Perseguição em Portage, Ohio

Por: Fenomenum Comentários: 0

Um UFO é avistado em diferentes regiões da cidade de Portage e perseguido por policiais de Ohio, Estados Unidos, em 16 de abril de 1966.

A historia é de uma comédia… de erros, de egrégia falta de consideração para com as testemunhas, de aparente intriga, de excitamento (envolvendo uma perseguição de um carro a 105 milhas por hora) e finalmente, de tragédia. Merece ser contada com algum detalhe e deveria, algum dia, ser publicada na íntegra. Envolvi-me no caso de modo muito superficial pois só me convocaram na qualidade de consultor quando o fato já se achava num estado bastante avançado, mas foi com um grande interesse que observei o desenrolar desde o início. Muito se deve a William Weitzel, assistente de filosofia na Universidade de Pittsburg, Setor de Bradford, que, com cuidado, habilidade, tato e persistência reuniu os diversos detalhes deste relato de Encontro Imediato. Mr. Weitzel autorizou-me a utilizar o material contido no exaustivo relatório que fez sobre o caso, que contém uma grande correspondência com os observadores e com os funcionários governamentais.

Este caso não foi pesquisado pelo Comitê Condon, que, na verdade, talvez nem tenha ouvido referências a ele muito embora o relatório tenha sido redigido seis meses antes do comitê entrar em atividade. Se tivesse conduzido uma investigação, acredito piamente que outro “não-identificado” teria sido acrescentado ao substancial número dos casos Condon que permaneceram insolucionados. Se o grupo da Universidade do Colorado tivesse examinado o caso sem preconceitos, sem dúvida alguma teria conseguido descobrir algum dado interessante.

Se não fosse pela infeliz circunstância do relator inicial, que suportou o impacto do ridículo, se tornando um verdadeiro pária, sofrendo a ruptura do lar e do casamento e sendo obrigado a sofrer humilhações pessoais, este caso histórico poderia ser perfeitamente considerado como uma divertida comédia. Três outros observadores [dois dos quais estavam geograficamente independentes da testemunha inicial e seu companheiro] através das fantasias da cobertura da imprensa e do fracasso da Força Aérea por não interrogá-los, escaparam da acusação, por implicação, de incompetência total, alucinação e ate mesmo insanidade, muito embora tenham descrito, independentemente, o OVNI da mesma maneira que o fez a testemunha “em foco”.

Tudo teve início de um modo bastante rotineiro. Na noite de 16 de abril de 1966, o Delegado do Xerife, Dale F. Spauer, um funcionário que trabalhava em horário integral na delegacia do Condado de Portage, Ohio, apos ter jantado um bife com ovos, ter tirado uma soneca de duas horas, tomado duas xícaras de café, apresentou-se para o plantão a meia-noite (veja Apêndice 1, CEI-9). Foi mandado logo que chegou para verificar uma queixa contra um vagabundo (nada foi constatado). Recebeu um chamado para pegar Wilbur Neff, um mecânico que, naquela ocasião, fazia a ronda com ele na qualidade de “delegado nomeado”. Os dois homens foram mandados para responder a um chamado sobre um carro que tinha batido de encontro a um poste de iluminação, próximo a Atwater Center, Ohio. Mandaram o motorista para o hospital e o carro foi rebocado. A seguir, um funcionário da companhia de eletricidade Edison, de Ohio, apareceu para consertar o poste.

Os dois delegados foram até Deerfield, nas redondezas, para tomar um café e levar uma xícara para o eletricista. Em Deerfield ajudaram um homem cujo carro tinha enguiçado e trataram de arranjar-lhe um reboque. Voltaram a cena do poste acidentado por volta das 4:45 da madrugada.

Enquanto conversavam com o eletricista da Edison de Ohio, o rádio de seu carro comunicou que uma mulher, do condado de Summit, situada bem a oeste do condado de Portage, tinha comunicado um objeto profusamente iluminado “tão grande quanto uma casa” sobrevoando a sua vizinhança. O objeto, contou a mulher, encontrava-se muito baixo para ser um avião e alto demais para ser uma lâmpada da rua. Imediatamente, foram ditas piadas para a estação de rádio e para o eletricista. Nem Spaur nem Neff levaram o assunto a sério.

Em seguida, os delegados rumaram para oeste pela estrada 224 com a intenção de preencherem um formulário do acidente no hospital. Viram um carro parado no acostamento do lado sul da estrada. Deram a volta com a rádio-patrulha e aproximaram-se do carro abandonado, vindo por trás. Spaur relatou o que aconteceu:

“Ele (Neff) saltou pelo lado direito e eu pelo esquerdo. Ele dirigiu-se para o ângulo frontal direito da rádio-patrulha, onde parou, isto é uma espécie de segurança policial, e eu dirigi-me para o lado esquerdo da parte posterior do outro veiculo. Dei uma volta apenas para fazer uma espécie de controle visual da área, para certificar-me de que ninguém tinha ido para o mato, sabe como é, para fazer alguma necessidade ou qualquer outra coisa. E eu sempre olho para trás de modo a que ninguém apareça pelas minhas costas. E quando eu olhei para esta zona boscosa atrás de nós, eu vi a coisa. Nessa hora estava subindo. E há ali uma inclinação suave; elevou-se ate o nível das copas das arvores, a cerca de cem pés de distancia. Começou a vir na nossa direção… bem, as árvores que ela estava sobrevoando ficavam bem em cima dessa elevação, bem ao lado da estrada… E naquele momento eu observava a coisa. Estava tão baixa que não se podia vê-la até que estivesse bem em cima da gente. Olhei para o Barney (Neff) e ele ainda continuava com os olhos presos no carro, no carro diante de nós… e a coisa foi ficando cada vez mais brilhante, e mais brilhante, a área começou a ficar clara e olhei outra vez para o Barney e disse-lhe para olhar por cima do seu ombro. Ele fez o que lhe dissera. Não disse nada, limitou-se a ficar onde estava com a boca aberta durante um minuto e como a claridade era muito intensa olhou para o chão. E eu comecei a olhar para baixo. Olhei para as minhas mãos, e minhas roupas não estavam queimando nem nada, quando a coisa parou bem em cima de nós. A única coisa, o único som em toda a área era um zunido. Não era nada que estivesse gritando ou realmente selvagem. E modificou-se um pouquinho… soava como um transformador sendo carregado ou um transformador sobrecarregado no momento da troca.

Senti muito medo durante alguns minutos; para falar a verdade estava petrificado: então mexi o pé direito e tive a impressão de que tudo funcionava bem. E, lógico, ele tomou a mesma decisão que eu, colocar alguma coisa entre eu e ela, a coisa. Portanto, fomos os dois para o carro, entramos e nos sentamos. Não me aventuro a dizer que levou 10, 30 segundos ou três minutos — e a coisa ficou ali e pairou, e nós não fizemos nada… nada mesmo… e a coisa afastou-se rumo ao leste (estavam agora virados para o leste) e lá ficou por um segundo nada acontecia comigo e Barney parecia estar bem. Apertei o botão do microfone e a luz apareceu, então peguei-o. Comecei a lhes dizer, sabe não? Que aquela coisa estava ali. E pensei, bem se eu fizer, ele pensara. . . portanto limitei-me a contar para Bob através do rádio, disse: “Este objeto brilhante esta bem aqui, aquele que todo mundo diz que esta passando por aqui”. E ele respondeu “Atire nele! “Essa coisa era, puxa, não era de brincadeira, esta… Mas que diabo, era tão grande quanto uma casa! E era muito brilhante; teria feito seus olhos se encherem de lágrimas.

Receberam ordens para acompanhar a aparição e assim começou, talvez, a mais violenta caça à um OVNI de que se tenha notícia. O objeto foi seguido por mais de 70 milhas, as vezes em velocidades tão altas quanto 105 milhas por hora.

Enquanto a caçada estava se realizando, o Policial Wayne Huston, na sua rádio-patrulha perto de East Palestine, Ohio, cerca de 40 milhas a leste do ponto onde teve início a caçada, escutava a conversa mantida pelo rádio entre Spaur e seu escritório em Ravenna.

Posteriormente, por meio de um testemunho assinado, Huston admitiu para Weitzel:

Falei com Spaur pelo rádio. Encontrei-me com ele na extremidade norte da cidade na Estrada 14. Vi a coisa quando Dale se encontrava à umas cinco milhas de distância de onde eu estava. Quando apareceu, devia estar a 800-900 pés descendo a Estrada 14. Foi quando a vi mais baixo.

Enquanto ele voava por ali, eu estava de pé ao lado da radio-patrulha. Observei-o seguir direto acima de nós. Tinha o formato semelhante à um sorvete em cone com um pouco da parte superior derretida. A extremidade mais fina do cocuruto estava para baixo; a parte superior parecia-se com uma cúpula. Spaur e Neff desceram a estrada bem atrás dele. Segui atrás deles. Seguíamos a uma velocidade de 80 a 85 milhas por hora e umas duas vezes a 105 milhas por hora. Num determinado momento fiquei colado ao pára-choque de Spaur e verificamos um com o outro o que estávamos vendo. Estava bem na nossa frente, meia milha ou três quartos de milha mais adiante.

Conheço Rochester bastante bem (estavam agora na Pensilvânia, a umas 15 milhas da fronteira de Ohio), e eu os ia orientando pelo rádio. Durante todo o trajeto estávamos tentando entrar em contato com um carro da Pensilvânia. Pedi a base para se comunicar com a delegacia da Polícia Estadual de Chippewa para verificar se tinham um carro na 51; não tinham. O primeiro carro da Pensilvânia que avistamos foi em Conway (poucas milhas depois de Rochester). Dale estava com pouca gasolina e paramos onde Frank Panzanella estava estacionado.

Portanto, aparece aqui o quarto observador: Frank Panzanella. policial de Conway. Seu testemunho assinado diz:

às cinco e vinte da manhã, parei no Hotel Conway e tomei uma xícara de café. Depois deixei o hotel seguindo pela Second Avenue. Olhei para a direita e vi um objeto brilhante. Julguei que se tratasse de um reflexo de um avião. Então, sai da radio-patrulha e olhei novamente para o objeto. Vi dois outros carros da patrulha aproximarem-se; os policiais saíram e perguntaram-me se eu tinha visto o objeto. Apontaram para ele e disse-lhes que o estava observando já fazia uns dez minutos. O objeto tinha o formato de uma bola de rúgbi cortada pela metade, era muito brilhante e tinha uns 25 ou 35 pés de diâmetro. A seguir, o objeto deslocou-se rumo a Harmony Township numa altitude aproximada de 1.000 pés; então parou e subiu direto, numa velocidade louca, para os 3.500 pés (e, segundo a outra testemunha, parou). Chamei então a estação base e disse ao rádio operador para notificar o aeroporto de Pittsburgh. Perguntou-me se me sentia mal. Respondi-lhe que se estava doente, os outros três patrulheiros também estavam. O objeto continuou a subir até que ficou tão pequeno quanto a esfera de uma caneta esferográfica. O objeto, em relação a lua estava bastante distante e à sua esquerda (Vênus estava a direita da lua). Não podia ver a lua de onde me encontrava. O objeto foi visto entre duas antenas num quintal, do outro lado da rua, para o leste. Nós quatro vimos o objeto disparar direto para cima e desaparecer.

O objeto estava plainando quando o avião que decolava do aeroporto passou por debaixo dele, em seguida disparou direto para cima segundo todas as testemunhas.

O Major Quintanilla, então chefe do Projeto Livro Azul, tentou, estabelecer uma interpretação de que todos os quatro policiais, que se envolveram numa seqüência e de forma independente, tinham primeiro avistado um satélite (mesmo se, naquele tempo, nenhum satélite estivesse visível em Ohio ) e de alguma forma conseguiu transferir suas atenções para Vênus (que tinha sido avistado pelos observadores enquanto o objeto mantinha-se a vista). A “investigação” inicial foi superficial; o inquérito inicial, feito com apenas uma das testemunhas, Spaur, constou de apenas uma ligação telefônica de dois minutos e meio, que, segundo Spaur, começou com as palavras: “Fale-me sobre essa miragem que viu”. A segunda entrevista, também por telefone, durou um minuto e meio. Segundo a declaração assinada por Spaur, Quintanilla desejava, aparentemente, que Spaur dissesse ter visto o OVNI durante alguns poucos minutos; quando este lhe disse que o objeto estivera a vista quase que sem interrupções enquanto os observadores o perseguiam de Ohio atá a Pensilvânia, percorrendo uma distancia de umas 60 milhas, ele terminou rapidamente a conversa.

O método empregado por Quintanilla era simples: ignorar qualquer prova que fosse contraria à sua hipótese. Menos de cinco minutos de conversa pelo telefone foram suficientes para o Livro Azul chegar a uma “solução” do caso; somente após ter sido pressionado pelo Congresso é que Quintanilla viajou para Ravenna, Ohio, e dirigiu-se ate o escritório do xerife do condado de Portage, para entrevistar Spaur e Barney Neff.

A entrevista foi gravada por Weitzel a pedido de Spaur, e nos oferece uma rara visão do Projeto Livro Azul por dentro. Desta feita a entrevista foi demorada e envolvente. Alem dos testemunhos de Spaur e Neff, também incluiu o do delegado xerife Robert Wilson, o rádio operador que se mantivera em contato com Spaur e Neff, e do Xerife Ross Dustman cujo principal papel foi dar um depoimento a favor do caráter dos seus delegados. Contudo, excluiu duas testemunhas de primeira grandeza. O Patrulheiro Huston de East Palestine, Ohio, e o Patrulheiro Panzanella, de Conway, Pensilvânia, que se juntou aos outros três quando o avistamento chegou a sua cidade.

Devido a extensão da entrevista gravada, só poderemos transcrever algumas partes e estas estarão forçosamente fora de contexto.

SPAUR: Em segundo lugar, tenho a impressão de que Vênus nasce no leste, como estrela matutina. E isto, possivelmente, e outra coisa que esta errada.

QUINTANILLA: Depende, depende.

S: Como?

Q: As vezes ela aparece bem em cima de você.

S: Esta bem. Tudo certo. Bem, de qualquer modo…

Q: Vênus, Vênus… Vênus hoje (ruído de papel sendo remexido) surge as duas e quarenta e nove da manhã. E surge à 150 graus azimute à 25 graus de elevação. Ela não tem necessariamente que surgir rente ao horizonte; pode nascer mais alta. Mas esta na eclíptica, é verdade.

S: Está certo, então está na eclíptica. Admitamos que esteja certo. Mas isto, esta coisa é grande assim, e bem baixa e esta gente observou esta coisa por toda a região de Mogadore; comunicaram o fato e eu a segui e Barney estava comigo. Íamos descendo a estrada; então o senhor vai ter que descontar, bem, havia dois loucos. Estávamos perseguindo Vênus. Agora Vênus…

Q: Olhe aqui, espere um instante.

S: Muito bem, espere um instante, deixe-me falar…

Q: Você usou a palavra errada…

S: Esta bem. Ora…

Q: Sou um oficial da Forca Aérea dos Estados Unidos…

S: Correto. O senhor realmente é…

Q: E não chamo ninguém de maluco.

S Não, tudo bem. Então eu tive alucinações! Mas o que eu estava dizendo…

Q: Não disse que você tivesse tido alucinações.

S: O que estou tentando dizer é o seguinte. Estou descendo a estrada; então, essa coisa que estou seguindo…

Q: E trate de me tratar com o mesmo respeito com que o trato.

S: E o que farei senhor. Estou. Tratarei o senhor com mais respeito do que venho sendo tratado nos últimos…

Q: Não o estou chamando de louco. Só estou afirmando que tivesse tido alucinações.

S: Tudo bem, nos últimos vinte dias! De qualquer maneira… esta coisa passa por cima de outro carro da policia. Este observou a coisa passar; tornou a localizá-la. Isto é, há dois carros que estão vendo Vênus. Então vamos os dois descendo pela estrada. E entramos em Conway, Pensilvânia, e então esta coisa passa por cima de um terceiro carro que estava parado. Nem usamos a mesma freqüência (uma referência ao fato de que ele e o outro patrulheiro não poderiam ter se comunicado antes do acontecimento). Jamais conheci, vi, falei antes nem depois com esse outro policial. Ele estava observando a mesma coisa quando ela passa por cima dele, rumando para Pittsburg, enquanto nos passávamos a toda velocidade. Bem, nós observamos aquilo, quatro homens, todos lá, quatro policiais. Provavelmente o senhor dirá o que bem entender, mas ficamos lá, ficamos observando, vimos o avião passar por debaixo dela (uma referencia ao avião que tinha acabado de decolar do aeroporto de Pittsburg), e vimos quando ascendeu diretamente para cima. E isto, senhor…

Q: Desapareceu.

S: Posso garantir que é a pura verdade a verdade de Deus. Sim, senhor. A única coisa que restava para se olhar, depois que fomos até a estação e chamamos o cara (o rádio operador tinha retransmitido uma mensagem para chamar um “coronel” ou algo assim), era uma mancha brilhante que estava lá. O sol estava todo de fora e a lua estava desaparecendo. Devia ser mais ou menos um quarto de lua (na verdade foi quatro dias antes da lua nova) logo próximo da lua o que poderia ser ao sul da lua se o senhor estivesse virado para o oeste (leste), havia uma mancha brilhante. Disse que seria provavelmente, devia parecer com a borracha de um lápis, brilhante mesmo (Isto, é claro, era Venus, mas assim mesmo Quintanilla obstinadamente apegou-se a hipótese de ser Venus o avistamento). .

Wilson: (o rádio operador que operava o rádio mas que não tinha visto o OVNI.) Era a nave-mae.

S: O que? A outra nave?

W: Era a nave-mae!

S: Ah, a nave-mae. Olhe, vocês vão conseguir me convencer daqui a pouco. Ai, arranje-me um tranqüilizante e um pouco de café… (risos) Esta coisa estava parada, devia estar a esquerda, que era o norte, e nós ficamos olhando e ela subiu, parou, o avião comercial passou por debaixo dela e depois ela foi direto para cima. Apenas tão reto quanto, ora, direto para cima. E então… eu, ai, eu não podia imaginar o que fosse, sei que as pessoas podem ficar fixadas em alguma coisa talvez, ou alguma coisa como esta; mas eu não penso que… não posso entender como eu mesmo, um outro carro patrulha e um outro sujeito e tudo isto pudesse estar-se passando. Perseguindo Venus. Eu, ora, não abro mão de nada do que disse. Sei que há… talvez seja esta uma forma para descontar os exageros do relato ou seja lá o que for, mas estava lá. Vi muito bem.

Q: Dale, não é uma questão de descontar exageros; estamos tentando conseguir (uma palavra incompreensível). Estamos procurando determinar o que era.

S: Senhor, se pudesse lhe dizer o que era, acredite-me, Major, eu… eu mesmo… e como já disse antes, se lhe tivesse dito que tinha visto um Ford descendo a auto-estrada, o senhor saberia a respeito do que eu falava. E se o senhor dissesse “Olhe, lá vai um Chevrolet”, o senhor saberia do que estava falando, o que tinha identificado e eu saberia o que era. O mesmo quanto a uma aeronave. O senhor diz “Lá vai um B-29” e eu respondo “Sim, sem duvida, e um velho cavalo de guerra”, ou algo assim e a coisa está identificada. Mas aquilo, nunca vi nada como aquilo antes, ou depois ou na minha imaginação mais puxada pude pensar que existisse. Sei que se pode ter uma ilusão de ótica, ou até mesmo ver alguma coisa se deslocando, ou como se olhasse através de um caco de vidro ou algo…

Q: Sim, distorções.

S: Posso continuar com isto. Mas nunca vi nada tão grande. Nos meus mais estranhos sonhos acho que não teria sido capaz de imaginar uma coisa como aquela ou tê-la visto. Mas a coisa estava lá. Vi-a com toda a clareza; ví-a fora do carro. Ví-a de dentro do carro e ví-a fora do carro depois que cheguei em Conway. E detestaria pensar que arrisquei a vida deste homem (Neff) e as vidas de diversas outras pessoas perseguindo Vênus. Não acredito nada que eu estivesse perseguindo Vênus. Não sei como explicar. Não faço a menor idéia. Mas, senhor, esta coisa era tão real quanto (palavra confusa)…

Q: Sabe de uma coisa Dale? Vou lhe dizer isto seja lá para o que for; você não é a primeira pessoa que passa por uma coisa dessas.

W: (rádio operador): O que a Força Aérea julga que seja isto, Major?

Q: Interpretações errôneas de objetos convencionais e fenômenos naturais. No ano passado tivemos 245 casos astronômicos.

W: Aquilo que Dale viu… em qual categoria se enquadra?

Q: Coloque-o na categoria de observações astronômicas e de satélites. .

Atualmente este caso consta das estatísticas do Livro Azul como uma observação de Vênus mesmo se tanto o objeto quanto Vênus tenham sido relatados como vistos.

Quatro diferentes conjuntos de olhos humanos registraram algo aos seus cérebros, quatro cérebros que estavam acostumados a fazer avaliações a respeito das coisas que seus olhos viam. Dois observadores estavam num carro; os outros dois encontravam-se em cidades diferentes. O testemunho dos outros dois policiais nunca foi obtido.

Quintanilla sentía-se obviamente satisfeito por ter atendido as exigências do método cientifico. Na verdade, teria achado suficiente o testemunho dado pelo telefone durante quatro minutos se o deputado Stanton não tivesse forçado a mão por ter um interesse pessoal no caso.

Reservei um espaço considerável a este incidente porque é indicativo da minha experiência com o Livro Azul durante tantos anos como seu consultor. Os casos que eu julgava como interpretações errôneas e duvidosas o Livro Azul fazia o impossível para colocar no registro; casos como este, que estavam abertos à pesquisa e tinham uma possibilidade de conter algo “genuinamente novo e empírico”, eram tratados com pouco ou nenhum interesse.

Se os observadores deste caso não fossem policiais, estou certo de que a avaliação teria sido “testemunhas duvidosas”, uma categoria favorita para os casos nos quais as testemunhas não tinham condições de defesa. Classificar um policial como uma testemunha duvidosa seria uma atitude pouco política, portanto a categoria de “astronômico” foi escolhida, apesar da opinião contrária do consultor astronômico.

Qualquer leitor perspicaz já deve ter notado que duas questões estão interligadas em todo este assunto: uma está presa à realidade do fenômeno OVNI relatado; a outra, e a questão da metodologia e da integridade científica. Independentemente de como a primeira questão fica resolvida com o tempo, o registro demonstrara que, mais uma vez, na longa historia da ciência o preconceito, a emoção e “o provincialismo temporal” obstaculou, no caso da pesquisa dos OVNIs, a marcha da ciência e da aventura intelectual que poderia ter sido profundamente ilustrativa.

O caso do Condado de Portage foi muito embaraçoso para mim de vez que foi dito e redito que o Livro Azul não adotou nenhuma interpretação astronômica com relação à um avistamento de OVNI sem que eu me tivesse pronunciado como consultor astronômico, mas a regra era frequente e flagrantemente violada. Aqui, por exemplo, a classificação do caso como um “satélite e Vênus” foi feita sem que me tivessem ouvido.

Três meses mais tarde mandaram-me a ficha do Livro Azul a respeito do caso; minha classificação foi um claro “Não-Identificado”— uma classificação que estava bastante alicercada no fato que tinha ficado estabelecido, através do testemunho gravado, de que os observadores tinham visto Vênus assim como o OVNI também. Os policiais não conheciam o planeta pelo seu nome, mas confirmaram que havia uma “mancha brilhante próximo a lua”. Naquela manhã, Venus situava-se há apenas alguns graus da parte superior direita da lua. Os observadores afirmaram que a medida que a claridade da alvorada aumentava antes do nascer do sol, a silhueta do OVNI tornava-se mais distinta; com Vênus teria acontecido justo o oposto a medida que o dia fosse rompendo. O sol naquele dia, nasceu as cinco e quarenta e dois e o avistamento terminou pouco depois. Isto não significou nada. Não quiseram acolher a minha opinião.

Apresentei aspectos deste caso com alguns detalhes porque, embora seja apenas um entre tantos outros parecidos, trata-se de um ótimo exemplo de um Encontro Imediato de Primeiro Grau, da falta de imaginação do “estabelecimento” e da “verdadeira” natureza da experiência para o observador.

A seqüência deste caso nada tem de agradável. O público, sobretudo devido a imprensa e a concentração do Livro Azul em Dale Spaur, chegando, praticamente, a excluir, as outras três testemunhas, ficou com a impressão de que se tratava de um caso envolvendo um policial que tinha perdido a razão e passara por uma alucinação sem par. Esta mais do que claro de que esta foi a implicação da entrevista de Quintanilla com Spaur. Posteriormente, ele foi afastado da polícia devido ao insuportável ridículo a que se expusera e a pressão desfavorável da publicidade. A combinação dos acontecimentos estragou sua vida no lar, afastou-o da mulher e arruinou sua carreira e sua saúde. Já não faz mais parte dos quadros da polícia e, comenta-se, que subsiste a custa de biscates.

Felizmente, os desfechos trágicos não fazem parte do protótipo do Encontro Imediato do Primeiro Grau. Mas, o caso de Portage County e outros escolhidos como representativos usados neste capítulo, retratam a natureza do OVNI quando experimentado de muito perto.

Lurninescência brilhante, tamanho relativamente pequeno (da ordem das dezenas e não das centenas de pés), geralmente de formato oval—as vezes, encimado por uma cúpula—ausência de asas convencionais, rodas, ou outras protuberâncias e a capacidade de pairar no ar e acelerar rapidamente para velocidades altas caracterizam o OVNI num encontro imediato. A localização da aparição parece ser uma das principais características. As trajetórias do OVNI são, principalmente verticais quando as velocidades são elevadas – ascensões em ângulos de 45º graus ou mais parece ser a regra geral.

Protagonistas do caso, Operador de rádio, Robert Wilson (direita), Dale Spaur (centro) e Gerald Buchert (esquerda).

 

Jornal da época noticiando o caso.

 

 

Jornal da época noticiando o caso.

 

 

Mapa da perseguição.

 

 

Desenho do objeto feito por uma das testemunhas.

 

Desenho do objeto feito por uma das testemunhas.

 

Astrônomo Joseph Allen Hynek.

 

 

 

 

 

Referências:


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