nenhum dos relojoeiros, a que recorreu, conseguiu corrigir esse defeito.

Examinando o relógio de Antônio, achamos um desvio de um quarto para meia divisão do mostrador do magnetômetro de perrinjaquet, utilizado para esse fim., contudo, esse desvio talvez não tenha valor como indício ufológico. Isto, principalmente comparando tal resultado com a indicação de 5 divisões, observada nesse mesmo magnetômetro quando em contato com a lapiseira de Paulo Coutinho, outra testemunha que também esteve dentro de um disco voador. Portanto, o desvio verificado no caso do relógio de Antônio pode se considerar como desprezível e é aqui citado apenas “en passant”.

Aproximadamente às 3:10 hs, Antônio seguiu no ônibus 840, linha Santa Cruz – Campo Grande. Ele foi para a garagem a Empresa Oriente, onde trabalhava, em Santíssimo, para cumprir suas obrigações normais no emprego. Embora penosamente, Antônio trabalhou naquele dia. No dia seguinte, uma sexta feira, sua indisposição continuou. Apesar disso, Antônio seguiu para o emprego de madrugada como de costume.

O Difícil Estabelecimento de uma Data

No decorrer de nossas pesquisas, Antônio mostrou-nos diversas chapas de raio X, da articulação de seu ombro direito e do seu tórax. Essas chapas foram feitas no ambulatório do INP de Bangu, aproximadamente no dia 24/9/1977, devido às dores que começaram a afetar o motorista logo após a sua experiência ufológica. Por causa dessas dores, Antônio havia recorrido a consultas na clínica médica (clínica geral) em 21/9/1977 e na clínica ortopédica (21 e 23 de setembro de 1977 e 5 de outubro de 1977).

Antônio asseverou-nos também que o episódio sucedera numa das primeiras quintas-feiras do mês de setembro de 1977. A primeira consulta médica foi realizada por ele em 21 de setembro de 1977, uma quarta feira. Então, o episódio deve ter ocorrido no dia 15 de setembro de 1977, a terceira quinta feira de setembro daquele ano. Essa data seria também confirmada por um telefonema nosso, à seção de pessoal da empresa de Antônio, feito em 21 de novembro de 1977. Nesse telefonema, um senhor chamado Carlinhos informou-nos que o sábado, 17 de setembro de 1977, havia sido o primeiro dia em que Antônio faltara ao serviço, então seguindo-se uma série de outros dias de licenciamento.

Segundo nos declarou posteriormente o médico da empresa “Transporte Oriental”, esses dias de licença foram 21, 23 e 24 de setembro de 1977, concedidos por essa companhia. Nos dias 20 e 22 de setembro de 1977 foram licenciados pelo Ambulatório do INPS. Entretanto, quando se perguntava a Antônio a data certa do episódio ufológico, ele tendia a omitir as duas semanas seguintes ao dia 15 de setembro e adiantava o fato para a última quinta feira desse mês, o dia 29 de setembro (a 5ª quinta feira desse mês).

Aparentemente, por fatores que vamos explicar, esta ultima quinta feira, dia 29 de setembro, fixou-se na mente de Antônio, com destaque especial, apagando, esmaecendo o período anterior e quase transformando-o em amnésia lacunar. Talvez a razão disso vá ser entendida pelo relato do que se passou na noite de 30 de setembro, posterior à quinta feira de 29 de setembro de 1977 (5ª quinta feira do mês).

Capa de reportagem de jornal divulgando o fato. Crédidos: SBEDV.

 

Efeitos Fisiológicos e Exames Médicos

Na sexta-feira, dia 30 de setembro de 1977, Antônio saiu do local de trabalho e chegou em casa às 21 horas. Sentindo-se indisposto, informou à esposa e foi logo para casa, sem jantar.

A seguir, iniciou-se em Antônio uma diarréia, cujo surto durou a noite toda, com interrupções, fazendo-se ainda acompanhada de vômitos frequentes.

Antônio lembrou-se nessa ocasião da projeção que havia visto no interior do disco voador, onde ele mesmo aparecia sofrendo daquele mal. Parecia-lhe que os ufonautas quiseram avisá-lo daquilo que mais tarde ele chegaria a sofrer e, de fato, naquela noite estava sofrendo.

Nessa ocasião, talvez tenha vindo à tona a lembrança daquela projeção no disco voador, em que um cachorro fora aniquilado (aparentemente) por um raio luminoso desfechado na tela, por um dos ufonautas. Será, teria pensado Antônio, que esses tripulantes não me possam agora causar um maior mal, com um daqueles raios, desfechados na minha própria imagem, projetada em algum lugar no disco voador? Temos a impressão de que as preocupações de Antônio, pela sua vida e pela sobrevivência de sua família, tenham falado alto na sua mente. E isto ao ponto de ele revelar os receios que sentia do ridículo, que ate então estavam bloqueando a comunicação do episódio, à sua comunidade e à sua esposa. Assim, naquela noite de sexta feira, de vômitos e diarréias, Antônio resolveu relatar à esposa a sua experiência ufológica. Ela foi a primeira pessoa a saber do assunto.

Procuramos dar estas explicações ao leitor, para que mais bem se possa avaliar a opinião de outras pessoas que não foram informada de todos esses detalhes, como por exemplo, o médico da empresa.

Posteriormente, dentro das possibilidades da psicologia aplicada, gostaríamos de ver abordado este assunto, assim como a significação do impacto na mente de Antônio, naquela noite de sexta-feira.

De nosso ponto de vista, houve uma estreita relação mental entre o acontecimento daquela sexta feira (30/9/1977) e o episódio propriamente dito ocorrido aproximadamente duas semanas antes (quinta feira, dia 19/9/1977). Entendemos então que isto fez submergir (desaparecer? diminuir?) na mente de Antônio o intervalo relativamente calmo entre as duas datas (ele sofria apenas de algumas dores no ombro e no tórax).

Assim, mentalmente Antônio adiantou o fato acontecido no disco voador: em vez de quinta feira dia 15/9, ele menciona quinta feita dia 29/9. Isto porque, esta ultima data (29/9/1977)é a mais próxima da sexta-feira, dia 30/9(noite dos acontecimentos previstos nas projeções dentro da nave).

Entretanto, outro intenso quadro patológico manifestou–se em Antônio 72 horas depois, na segunda feira, dia 30/10/1977. Talvez tenha esse fato acentuado mais ainda o funcionamento do hipotético esquema psicológico por nós aqui proposto.

OBS.: Outra causa para o estranho comportamento de Antônio, na coordenação de sua memória, poderia ser uma certa “modificação de sua personalidade” pós-episódio ufológico, ao exemplo do que se descreve no Bol. SBEDV nº 74/79 – pág. 28.

Num indivíduo, a personalidade é formada pela soma das absorções de suas experiências com o mundo externo e ainda cinzelada pelo gravame que ela dá a elas. Daí, talvez se possa concluir que o efeito da experiência ufológica sobre Antônio tenha sido a tal intensidade que chegou até a afrouxar o arcabouço de sua personalidade. Constatamos que a testemunha é pessoa inteligente mas, até então, das mais despretensiosas. Poder-se-ia entretanto conceber que, no decorrer dos meses, nela surgisse um certo “vedetismo”, ainda que não tenha havido logo modificações profundas perceptíveis. Tudo isto, como consequencia de ter vivido uma experiência traumática, mas sem por isto ordinária. Poderíamos também explicar porque Antônio não voltou ao trabalho, meses após o seu episódio ufológico, mesmo tendo sempre sido um funcionário exemplar (trabalhando cerca de 12 horas diariamente). É concebível que após a experiência traumática a testemunha tenha sido psicologicamente levado a fazer uma revisão do seu passado. Talvez então quisesse escolher um emprego menos cansativo que o de motorista de ônibus, por ter imaginado enxergar, em si próprio, qualidades que o capacitavam para um trabalho mais categorizado e menos extenuante.

Outra Dramática Manifestação Patológica no Corpo de Antônio

No sábado e domingo seguintes àquela noite de sexta-feira, 30/9, Antônio ficou em casa, extenuado.

Na segunda-feira, 3/10/1977, cedinho, Antônio tomou o ônibus 689, linha Campo Grande – Meier. Após 30 minutos de viagem, esse ônibus o deixaria na Empresa Oriente, onde ele pretendia comunicar que não se sentia em condições de assumir seu trabalho.

Já durante essa curta viagem de meia hora, uma quentura e uma coceira, intensas, por todo o seu corpo, começaram a incomodar bastante a Antônio. Essa quentura foi tão intensa que, ao parar o ônibus na Estrada Campo Grande – Santíssimo, em frente à Empresa Oriente, Antônio correu diretamente para o lavatório que fica na estrada. Lá, ele procurou a torneira para mitigar seus sofrimentos, deixando cair água na cabeça, pescoço, braços, joelhos, etc. Entretanto, Antônio achou que o fluxo dessa bica já não era suficiente. Assim ele correu para os fundos da garagem, onde os carros são lavados em esguichos d’água de mangueiras. Chegando lá, tratou de tomar a mangueira das mãos de um colega que naquele momento lavava o chão. Antônio devia estar desesperado, pois dirigiu o jato dessa mangueira sobre seu corpo, molhando toda a sua roupa, camisa, paletó, calças, assim como sua carteira com todos os seus documentos dentro. Vendo este gesto, incompreensível no momento, mas, solidários com ela na significação de uma emergência, outros lavadores de carros dirigiram instintivamente suas mangueiras também sobre Antônio. Esses colegas pressentiram talvez que tivesse acontecido um desastre com matéria cáustica ou que se tratava de extinguir vestígios de algum incêndio. Em seguida, houve um corre-corre e aglomeração de pessoas em torno de Antônio. Alguns companheiros interpretavam o gesto de Antônio de diversas maneiras: “La Rubia: o que está acontecendo?”, “Você está maluco?”, “Ele está com alergia?”.

Antônio acabou falando “em particular” com o encarregado geral do serviço. Sr. Edgar. Pela fisionomia deste senhor, ele não deu crédito (pelo menos, assim pareceu a Antônio) ao episódio que Antônio lhe falou a respeito e um disco voador, sua tripulação e de seus padecimentos como consequencia disso tudo.

A seguir, Antônio foi levado a uma sala, foi atendido pela enfermeira da empresa, de nome Estelita. Esta senhora queria ministrar-lhe uma injeção. Antônio recusou, argumentando que não precisava de tranquilizantes para dormir, pois não estava maluco. Ele queria apenas que ouvissem a sua história e achassem um meio para mitigar seus sofrimentos.

Antônio relatou-nos que a enfermeira tomou-lhe a temperatura axilar duas vezes em seguida. Uma vez o termômetro teria acusado 41º C e, da outra vez, teria acusado 40º C.

“Rapaz, vá para o hospital!” foi o consenso geral das pessoas presentes naquele momento no recinto, com respeito a Antônio. E, de fato, acompanhado por Estelita e por um colega, Antônio foi levado para o conceituado hospital municipal Rocha Faria. Esse hospital fica situado bem no centro de Campo Grande e, assim, talvez a uns 10 minutos de ônibus distante da Empresa Oriente, em Santíssimo.

A Impotência da Medicina Contemporânea face a distúrbios provocados por campos energéticos extraterrestres

A melhoria do atendimento médico de distúrbios da ordem dos que Antônio era portador só poderá ser conseguido de uma forma. Será quando a realidade da existência dos extraterrestres for aceita oficialmente e encetarem-se estudos dos campos energéticos com os quais esses extraterrestres costumam se cercar. Logicamente, não poderá haver estudo de determinada matéria cuja existência se nega (oficialmente) até hoje.

A odisséia de Antônio no hospital que o atendeu começou com um investigador de polícia que escutou sua história. Depois, foi a vez de um soldado que também ouviu a narração. A este, seguiu-se outro policial que, na hora da troca da equipe de plantão, substituiu o anterior. E esse desfile de pessoas foi aumentando depois por enfermeiros e enfermeiras do hospital. A todas essas pessoas Antônio foi obrigado a contar sua história. Vez por outra, um ouvinte piscava o olho para outro e pouco entenderam da narrativa de Antônio.

Finalmente, após um cochicho entre um médico e uma enfermeira (pelo menos, foi assim que Antônio interpretou, desconfiadamente, a troca de idéias entre os dois), foi administrada uma beberagem a Antônio. Ele acredita que essa bebida era calmante.

Entre uma e outra abordagem por todas essas pessoas no hospital, Antônio foi também entrevistado pelo repórter do jornal o Dia, que estava de plantão. Essa entrevista foi publicada no jornal, no dia seguinte, 4/10/1977. Embora não tenha fixado com exatidão todo o episódio ufológico, essa entrevista de Antônio serviu de base para uma reportagem que é para nós um verdadeiro tento na história ufológica brasileira. Ela será descrita mais adiante, em um trecho mais apropriado.

Opinião de uma Psicóloga

Antônio achou que seria melhor voltar à empresa onde trabalhava e consultar o médico desta. Esse profissional já o conhecia e daria então mais crédito e atenção ao seu relato. Antônio percebia que havia mais interesse pelo sensacionalismo de sua história do que a intenção de ajudá-lo a diagnosticar e curar seu mal.

OBS.: Parece que não foi feito o boletim de atendimento do caso de Antônio, no Hospital Rocha Faria. Isto porque, posteriormente, procuramos esse registro e não o encontramos nesse hospital.

De volta do hospital, Antônio chegou à Empresa Oriente às 9:00 hs. Entretanto, o médico não se encontrava lá naquele momento.

Assim, Antônio foi atendido pela psicóloga da organização, Dª. Nelli Carbonell. Esta moça interrompeu uma reunião que fazia com outras pessoas, para dedicar sua atenção a Antônio, cujo caso lhe pareceu da maior emergência.

Este pesquisador ficou grato a essa jovem, mas segura, profissional, não só pelo cortês e correto atendimento que deu à pesquisa, mas também pelo seu bom senso e certeira rapidez com que diagnosticou o caso de Antônio, naquele dia. Para ela, a história do motorista era real, não se tratando de um embuste. A jovem achava que realmente devia ter acontecido alguma coisa grave à Antônio, já que naquela época ele desconhecia a verdadeira extensão do problema dos extraterrestres.

Conforme nos relatou Dª. Nelli, em 20/10/1977, na ocasião Antônio encontrava-se com o mesmo aspecto que apresentara no Hospital Rocha Faria, conforme já descrevemos. Enquanto falava, ele se coçava constantemente, por sentir a pele em fogo. Talvez mesmo em consequencia disso, apresentava arranhões nas partes desnudas, lado direito do pescoço e cotovelos. Na oportunidade, Dª Nelli soube que a roupa molhada, de Antônio, originava-se da aplicação dos jatos d’água das mangueiras, na garagem, duas horas antes.

A psicóloga sentia que o relato de Antônio merecia crédito. Sua história correspondia àquilo já narrado pela enfermeira Estelita e por outras pessoas da garagem. Antônio descrevia os fatos com nexo. Embora se apresentasse nervoso e agitado, em nada o motorista demonstrava confusão mental. Algo de real devia ter acontecido com ele.

Por ser empregada nova na firma, Dª Nelli fez posteriormente um total levantamento da vida pregressa de Antônio naquela empresa. Trabalhando na organização desde 1975, na ficha limpa de Antônio constava ser ele um homem trabalhador e benquisto pelos companheiros. Além disso, ele havia recebido gratificação ou empréstimo da firma, por seu comportamento no passado. No decorrer do tempo, Dª Nelli ainda submeteu Antônio aos testes de Rorschbach (controle dinâmico) dos quais a parte interpretada foi normal.

No dia seguinte, 4 de outubro de 1977, Antônio procurou o médico da empresa, Dr. Adão Maria Filho. Diante do relato do episódio ufológico, esse médico disse a Antônio as seguintes palavras: “Antônio, depois de contar a sua história, ela morre aqui, entre mim e você…”. Naturalmente, ele não disse isto com o intuito de intimidar ou levar Antônio ao silêncio. Em nosso entender, essas palavras foram ditas para colocar Antônio mais à vontade.

Visita a um Consultório Médico

Em 16 de novembro de 1977, fizemos uma curta visita ao Dr. Adão Maria Filho. Nessa ocasião, este ilustre colega informou-nos que, no dia da consulta, 4 de outubro de 1977, Antônio havia acusado uma temperatura axilar de 37,5º C. (OBS.: Presumindo-se que a temperatura corporal, ou sublingual, fosse meio grau maior que a axilar, isso corresponderia a uma temperatura corporal de 38 graus, possivelmente. Na véspera, na ausência do médico, a enfermeira Estelita havia tomado a temperatura de Antônio. O resultado teria sido 40 e 41 graus).

Entretanto, quando Antônio procurou o Dr. Adão, duas semanas antes, e deste recebera o abono dos dias de faltas, ele não informou ao médico (nem a outras pessoas) a verdadeira causa das dores no ombro e no tórax: o episódio ufológico. Desta maneira, este facultativo continuou a achar (e isso nos cientificou que as licenças de Antônio (21, 23 e 24 de setembro, pela empresa e 20 e 22 de setembro, pelo INPS), tiradas na última quinta-feira de setembro, nada teriam a ver com o episódio ufológico propriamente dito. Uma vez que nem Antônio, nem o médico tocaram mais no assunto, não houve retificação na opinião do facultativo. Para o Dr. Adão, o episódio ufológico teria acontecido em data posterior às licenças mencionadas, ou seja, no dia 29 de setembro de 1977 (ultima quinta feira do mês de setembro).

Já em duas ocasiões anteriores (em 19 de outubro de 1977, e em 31 de outubro de 1977), havíamos indagado à enfermeira da empresa de transporte, sobre a temperatura axilar de Antônio, que este profissional havia verificado em 3 de outubro de 1977. Este dia foi aquela segunda feira em que Antônio, espavorido, com o corpo a lhe parecer em foto, mesmo vestido, pediu que os lavadores de carro dirigissem os esguichos de água sobre sua pele. Nesta data, o termômetro teria acusado uma temperatura entre 40 e 42 graus em Antônio. Entretanto, a enfermeira Estelita sempre recusara nos confirmar isso, com evasivas tais como a de não querer “envolver-se em assunto disco voador”. Para outros, ela alegava que o “seu marido não gostava que ela desse informações” e que “não queria passar pelo ridículo, na empresa onde trabalhava”. Tais alegações pareciam estereotipadas. Em todo caso, em 19 de outubro de 1977, essa enfermeira nos confirmou que o corpo de Antônio, na ocasião, “estava quente e com a pele muito vermelha”.

No dia em que visitamos o Dr. Adão, pela terceira vez indagamos a Dª Estelita qual a temperatura que ela constatara em Antônio, em 3 de outubro de 1977. Também foi em vão esta última tentativa que fizemos, momentos antes de entrar no gabinete do médico.

Na entrevista com o Dr. Adão, interrogamos sobre a temperatura que ele próprio havia constatado em Antônio, no dia 4 de outubro de 1977. Com isso, imaginamos que automaticamente viria à baila a temperatura de Antônio, verificada pela enfermeira Estelita no dia anterior. Além disso, o jornal “O Dia” havia publicado naquela mesma data, 4 de outubro de 1977, e com grande estardalhaço, a temperatura de mais de 40 graus supostamente verificada em Antônio no dia anterior.

Entretanto, o Dr. Adão não tocou nesse assunto. De nossa parte, achamos de bom alvitre não abordá-lo tampouco. Isto, para não melindrar a enfermeira, que talvez estivesse sujeita a alguma pressão emanada de fonte superior (por exemplo: do seu marido? do médico? da empresa?). Por outro lado, temos grande estima pelo testemunho do profissional da medicina.

“A posteriori”, achamos esquisita a altitude da enfermeira Estelita, ao nos introduzir no consultório do Dr. Adão. É que, insistentemente, esta enfermeira nos fez saber que ela não havia informado previamente, ao médico, sobre a finalidade da nossa visita; aliás, nós havíamos pedido expressamente a ela que o avisasse do nosso motivo.

Um Repórter Alerta

Nossa visita ao Dr. Adão não havia sido satisfatória no sentido de esclarecer a temperatura de Antônio no dia em que este foi socorrido no Hospital Rocha Faria. Assim, nada mais natural que fôssemos ouvir o relato da própria boca do repórter Orlando Alheira, que havia originando a notícia “Um hora preso no disco voador, saiu com febre de 42 graus”, publicada em “O Dia” de 4 outubro de 1977.

Encontramos o repórter em seu posto de ação, no mencionado hospital. Embora com um rosto de bonomia, o cenho cerrado e o rápido olhar perscrutador sob a larga fronte deixaram perceber de imediato neste repórter um profissional inteligente, armado e alerta. Além disso, trazia ele um lastro de 30 anos de profissão, como soubemos depois.

Quando abordado por nós em 23 de novembro de 1977, o Sr. Alheira lembrou-se logo do “moço do disco”, o qual havia entrevistado naquela época, no Hospital Rocha Faria; e como se sabe, dessa entrevista resultou a reportagem publicada no dia seguinte, 4 de outubro de 1977, no jornal “O Dia”.

O Sr. Alheira relatou-nos que Antônio encontrava-se em estado lastimável, com excitação psicomotora. O entrevistado chegou até a jogar o lápis ao chão, quando não conseguiu se desincumbir de desenhar o tipo dos tripulantes vistos no disco voador, conforme havia lhe pedido o repórter. Ao narrar isto, o repórter virou-se rapidamente para nós e repetiu o pedido que fizera a Antônio. Solicitou-nos que desenhássemos o tipo do ufonauta que Antônio avistara. Parece que tal pedido tinha a intenção de testar o nosso verdadeiro interesse e capacidade sobre o assunto UFO. Satisfeito com o nosso desempenho, o jornalista abriu-se por completo. Relatou-nos cenas deveras impressionante sobre o estado em que encontrou Antônio naquela manhã da entrevista. O motorista estava todo descabelado, completamente molhado, com o busto nu e trazia as calças arregaçadas; as partes expostas de seu corpo, apresentavam manchas vermelhas, como por exemplo, no pescoço, tronco e membros inferiores. Nessas partes do corpo, Antônio procurava coçar-se constantemente. Complementando esta descrição, o Sr. Alheira fez um croqui, publicado neste relatório.

O repórter observou que, durante o relato de seu episódio ufológico e estada no hospital, Antônio constantemente pedia e tomava água.

OBS.: Acreditamos que, bebendo muita água e expondo-se às correntes de ar, Antônio fazia instintivamente a coisa acerta. Isto porque o suor que abundantemente se produzia nele ajudava-o a reduzir a sua temperatura corporal, talvez perigosamente alta. Além disso, os jatos d’água, atirados em Antônio pelos seus colegas, teriam realizado a mesma tarefa: baixar a temperatura de seu corpo.

Convencido de que Antônio teria uma experiência aterrorizante que o deixara naquele estado lastimável, o repórter encaminhou seu relatório ao jornal para o qual trabalhava. Com isto, democraticamente ele poderia informar ao público sobre o inquietante acontecimento.

Não fora essa atitude de Alheira e a consequente reportagem de “O Dia”, de 4 de outubro de 1977, e o leitor nada saberia agora sobre este interessante caso ufológico. O Sr. Alheira também nos informou que posteriormente, em várias oportunidades, viajou em ônibus dirigido por Antônio com muita perícia e urbanidade. Em troca às informações recebidas, falamos um pouco, ao repórter, sobre a impiedosa luta, de quase trinta anos, movida pela política terrestre contra o assunto UFO.

Além disso, acreditamos que poderemos trazer a Antônio algum conforto moral ou psicológico, pela divulgação de seu caso. Com isto, achamos que talvez o ajudemos a sobrepujar o traumatismo psíquico que lhe foi infligido pela experiência pela qual passou. Passados seis meses desde o episódio ufológico, já em fins de março e abril de 1978, Antônio ainda padecia de seus efeitos.

Alguns Exames Complementares

Foram retiradas amostras de sangue de Antônio. Nelas procurava-se descobrir eventuais modificações, possivelmente relacionadas ao seu episódio; talvez isto permitisse interpretar melhor os padecimentos do protagonista, no sentido de eventualmente neutralizá-los. Entretanto, nesses exames foram feitos somente a partir do 33º dia após o fato ufológico e, assim, resultaram talvez pequena valia.

Dessa forma, em 18 de outubro de 1977, foram determinados os elementos figurados do sangue de Antônio, bem como escórias, níveis de glicemia, proteína (seringa globulina) e colesterol. Em 24 de outubro de 1977, foram pesquisador os eletrólitos; cloro, potássio, sódio e ainda o iodo protéico. Em 5 de novembro de 1977, realizaram-se exames para evidenciar o relacionamento da função tíreo-hipófisária pelos radio-imuno-ensaios T3, T4 e T41. Nada de anormal foi evidenciado em qualquer uma das amostras examinadas.

O peso normal de Antônio, antes do episódio ufológico, era de aproximadamente 62 kg. Pouco depois do episódio, passou para cerca de 57 Kg e atualmente está em torno de uns 60 kg.

Realmente, pelo aspecto que encontramos na testemunha, poucos dias após o episódio, achamos que houve um acentuado emagrecimento.


Relatório de Irene Granchi

Este caso, do tipo CE IV, para usar um ponto além da classificação idealizada pelo Prof. J. Allen Hynek, isto é, encontro próximo acrescentado a sequestro, foi noticiado pela imprensa através de “O Dia” de 4 de outubro de 1977.

Eu fui apurar a verdade dos fatos procurando primeiro a psicóloga da companhia pela qual Antônio Bogado La Rubia trabalhava. A linha corre entre Campo Grande e o Rio. Falei com ela primeiro pelo telefone, no dia 6 de outubro. Tinha achado muita dificuldade em localizá-la, pois o número da companhia não constava do catálogo. Uma das primeiras informações que esta senhora, a Dra. Neli, me deu foi de que ela não acreditava em OVNIs, e prometeu me dar suas explicações para isto. Ela, na época, selecionava o pessoal para companhia “Oriental”, a mais prospera do Grande Rio. Ela me esclareceu logo que Antônio tinha se apresentado inchado, sofrendo de desarranjo intestinal forte e vômitos, porém ela não pensava que isto fosse devido a envenenamento por irradiação, como eu sugeri na hora. Mas ela não tinha se preocupado em mandar fazer tais testes em tal sentido. Ela estava perplexa perante este caso. Marcamos um encontro no sábado de manhã, no seu consultório, em Campo Grande.

Uma amiga minha e colega de pesquisa de longa data, Pamela Talbot, me deu carona e chegamos lá um pouco depois das nove. Logo que a psicóloga entrou, ela fez questão de frisar estar interessada em manter o elevado espírito de Antônio, pois ele tinha que readquirir seu equilíbrio emocional e portanto ela deveria evitar todo e qualquer sensacionalismo em torno de sua vida.

Ela estava satisfeita em poder comunicar-nos que Antônio tinha passado satisfatoriamente pela primeira série de testes psicológicos, respondendo acertadamente 20 das 21 questões.

Tinha-lhe sido, inclusive, aplicado o teste Rorschach com sucesso e ela pretendia terminar suas experiências com ele na semana seguinte.

Apesar de seu diagnóstico ainda não estar completo, sua impressão era, sem dúvida, de que o homem estava normal. Ele possui um Q.I. muito alto, e é cumpridor de seus deveres . A Dra. Neli confirmou que ele tinha tido febre bem alta. A primeira vez em que ela o viu, 4 dias depois do acontecimento, Antônio estava despido, inchado, com uma erupção de brotoeja cobrindo-o inteiramente, e arranhões, que ele disse terem sido provocados por ele mesmo, por causa da coceira. Ele não estava deixando que ninguém o tocasse ou tentasse vesti-lo.

Ela confirmou que ele tinha vomitado muito e estava com o intestino solto. Afinal ela conseguira persuadi-lo à vestir-se, e depois ele melhorara gradativamente . Sua sede era ilimitada, sua boca ainda estava ardendo. Os hematomas se apresentavam com pequenas erupções nas juntas e no pescoço. Agora ele já tinha melhorado, e sua pele estava limpa, contudo seu estado de nervos anda requeria muitos cuidados. Mas já estava muito menos nervoso de que anteriormente, pois quando a Dra. Neli o tinha visto pela primeira vez, ele chorava feito uma criança, e inspirava piedade.

Ela sentira muita pena dele, com a família a sustentar e a mãe doente. A Dra. já tinha se comunicado com ele depois do nosso telefonema, para saber se ele iria me receber, mas ele recusara, dizendo que estava cansado de estar repetindo a mesma história ; só me receberia dali a algum tempo.

Depois de ter deixado a enfermaria da companhia de ônibus, a conselho dos colegas, e vendo-o com febre alta, ela o encaminhou para o Hospital “Rocha Faria”. Os médicos declararam para a Dra. Neli que este não era o primeiro caso de vítima de UFOs a vir a suas mãos, e que seu caso era um tanto delicado; acrescentaram que, em alguns destes casos, os pacientes tinham se tornado loucos.

A Dra. Neli nos dera um breve relato da história de seu paciente, descrevendo a aparência física de seus captores em detalhe, e até fazendo em nossa presença um esboço, não assinado, de um dos “bonecos” ou “robôs”, que mais tais tarde eu tivera oportunidade de comparar com os feitos pelo Antônio, e estavam ligeiramente diferentes. O que demonstraria que até os psicólogos pode ser movidos subjetivamente por seus conceitos pessoais. Mas, de maneira geral, o que ela me disse serviu para confirmar o relato do jornal. Eu notei que ela estava muito mais impressionada pela história de Antônio do que ela teria desejado aparentar. Ela me pediu para não contar nada sobre nossa visita, caso eu fosse visitá-lo, o que estava ainda nas minhas intenções.

Seguimos então até Paciência, e levamos algum tempo para chegar até a casa de Antônio, passando por ruas lamacentas e cheias de buracos. Encontramos a casa fechada, e descobrimos por um vizinho dele, que ele estava hospedado na casa do sogro, no centro de Paciência, alguns quilômetros distante, e isso nos fez voltar para lá. O vizinho apontou para o campo onde o avistamento do OVNI tinha ocorrido, e nós paramos lá, pois era caminho. É um campo muito grande, grande demais para ser examinado atentamente àquela hora. A grama era rasteira e não havia sinais de pouso visíveis. Havia crianças brincando, e elas não nos estavam olhando com muita simpatia. A região não é das mais seguras, e duas mulheres sozinhas, mesmo de dia, não ficavam bem naquela paisagem.

Aproveitei uns breves momentos para tirar duas ou três fotos do campo e suas imediações. Estes eram interessantes: na extremidade de uma larga planície, havia uns morros no campo, na base do qual corriam as linhas de força de Furnas, que fornecem eletricidade ao Rio de Janeiro, e que tantas vezes aparecem em meus relatórios anteriores, pois é sabido que os OVNIs tem especial predileção em se aproximar e sugar energia dos nossos transformadores. Fora disto a vista era deserta, havendo apenas umas poucas casas e estradas cruzando os loteamentos. Nós finalmente descobrimos a atual residência de Antônio, um apartamento num sobrado, onde encontramos uma família muito agradável, simpática, que conseguiu com que Antônio saísse de seu quarto para vir me conhecer. Ele é um homem bem-apessoado, de boa constituição muscular, queimado do sol, olhos azuis, cabelos castanhos-escuros. Tem voz ressonante e parece ser bem equilibrado. Logo Antônio teve receio que eu fosse outra repórter de jornal, e não quis falar. Ele confessou ter se tornado um fumante inveterado depois do fato, fumava um cigarro após o outro. A sede o atormentava o tempo todo, isso mais de 20 dias após sua aventura – a data desta eu apurei somente muito tempo depois. Ele me pediu para não gravar nada da nossa conversa, mas eu procurei enganá-lo: meu gravador estava numa sacola de mão e procurei ligá-lo sem ele notar. Mas demonstrando bastante vivacidade, ele logo notou e me impediu seu uso. Seja dito de passagem, não costumo “trapacear”, mas a ocasião era tentadora demais.

Antônio confirmou a crônica dada pelo jornal “O Dia”, dizendo porém que os seres não eram pequenos, tinham de fato sua altura, uma vez incluindo as antenas – as cabeças alcançavam altura de seu ombro, e Antônio mede 1,68 m. Vestiam capacetes de metal, em formato de bola de rugby, com uma fita transversal na parte mais larga toda dividida em seções, como espelhinhos, dos quais eram emitidos flashes, faíscas azuis, de uma intensidade variável, que prendiam sua atenção, e eu julguei terem efeito hipnótico. Os seres eram todos revestidos de metal, mas apesar de apresentarem um aspecto de robôs, eles deviam respirar, pois ele observou o movimento do peito, de respiração. Robôs respirando?

Tentei, com minhas perguntas, obter alguma confirmação daquilo que a psicóloga já tinha me relatado, mas sem sucesso, infelizmente. Antônio estava realmente muito cansado, notava-se seu pavor, seu esgotamento, e me pediu se eu quisesse informação do caso para reler o jornal, e que noutro dia, se estivesse passando melhor, me daria o relato completo, mas que não tinha condições disso no momento. Confirmou apenas que tinha visto mas de uma dúzia de seres de cada lado, dentro do disco voador, que era todo cor de prata e azul, e que tinha sido tirado sangue do dedo médio da mão direita dele, como de fato a Dra. Neli já tinha me informado. Mostrei-lhe uma publicação americana, uma tabela de vários tipos de UFOs, num livro editado pelo Congresso dos EUA, em 1968 e ele escolheu o 4-C, reproduzido aqui, dizendo, porém que não era ainda exatamente igual. Cada vez em que eu procurava obter maiores detalhes, ele se esquivava. Apenas confirmou que o silêncio era total, e que a comunicação era feita por uma tela parecida com a de TV, a qual faria parte da própria parede do disco, onde vira um cachorro sendo morto, depois um dos seres sendo morto – neste ponto concordo com a minha amiga que me acompanhava, dizendo que como nós matamos eles, assim eles podem nos matar, ou algo no mesmo sentido. A tela o mostrava também nu, com médicos em volta, exatamente como ocorreria poucos dias depois de sua aventura. Em outra imagem, desta vez vestido, mas ensujando suas calças por falta de retenção intestinal. Isto, afortunadamente ainda não ocorreu, pois ele ainda conseguiu se reter quando realmente adoeceu. Ele esclareceu que, enquanto estava dentro do OVNI, ele se sentia bem, e foi somente mais tarde que sobreveio a reação. Quando ele conseguiu gritar, os robôs tombavam, como se o som de sua voz o atingissem mortalmente.

Foi somente isto que eu consegui obter da boca do Antônio em meu primeiro encontro. Me disse que esperava naquele dia a visita de seu irmão. Me disse que o rádio e a TV estavam à sua procura, mas por enquanto não tinham aceito nada. Na semana seguinte ele teria que voltar a ser examinado pelos médicos.

Alguns dos resultados deste meu primeiro encontro foram bons, outros falhos. Deploro não ter podido entrevistar seus vizinhos, que moram no campo onde se dera o fato. Soube depois que houve realmente pelo menos uma outra testemunha , se não mais. Deploro também ter meu deixado descobrir na hora em que tentara gravar esta primeira entrevista, tão importante. Mas fiquei satisfeita em ter podido confirmar o relato do jornal “O Dia” de uma maneira geral, e de ter obtido a preciosa opinião da psicóloga Dra. Nelli, e também de ter encontrado esse homem em seu “habitat”, no círculo de sua família, de surpresa. Deploro ainda o fato de não poder fazer uma investigação mais completa quando ocorre um caso deste importância.

Acho que um teste com um detetor de mentiras, como é de praxe na pesquisa ufológica atual, seria totalmente desnecessário; estava tão aparente o sofrimento e sinceridade em tudo que este homem dizia! Mais tarde poderá eventualmente ser efetuada uma hipnose regressiva, se assim se achar conveniente.

Os detalhes concomitantes que apresentaram algum interesse foram os da apresentação em “tela de TV”, que conferia com o caso Peccinetti-Villegas de Mendonza, Argentina, também ocorrido em 1º de setembro, 1968 e onde foi extraído sangue do dedo médio deles – no caso, da mão esquerda, enquanto com Antônio, foi extraído da mão direita. Antônio contou ter achado como numa redoma, e isto corresponde a uma descrição feita por Onilson Pátero, sob hipnose, ao médico Prof. Silvio Lago, em 1974, e corresponde também a outro caso investigado por um renomado ufólogo carioca, onde é vista uma imagem da própria vítima projetada numa tela. Apenas no caso de Antônio La Rubia ele se viu em situações do futuro que realmente se realizaram depois.

Tais fatos nos levam ao discutido problema da mudança do contínuo espaço-tempo, e de certos acontecimentos relacionados à tal transformação com o dos estranhíssimos eventos ocorridos em 25 de abril, de 1977, no Chile.

O cabo Armando Valdés estivera sumido durante 15 minutos depois de ter-se aproximado de um OVNI, se esfumaçando na luz violeta, fato presenciado por seus comandados. Voltou com uma barba crescida de 5 dias, o relógio marcando a data adiantada – 30 de abril. Um lapso de cinco dias! Vamos pensar nisso! No meu primeiro contato com Antônio não consegui mais do que o relatado acima, mas ganhei logo a simpatia e amizade dele. Me prometeu uma visita breve, aqui no Rio. Eu, por minha vez, tentei confortá-lo, assegurando-lhe que a desaventura tida não era a única; existiam muitos outros casos similares, e mostrei-lhe umas ilustrações do livro do casal Jim e Coral Lorezen, que acabara de receber: “Encounters with UFO Occupants”.

Antônio La Rubia é um homem de palavra. No meu primeiro encontro, em 8 de outubro de 1977, ele prometeu me visitar em casa logo que melhorasse, me deixando então gravar sua experiência. Ele apareceu no dia 18, acompanhado do irmão Arnaldo, inesperadamente, quase no horário em que eu precisava sair para dar minhas aulas na Cultura Inglesa. Mesmo assim, consegui gravar todo o seu relato durante uns 40 minutos. Ele falava rápido, o que daria uma longa transcrição, e tudo que ele falou estava cheio de sentido. Percebi que ia precisar de outros encontros para poder preencher todas as lacunas que ainda faltavam, e isto ia requerer tempo. Ele se demonstrava menos nervoso, menos tenso do que no primeiro encontro; estava fumando menos, mas ainda sofria de muita sede. Tinha perdido peso. Estava tomando vitaminas e tratando da saúde. Seus modos eram francos e simples, e tinham bons modos. Me contou que suas noites eram muito agitadas, depois do acontecido, e sentia muita necessidade de repouso. Não sonhara com os seres, mas os vê, assim que vê os locais de sua experiência denotando o trauma sofrido.

Eis o relato de Antônio Bogado La Rubia, 33 anos: “Eu me levanto às 2 da manhã, faço minha higiene normal e saio de casa entre 2:15 hs e 2:20 hs. Naquela manhã de quinta feira devia ser próximo de 2:20 hs, pois foi nessa hora em que meu relógio parou. Eu tinha atravessado a rua a caminho do campo próximo à minha casa, quando, chegamos à esquina, parei de repente. (O campo é muito grande e não pequeno, como o jornal escreveu. Nota de Irene Granchi). Eu tive que parar, pois vi um vulto. Achei que fosse o ônibus, vindo me buscar, a companhia onde trabalho as vezes manda buscar os funcionários. Aí vi aquela coisa enorme, como se fosse um chapéu de cor acinzentada, cor de chumbo.

Aí pensei “aquilo é o disco voador de tanto falam”. Antônio me disse que o campo está calculado em 70 m de largura e o disco voador abrangia sua largura toda, e até a ultrapassava. Verificou-se depois que não deixara marca alguma no solo, mas estava apoiado nele, bem rente. Ele quis voltar para casa, mas não conseguiu. Naquele momento uma luz azul intensa foi dirigida em cima dele. A luz o iluminou. Ele estava ao lado de um poste de iluminação, e a luz estava tão intensa que podia ser vista em seus mínimos detalhes. “Uma coisa fabulosa”, comentou Antônio, e prosseguiu: “Neste momento eu vi três, que as pessoas dizem serem robôs, próximos à mim”. Me repetiu a descrição de suas cabeças dizendo que abanda que as atravessava era cheia de “espelhinhos” com duas partes, uma mais azul no fundo e a outra mais branca, no centro. O resto do corpo era mais largo do que o de Antônio, mais troncudo, e desse saíam os braços, bem largos, mas que iam se afinando até ficarem fininhos como um dedo e acabar sem mãos. O corpo era coberto de escamas de alumínio. Indaguei se esta podia ser uma armadura recobrindo o corpo, mas ele discordou, achando que era o próprio corpo deles. O tronco terminava abruptamente, e desse saía, ao centro, uma única perna. Davam a impressão de estarem sentados numa espécie de tamborete. No fim desta perna havia o pé, parecendo um pires emborcado. A luz tinha envolvido Antônio que agora notou haver um ser na sua frente, outro de lado, e outro atrás. A luz, ele conta, era como um vidro invisível (uma redoma) – dentro dela, ele se debatia inutilmente, sem poder se libertar, pois embora seus movimentos estivessem livres, a redoma que o prendia não o deixava escapar.

Representação do momento em que Antônio La Rubia encontrava-se dentro de algo que lembrava uma redoma de vidro.

 

Consciente de tudo, nervoso, mas normal. Um ser segurava, no único dedo, algo parecido com uma seringa, apontado para ele. Os outros três, um idêntico ao outro, se movimentavam, deslizando. Foi assim, sem saber como, que ele foi levado à entrada do disco e para dentro dele, notando apenas um tremor, na hora da aproximação. Mas de que maneira entrou, não sabe contar: encontrou paredes transparentes, e de repente estava num corredor, ainda ladeado por seus captores. Olhou para fora, e viu a praça embaixo, com seus coqueiros, o poste, toda iluminada pela claridade do disco, e se movendo em direção norte. Via-se tudo de dentro para fora, embora externamente o OVNI tivesse aparência fosca. Neste momento, dentro do disco acendeu-se uma luz azul, intensa, provinda do teto, e ele percebeu estar numa sala enorme e redonda. Na saída do teto a luz era azul, mas ela se tornava mais clara na sua descida, espalhada como em chuva embaixo. Às paredes pareciam de alumínio. Havia também um grande número de seres, todos iguais alinhados de um lado e de outro e, dada sua estrutura, pareciam estar sentados em bancos, mas na realidade estavam sentados em suas próprias pernas. Não havia nada na sala, nem móveis, nem adornos, nem máquinas. O pobre Antônio se debatia muito, e afinal conseguiu gritar, dizendo: “O que é que vocês querem? Quem são vocês?”. Neste preciso momento, todos caíram, um encima do outro, sem fazer barulho, como bonecos de chumbo. Ao cair, seguraram o topo de suas antenas, o qual se parecia com uma colherzinha de café saindo horizontalmente de sua haste.

Quando estavam (vide fig 2) em posição normal, essa espécie de colher rodopiava tão velozmente, que era impossível segui-la com o olhar. Acendeu-se então, uma luz forte, azul, vinda do teto, os seres voltaram a ficar em pé, mas Antônio não conseguiu mais gritar. Então ele notou o que parecia um “pianinho”, denominado assim por ele, por ter “teclas” (vide fig.3). O “pianinho” chegava à altura do peito de Antônio, se apoiava em duas pernas, como um cavalete, e apresentava uma caixa de alumínio atrás, onde um ser, um de cada vez, se aproximava, vindo um de um lado, outro do outro, alternadamente. Introduzia uma “seringa” tirada da cintura, pois todos usavam um cinto em volta do tronco; apertava então uma tecla e cada vez surgia uma imagem diferente na parede do disco, pois nenhuma tela era visível. A imagem era colorida. A sequencia das imagens foi:

1 – Ele mesmo, nu, deitado numa “cama invisível” (levitando?) com as pernas juntas, mas mexendo os braços. Dois seres estavam de lado, focalizando-o com uma luz vinda de uma seringa, examinando seus joelhos, suas pernas, seu peito, sua cabeça. A luz, azulada, não tinha raio, e tornava azul o local no qual se projetava.

2 – Ele se viu, nu, em pé.

3 – Ele se viu em pé, vestido, carregando uma sacola de compras, destas usadas em supermercados, batendo os braços, muito nervoso. Antônio se corrigiu dizendo: “Batendo com um braço, pois o outro estava carregando a bolsa”.

4 – Agora apareceu um cavalo e uma carroça. O cavalo estava puxando a carroça, num trote normal, numa estrada de chão, na roça. Apareceu também um carroceiro, de ar tranqüilo, de chapeuzinho de palha, andrajamento, pobre, descalço.

5 – Viu-se uma imagem com uma bola alaranjada, do tamanho de uma bola de futebol, e com Antônio ao lado.

6 – Apareceu agora uma bola do mesmo tamanho, mas azulada (“azulzinho”, precisou Antônio), e desta vez tinha ao lado um robô, um ser deles.

7 – Havia um cachorro, querendo pegar um deles, babando muito, grande, muito raivoso, não conseguindo alcançar seu alvo. Deu uns quatro ou cinco latidos. “Nisto, o robô começou a se desmanchar, de cima para baixo, igual mingau”. Por incrível que pareça, neste momento, saiu da fila dos robôs da sala, correndo, um deles, e puxando uma seringa, parou na frente do Antônio e, daquela distância, apontou para o cachorro, que, no mesmo instante, ficou azul e se tornou mingau. Antônio se admirou em não ver nenhum raio, somente havia um foco em cima do cachorro, desmanchando-o como fosse geléia, e deve ter morrido.

8 – Apareceu uma fábrica, onde estavam sendo fabricados os discos. Era de grande brancura, enorme, se estendendo ao infinito; viam-se três fileiras de discos. As duas à direita estavam já com os aparelhos quase prontos, enquanto na fileira à esquerda eles estavam ainda no esqueleto, em armação. As carreiras se estendiam a perder de vista. A limpeza era perfeita, tudo era branco. Viam-se milhões dos mesmos seres, todos atarefados, andando, mas não carregavam utensílios, nem aparelhos.

9 – Via-se um trem, parecido com os importados pelo Brasil do Japão, mas não tinha janelas; estava entrando num túnel. Parecia mais fino de que os nossos trens, mas, quanto ao resto, era dividido em vagões como os nossos.

10 – Foi-lhes mostrado agora a imagem de uma avenida larga, parecendo a Avenida Presidente Vargas, entupida de carros, como se fosse a hora do rush, pois estavam quase parados.

Agora Antônio contou como, a um certo ponto, um ser daqueles foi ao centro da sala, tirou uma seringa da cintura, com a mão (o dedo) direito, a passou para a mão (o dedo) esquerdo, e estando a vários metros de distância dele, a apontou para ele. Antônio notou que a seringa estava em rotação, uma rotação tão rápida que sua vista não a podia acompanhar. O braço direito dele se levantou automaticamente, contra sua espontânea vontade. A distância, ele viu a seringa se enchendo de algo vermelho, que ele supôs se seu próprio sangue, pois naquele lugar tudo era branco, prateado e azul e esta foi a única outra cor observada. A seringa se encheu até quase transbordar. Não havia uma transmissão visível do seu sangue, e não sentiu dor alguma. Agora, o ser apontou a seringa para a parede, e, a distância, desenhou três círculos cortados por um L transversal (como mostra a Fig. 4) na parede que funcionava de tela, para imagens. Parece que esta experiência foi intercalada a projeção de imagens.

Após a visão da imagem da rua apinhada de tráfego. Antônio foi expelido do disco, caindo no meio da rua, em frente à Estação de Paciência. Ele tinha sido teletransportado da proximidade da casa dele para uns 3 ou 4 quilômetros de distância, até a Estação de Paciência.

Antônio relata que, embora não se lembre como, ele se achara em pé, na rua Sta. Eugênia (vide Fig. 5) ao lado da estrada de ferro, não sabendo bem do seu paradeiro. Um dos seres ainda estava ao seu lado. Olhou para trás para descobrir onde estava, depois para cima, para o céu, e viu um enorme “balão” subindo. Abaixando seu olhar, constatou que o ser já tinha desaparecido.

Todos os pertences de Antônio ainda estavam juntos dele, até sua sacola que não estivera junto a ele na nave. Olhou para o relógio: marcava 2:20 hs e estava parado.

Perguntei-lhe se soubera de mais alguém que tivesse feito a mesma observação naquela noite, e ele disse, que de fato houve, que morava na proximidade do campo de futebol, mas que era um sujeito bêbado, portanto não merecia confiabilidade. Este dissera, para quem quisesse ouvi-lo, que tinha visto um disco voador naquela noite.

Antônio, para saber a hora certa, perguntou a um homem que estava na estação próxima aguardando trem e soube que a hora era entre 2:50 hs e 2:55 hs. Há um ônibus que passa por lá às 3:10 hs. Teve tempo para pegá-lo, e foi trabalhar , como se nada de anormal tivesse acontecido na vida dele, chegando ainda tempo para a hora de trabalho. Afinal, a “carona” do OVNI serviu para algo! Mas depois da paz e calma que sentira durante a última parte de sua estadia na nave veio a reação, e estava nervoso, se sentindo mal, com dores no corpo todo. Assim mesmo, foi dirigindo seu ônibus, mas desta vez ou outra, sua vista escurecia. Trabalhou o dia todo, ainda no dia seguinte, sexta-feira, mas chegando em casa naquela noite ele se sentiu quebrado, e foi direto para a cama. Começou em cheio a reação: estava bem doente.

A essa altura Antônio relembrou de não ter me contado a respeito de mais uma imagem (seriam então 11 ao todo) onde ele se vira com fumaça saindo pelas costas, e o calor e a dor que estava sentindo justificariam tal imagem. Nas imagens de dentro da nave tinha sido feita uma lista completa de todas as dores que ele sentiria em seguida, incluindo os vômitos, etc. Resolveu não contar nada do acontecido para a mulher, e naquela noite se desenvolveria uma disenteria aguda. Ele estava mal. No sábado estava doente demais para ir trabalhar e perdeu o domingo também.

Foi no domingo a noite que sobreveio a sensação de calor e coceira. Sua esposa lhe fez uma fricção de álcool, que serviu para diminuir um pouco a dor, mas seu corpo estava latejando. Sua cabeça doía sem parar. Na segunda de manhã ele voltou à companhia de ônibus para dizer que não poderia continuar a trabalhar, pois estava achando difícil até respirar. A coceira e o calor pelo corpo estavam piores justamente onde a luz do disco tinha batido diretamente nele. Ele resolveu tirar a roupa, e pediu aos companheiros na garagem da companhia para molhá-la com a mangueira. Mas mesmo essa medida foi insuficiente para lhe aliviar a dor, e, no seu desespero, ele começou a contar sua aventura com o disco voador.

Quando da minha entrevista com ele, 33 dias depois do acontecimento, ele ainda se sentia leve e “vazio” ao andar, como se estivesse para flutuar. Insistia em me falar sobre seu sofrimento com o calor, dizendo que era como se alguém o tivesse jogado numa panela de água fervendo. Quando ainda se achava na garagem da companhia, a enfermeira quis lhe dar uma injeção tranqüilizante, que recusara, com receio de piorar. Começaram a achar que ele tinha enlouquecido, trazendo até cordas para amarrá-lo. Chamaram uma ambulância, e ele foi levado até o hospital. Mas a “loucura” era atribuída ao fato de ser levado ao hospital, ele tinha sido entrevistado pela psicóloga da companhia, Dra. Neli, e fora ela que recomendou-os aos cuidados da enfermeira, por motivo da dor, e não por motivos das explicações. Tanto assim, que ela foi a primeira a me esclarecer que considerava Antônio uma pessoa normal, diagnóstico que ela manteve depois de completados os exames em 13 de outubro.

Os médicos do hospital asseguraram, por sua vez, que Antônio não padeciam de anormalidade nenhuma, e houve um entre eles que revelou ter tido pelo menos mais um caso equivalente. Ele continuou se submetendo a vários exames seguintes, e tomando vitaminas para se recuperar. Durante este tempo foi procurado pelo pesquisador ufológico Dr. Walter Buller, presidente e fundador da SBEDV. Este médico se interessou profundamente pelo caso e fez tudo dentro do seu poder e de sua especialidade para dar assistência ao Antônio. Acabou escrevendo um longo e minucioso relatório, incluindo os diagnósticos médicos, no Boletim nº 121/125 da SBEDV. Foi uma interessante coincidência o fato de que as nossas pesquisas se desenrolaram independentemente. Ele tomou conhecimento da publicação de um resumo desse meu relato pelo Boletim da APRO (Aerial Phenomena Research Organization) da qual sou investigadora de campo. Os dados encontrados em nossas pesquisas independentes conferem, fato raro e importante.

Comentários

O “Caso de Paciência” requer bastante estudo. Este caso não vai agradar aos que preferem pensar que nosso visitantes são todos angelicais, vindos unicamente a salvar a humanidade. De maneira nenhuma excluo os anjos! Acredito, isto sim, que o Universo (os Universos?) obedece a uma esquema fazendo com que o bem e o mal, se equilibram harmoniosamente.

Não há ainda meio de avaliar quanto dano foi causado ao Antônio, mas uma cobaia dos extraterrestres. O tempo dirá as consequências. Mas estou desde já pronta a criticar que um cidadão honesto, trabalhador, pai de família, seja vítima de um ataque de alhures, do desconhecido, e agora ninguém, destes que poderiam ajudá-lo aqui na Terra, o façam. Argumentar que o infortúnio pode atingir qualquer um, e de muitas maneiras, pois ele poderia ter sido assaltado, assassinado, ou morto em acidente, não resiste como argumento. Tais são as ocorrências corriqueiras do nosso mundo, e nós podemos enfrentá-las de um modo ou de outro.

Mas Antônio é o expoente de uma série de sequestros, na maioria dos quais a vítima não divulga seu segredo, ou ainda, a vítima não volta para poder divulgá-la. É típica uma exclamação do Antônio: “Não fosse a dor, que era insuportável, no hospital, eu juro que nunca teria dado um sopro sobre o que me ocorrera!”

Foi sorte do Antônio de ter logo encontrado uma psicóloga, e de ter um passado limpo. No caso de Barra do Piraí, por mim pesquisado há três anos, quando duas operárias foram expostas à luz de um OVNI, uma delas faleceu meses depois de dores e queixas que nunca foram convenientemente diagnosticadas, e a outra sofreu as consequências, e a outra sofreu as consequências daquela exposição forçada a raios desconhecidos durante pelo menos um ano. Eu a visitei e constatei este fato. Anteriormente a esses fatos extenuantes, ambas as mulheres eram fortes e sadias, cumprindo tarefas na fábrica em que trabalhavam.

As similaridades no caso de Antônio La Rubia, comparadas com outras no exterior, são muitas. O primeiro que me veio a mente foi o caso Peccinetti-Villegas, da Argentina, por causa do sangue que lá também foi tirado do dedo médio, mas da mão esquerda, e das imagens mostradas numa espécie de tela de TV. Imagens projetadas na parede do OVNI, usada como se fosse tela de TV, foram utilizadas em outro caso importante, porém confidencial, pesquisado por mim, caso que se refere ao ano de 1969.

Também no avistamento feito pelo Dr. Jonil F. Vieira em 1967, havia também o fenômeno da sensação de flutuar, ou de levitar, durante dias depois de sua experiência a caminho de Miguel Pereira. A aparência escamosa, descrita por Antônio, e aparentada pelos robos da logo relembrar o caso de mundial repercussão de Pascagoula, de dois operários americanos que foram levados dentro um disco voador. Há até um certo “ar de família” entre os robos descritos pelos dois americanos, cujo retrato falado aparece no livro, “Toda a Verdade sobre os Discos Voadores”, de Ralph e Judy Blum, e o nosso.

Mas os fatos novos mais significativos deste caso são representados pelas sequencias das imagens projetadas, não pelas próprias imagens, mas pela comunicação que elas queriam transmitir. Qual a mensagem? Qual a comunicação? Eis um problema a ser estudado por muitos cientistas especializados. A solução mais simplória daria a entender que, como nós podemos causar danos a eles, assim eles podem causar-lo à nós. Que existem muitos deles, como existimos muitos aqui. Que eles conhecem o nosso futuro, mas nós não conhecemos o futuro deles. E que eles sabem isolar o ser humano numa redoma de luz, e nós não temos poder para isto. E assim por diante.

Haverá tempo suficiente para refletir sobre todos estes problemas antes de que eles cheguem aqui em número sempre maior… em massa?

Fotografia obtida durante reconstituição do sequestro. Créditos SBEDV.

 

Morro Santa Eugênia e Praça Ponto Chique. Créditos SBEDV.

 

Foto panorâmica do local do sequestro presente no Boletim da SBEDV 121/125. Créditos SBEDV.

 

 

O Caso Paciência é um dos mais pitorescos da Casuística Ufológica Brasileira. Fotografia colorizada por Bruce Oliver.

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