O ano de 1954 foi um ano extremamente importante para a Ufologia Mundial. Nesse ano ocorreu uma grande onda ufológica, de proporções mundiais, com várias centenas de avistamentos, pousos e contatos com tripulantes de UFOs. Na França, especificamente, os casos ocorreram com maior intensidade entre setembro e outubro daquele ano.
Naquela época, estavam surgindo organizações e pesquisadores independentes, alarmados pelo crescente número de aparições ufológicas. Na França Aimé Michel e Jean Cocteau eram expoentes. Em 1955, ao discutir sobre os desdobramentos da onda de 1954, Jean sugeriu à Michel que a aparente desordem observada no conjunto de casos da referida onda ufológica, poderia haver alguma ordem nos casos e que Michel deveria analisar os testemunhos correspondentes a um curto período de tempo, podendo ser um dia, ou uma semana.
O ufólogo francês Aimé Michel realizou inúmeros estudos e investigações envolvendo os casos franceses, plotando-os em um mapa de acordo com as datas e horários das ocorrências. Ele percebeu que haviam alinhamentos claros e consistentes nessas aparições que ele chamou de de Ortotenias. Seus estudos foram publicados em seu livro Mysterieux Objets Célestes, publicado em 1958 e significou um passo importante no entendimento do fenômeno e na especulação sobre a possível intencionalidade dos avistamentos ufológicos.
Michel descobriu que no território francês os casos foram aumentando diariamente até o dia 1º de outubro, atingindo o ápice que se manteve até 15 de outubro daquele ano. Após isso, ocorreu um declínio no número de casos, chegando à níveis normais ao final de novembro. Com base nesse estudo, Michel descobriu que as características dos avistamentos formariam padrões específicos consistentes.
Logo no início, ficou claro à Michel que os locais dos avistamentos não ocorriam ao acaso. Na verdade uma certa quantidade de avistamentos se alinhavam em retas de três, quatro e até seis pontos, o que surpreendeu Michel. À este conjunto de linhas ele deu o nome de Ortotenias.
Ele também percebeu que estes alinhamentos tinham curta duração, ou seja, começavam a se formar nas primeiras horas da madrugada, permanecendo durante todo o dia. Após a meia noite os locais onde os casos ocorriam alternavam-se, mudando o padrão do alinhamento. Era como se a inteligência por trás do fenômeno escolhesse uma área específica a cada novo dia de manifestação. Casos que ocorriam por volta da meia noite, geralmente enquadravam-se perfeitamente nos alinhamentos de dois dias consecutivos (exemplos, Foussignargues, 26 para 27 de setembro, Fig. 14).
A maioria absoluta dos casos alinhou-se até o dia 10 de outubro, adequando-se plenamente às ortotenias. No entanto, a partir dessa data, o número de casos que não se alinhavam aumentou dia após dia. Ao analisar os casos que não se alinhavam, Michel descobriu que eles eram basicamente erros de interpretação e fenômenos naturais confundidos com fatos ufológicos. Geralmente, os alinhamentos de casos legítimos formavam conjuntos com formato de estrela, tendo centro dela, coincidentemente, reportes de um objeto voador de maiores dimensões recolhendo ou emitindo naves menores. Um exemplo de caso deste tipo ocorreu na noite de 22 para 23 de agosto de 1954, quando um senhor chamado Bernard Miserey, comerciante da região de Vernon, departamento de Eure (França) chegava em casa. Ele guardava seu carro na garagem de sua residência quando surpreendeu-se com um objeto luminoso pairando imóvel e silenciosamente. Ele tinha o formato de um charuto, na posição vertical. Deste objeto soltou-se um disco voador, que desceu suavemente em direção à um rio, tornando-se muito luminoso. Este objeto apresentava uma espécie de auréola muito luminosa. Após alguns segundos o objeto desapareceu em direção sudeste, em alta velocidade. Após seu desaparecimento, outros quatro objetos surgiram do charuto, descendo suavemente.
Em variados casos daquela onda, observadores mais próximos, descreveram os objetos menores como circulares, hemisféricos na parte de cima e de aspecto variável na parte de baixo. À noite, e em vôo, o objeto apresentava-se geralmente luminoso. A parte de cima avermelhada, alaranjada ou dourada, a de baixo suscetível de emitir cores tais como verde, branca-vermelho, violeta, seja simultânea, seja separadamente. No caso de emissões simultâneas de muitas cores, as fontes luminosas eram como que hastes verticais pendentes do objeto, tendo essas hastes cor diferente. Estas hastes eram vistas ora aparecendo, ora alternando entre si suas cores e dando também impressão de redemoinho. (Exemplo: observações de 3 de outubro, Armentières, Château-Chinon, Montbéliard). Ao invés das hastes, sob o corpo do objeto aparecia, às vezes, um objeto menor, muito luminoso, suscetível de se afastar verticalmente do objeto superior (Casos de 3 de outubro: Marcoing, Liévin, Ablain-Sant-Nazaire, Milly, Champigny).
Igualmente, numerosas testemunhas de casos ocorridos dentro das linhas ortotênicas associaram aos diversos objetos descritos um certo número de fenômenos, sempre os mesmos: parada do motor do carro, extinção dos faróis, formigamento ou sensação de choque elétrico, paralisia do corpo ou dos membros locomotores), aquecimento de objetos chegando ao completo dessecamento de coisas molhadas, agitação ruidosa e magnetização de objetos metálicos, etc.
Sobre as características dos objetos em voo, as testemunhas descreveram basicamente as mesmas características: parada no ar; movimentos em linha reta; chegada em linha reta, mudança de direção, partida em linha reta (neste último caso, a alteração de direção é acompanhada quase sempre da seguinte manobra sempre descrita: súbita moderação da velocidade, parada, descida em ziguezague ou folha morta, aceleração rápida e partida na nova direção). (Nota: esta sequência de fenômenos foi observada de novo em 1958 na União Soviética, com grande precisão, segundo a revista Ogoniok no. 11, de março de 1958). Alguns casos de avistamento de tripulantes foram registrados. Nesses casos o objeto ou ser tinha mais ou menos 1,10m de altura, vestido de escafandro de cor clara, ou talvez translúcido; corpo grande, de deslocava-se marchando, balançando ou saltitando.
A partir deste primeiro enfoque de Aimé Michel, publicado em seu livro, outros investigadores em todo o mundo aplicaram a mesma teoria das ortotenias em suas áreas de pesquisa. No Brasil, o doutor Olavo Fontes mapeou os avistamentos ocorridos em 1960, atingindo resultados semelhantes.
O Corredor Bavic
Se pegarmos os dados da onda de 1954 e assinalarmos todas elas em um mapa teremos a chamada distribuição aleatória (o impacto das balas de um fuzil contra uma parede; o das gotas de chuva sobre uma superfície; a posição das árvores num bosque, são outros exemplos de distribuição aleatória). Mas se pegarmos estes mesmos dados, por dia, detectamos alinhamentos precisos que ultrapassam fronteiras de países.
Em dia 15 de outubro de 1954, por exemplo, houve 8 observações: em Southend (Inglaterra), Calais, Aire-su-la-Lys, Estrada Nacional 68 entre Niffer e Kembs (na fronteira franco-alemã), foz do Rio Pó, oeste de Paris, Estrada no. 7 (ao sul de Montargis) e Fouesnant. Ligando-se a observação italiana à da Estrada Nacional 68, esta linha reta encontra-se, a 400 km. Dali, exatamente com as observações de Aire-sur-la-Lys, Calais e Southend. Essa linha tem 1100 km de comprimento. Além disso, a reta que une a Estrada Nacional 68 a Montargis vai parar em Fouesnant, e a reta Montargis-Calais passa por Paris. Tomemos outro dia, digamos 24 de setembro, quando ocorreram 9 observações, das quais 6 se acham na mesma reta que vai de Bayona a Vichy. Duas das outras três estão alinhadas com uma observação da linha anterior. Com estudos ortotênicos observou-se uma quantidade maior de avistamentos precisamente sobre a linha que liga estas duas cidades.
Alex Mebane, pesquisador norte-americano, estabeleceu matematicamente que a probabilidade de que, sobre 9 pontos dados ao acaso, sobre uma superfície, 6 se encontrem na mesma reta, deveria ser de pelo menos 1:500.000, podendo ser de 1:40.000.000. Dito por outras palavras: a disposição retilínea das observações de 24 de setembro de 1954 não é aleatória. Corresponde a uma ordem específica!
Um ano após a descoberta das ortotenias, outro estudioso francês, Jacques Bergier assinalou uma outra observação nesse mesmo dia 24 de setembro de 1954, que havia escapado a Michel. Ocorrera em Portugal, essa 10a. aparição: um disco voador foi visto por camponês perto do pequeno povoado da Serra de Gardunha, não longe da fronteira espanhola. Esse ponto situa-se exatamente no prolongamento da Linha BAVIC, na direção sudeste. Assim BAVIC conta não com 6 em 9, mas com 7 em 10 das observações no mesmo dia. A probabilidade de ser isso casual chega a zero!
Outra conclusão importante: as linhas não têm a mesma natureza. As de 7 de outubro de 1954 formam sôbre a França uma rede geométrica. As de 24 de setembro e 15 de outubro do mesmo ano reduzem-se a uma ou duas linhas, contudo muito extensas. Posteriormente, Aimé Michel descobriu que outras observações também recaiam na mesma linha BAVIC (por exemplo, as de Tulle e Brive). Retornando ao estudo de seus arquivos, Michel descobriu que durante a onda francesa de 1954, um grande número de outras observações situava-se igualmente sôbre BAVIC. Às vezes, anotavam-se várias reaparições, em datas diferentes, sôbre essa linha (casos de Dole e Jura). Com base nestes novos dados ele formulou então a hipótese de serem permanentes algumas das ortotenias, como essa Linha Bavic.
Essa última teoria foi testada com o auxílio de catálogos de outros países. O doutor David Saunders, antigo membro do Comitê Condon, realizou um estudo sobre a notabilidade do denominado corredor “BAVIC”. Ele estendeu o alinhamento por todo o globo, e chegou a conclusão de que a coincidência era bastante significativa. Na Espanha, Antonio Felix Ares de Blas e David Garcia López, entre outros, utilizaram a teoria de Michel aplicando-as na “ondas ufo” ibéricas de 1950, 1968 e 1969. Nas “ondas ufo” de 1968 e 1969, apesar de não existirem linhas por cima dos quatro pontos, distinguiu-se um “foco de dispersão” no Mediterrâneo que coincidia justamente nas observações de determinados países europeus. Foram aplicados diversos argumentos para encontrar uma explicação natural à “concentração” de observações em certos períodos e, portanto, à hipótese ortotênica. A linha Bavic cobre sucessivamente a França, Portugal, estados nordestinos brasileiros, Argentina, Nova Zelândia, Nova Guiné Oriental, Formosa e Continente Euroasiático. Das seis grandes ondas sucessivas à de 1954, cinco estão cobertas por esse grande círculo enigmático descoberto por Aimé Michel. A Onda Norte-americana de Novembro de 1957 é a única que cai fora da Linha BAVIC, mas nesse caso a onda veio coincidir com um acontecimento terrestre espetacular, o lançamento dos dois primeiros satélites artificiais terrestres (Sputniks I e II), podendo ser interpretada, portanto, de outra maneira e à luz talvez de outra estratégia.
No seu trabalho ortotênico, Aimé Michel pode ter feito um descobrimento capital que, apesar das múltiplas controvérsias, ainda é extremamente importante para a ufologia e deve ser seriamente considerado. No seu livro “Os Fenômenos Insólitos do Espaço” (“Lês Phénomenes Insolites De L’espace”, publicado por Edições “La Table Ronde”, em 1967), Jacques Vallée escreve “resta saber se a possibilidade da sua aparição pelo acaso não foi consideravelmente subestimada”. Vallée teve a idéia de simular num computador uma “onda UFO”, semelhante a ocorrida em 1954. Utilizando um método totalmente automático, a fim de eliminar o que chamou de “variável psicológica do pesquisador”, colocou pontos ao acaso sobre uma superfície esférica representando a França. Em seguida, procurou determinar se houveram alinhamentos. Resultado: Vallée obteve uma linha de cinco pontos, cinco linhas de quatro pontos e vinte linhas de três pontos. Este experimento de Jacques Vallée prova que os alinhamentos podem efetivamente ser frutos do simples acaso. Vale ressaltar que Vallée nunca conseguiu um alinhamento de seis pontos, como o “BAVIC”. Seria o alinhamento “BAVIC” um indício de intencionalidade ou uma formação ao acaso que não ocorreu no estudo de Vallée?
Outros Corredores
Os investigadores franceses Charles Garreau e Raymond Lavier, afirmam que os UFOs aterrissam segundo um plano rigoroso: França e, sem dúvida, outras regiões parecem estar situadas abaixo de uma rede invisível, onda as malhas quadradas teriam 61.116 quilômetros de lado. Aproximadamente 80% das aterrissagens recolhidas durante vinte e oito anos, situam-se sobre o que podemos chamar de corredores de vôo permanente. Este trabalho começou a tomar corpo quando o investigador Raymond Lavier comparou três observações ufológicas de aterrissagem sucedidas em Poncey (1954), Marliens (1967) e Brazeyen-Morvam (1958). Estes locais são eqüidistantes de 43.200 quilômetros entre si. Além disso, estavam situados em duas perpendiculares. Os investigadores franceses quadricularam (lado de 43.200 quilômetros) um mapa do Instituto Geográfico. Incluíram-se todas as aterrissagens cadastradas até o momento e claramente apareceu a existência de corredores permanentes. Posteriormente, comparou-se este trabalho com o realizado pelo investigador neozelandês Capitão Bruce Cathie, que tinha descoberto no seu país uma quadrícula de 61.116 quilômetros, à que denominou de “Harmonic 33”. Este esquema se superpunha exatamente ao quadriculado dos investigadores franceses, que era o suporte principal, e tinha como diagonais dois corredores descobertos. A distância de uma semidiagonal de uma quadrícula de 61.116 quilômetros é igual a 43.200 quilômetros, que é a mesma para a distância medida no mapa de aterrissagem da França. Poderia-se atribuir aleatoriedade a uma parte do aparecimento dos mencionados “corredores” e suas malhas, mas qualquer tentativa de interpretação lógica do fenômeno é digna de se ter em consideração. Dentro da casuística ufológica, recolhida desde 1947, destacamos significativos dados nos quais a intenção exploratória, suas amostras tecnológicas e recursos parecem evidentes.
O doutor Olavo Fontes, a propósito das ortotenias sobre o Brasil, assinalava:
“As linhas ortotênicas incluíam a localização das maiores estradas, de artérias ferroviárias importantes, diques, represas, centrais elétricas, depósitos de água e, inclusive, destacados centros e bases militares, como Fortaleza, Natal e Recife”.
Estas constatações podem ser válidas também em outros lugares do mundo. Não foram poucas vezes que aviões de caça, em missão de proteção de uma base militar, tiveram que interceptar UFOs, assim como o relato de militares sobre as constantes aparições de UFOs sobre depósitos nucleares. Mas afinal, qual é a verdade e a validade desses estudos? Já se especulou até que os UFOs se deslocam dentro de fluxos magnéticos específicos, na atmosfera terrestre, mas nada ficou comprovado até hoje. De fato, por enquanto o fenômeno UFO é uma incógnita total e todo o esforço que objetive encontrar uma ordem lógica é de suma importância.
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