Sirius – O Enigma da Estrela do Cão

Sirius – O Enigma da Estrela do Cão

Na constelação do Cão Maior existe uma estrela, chamada Sirius B, que pode ser a resposta para o grande mistério que envolve a origem do homem, da cultura, da ciência, da religião e da arte. Quanto mais nos aprofundamos nessas pesquisa, mais pistas apontam naquela direção. Dos mitos da antiguidade às provas materiais mais recentes, tudo nos leva a crer que, em determinado momento da pré-história, os habitantes de Sirius teriam aterrissado em nosso planeta.


Neste artigo:


Introdução

Sirius é a estrela mais brilhante, visível a olho nú céu noturno. Localizada na constelação do Cão Maior, pode ser vista a partir de qualquer ponto na Terra. Ela está situada a 8,5 anos luz de distância da Terra, sendo então uma das estrelas mais próximas da Terra.

A partir da Terra, vemos apenas um único ponto luminoso, e por milênios foi considerada como uma estrela convencional. Entretanto, com o advento da astronomia e dos equipamentos de observação, descobriu-se que ela na verdade é uma estrela binária. Em 1844, o astrônomo Friedrich Wilhelm Bessel descobriu uma irregularidade nos movimentos da estrela, que ao invés de possuir um movimento retilíneo demonstrava um movimento ondulatório.

Sirius é a estrela mais brilhante da constelação do Cão Maior.

Ao longo de 10 anos, ele e seus assistentes mantiveram observações constantes da estrela documentando o movimento sistemático da estrela. Isso indicava que algo estava influenciando a órbita da estrela. Os astrônomos chamaram este misterioso corpo celeste de Sirius B.

Em 1862, outro astrônomo, Alvan Graham Clark observou visualmente esta segunda estrela. Com o passar dos anos, os astrônomos descobriram que a distância entre Sirius A e B era de aproximadamente 50 unidades astronômicas, o equivalente à distância entre o Sol e o planeta Urano.

Sirius é um sistema estelar binário, situado a 8,5 anos-luz da Terra.

Do ponto de vista histórico, Sírio sempre foi muito importante no céu noturno e fruto de um significado muito especial dado pelas mais diversas culturas. Recebeu cultos astrológicos sob a alcunha de Sótis no Vale do Nilo do antigo Egito, muito antes de Roma ter sido fundada. Diversos templos em sua honra foram erguidos de forma a permitir que a luz de Sírio penetrasse por um orifício até as aras internas. Crê-se que o calendário egípcio seria baseado no surgimento de Sirius pouco antes do nascer do Sol, que ocorre um pouco antes das cheias anuais do rio Nilo e do solstício de verão.

Na mitologia grega, consta que os cães de caça de Órion teriam ascendido aos céus pelas mãos de Zeus, tomando a forma da estrela Sirius ou das duas constelações do Cão Maior e Cão Menor. Os antigos gregos também associavam a estrela ao calor do verão, apelidando-a de Sirius, que é geralmente traduzida como A Escaldante. Essas associações com o verão e o mormaço explicariam, por exemplo, a origem da expressão popular calor do cão.

Estrelas brilhantes eram importantes para os antigos polinésios para navegação entre as várias ilhas e atois no Oceano Pacífico. Quando estão baixas no horizonte, elas agiam como bússolas estelares para ajudar navegantes a traçar cursos para alguns destinos. Também serviram como marcadores de latitude: A declinação de Sirius coincide com a latitude do arquipélago de Fiji a 17°S e passa diretamente sobre as ilhas todas as noites.

Sirius serviu como o corpo de uma constelação de um “Grande Pássaro” chamado Manu, com a ponta da asa sul na estrela Canopus e da asa norte na estrela Prócion, dividindo o céu noturno em dois hemisférios. Assim como a aparição de Sirius marcava o verão na Grécia, marcava o início de um inverno frio para os Maori, cujo nome Takurua servia tanto para a estrela quanto para a estação. A culminação no solstício de inverno era marcada por uma celebração no Havaí, onde era conhecida por Ka’ulua ou “Rainha do Céu”. Outros povos polinésios também atribuíram-lhe os nomes Tau-ua nas ilhas Marquesas, Rehua na Nova Zelândia e Aa ou Hoku-Kauopae no Havaí.

Todas essas associações surgiram da observação sistemática do céu, associando a estrela às diferentes estações vivenciadas por aqueles povos. Entretanto, enquanto todos os povos tinham tais conhecimentos limitados pela observação, um povo nativo, até hoje tido como primitivo, extrapolou todos os conhecimentos sobre Sirius.

Os Visitantes Anfíbios

A república do Mali fica na parte ocidental da África, ao sul da Argélia e da Mauritânia, em uma área de transição entre o deserto do Saara e as savanas africanas. Ao sul da capital Tombuctu, no planalto de Bandiagara, vive uma tribo de nativos conhecidos como dogon. Uma tribo classificada como primitiva pelo mundo moderno, mas que possui conhecimentos ancestrais que surpreendem e intrigam, sendo por isso, uma das etnias africanas mais fascinantes do ponto de vista antropológico, espiritual e cosmológico.

O povo Dogon vive no Mali e possui conhecimentos ancestrais impressionantes.

Sua cultura milenar, onde o conhecimento foi transmitido de geração em geração por meio da oralidade, preserva tradições que desafiam os limites da compreensão ocidental, notadamente seus conhecimentos astronômicos surpreendentes que intrigaram cientistas e estudiosos de todo o mundo.

Conhecimentos originados há milênios, que foram confirmados pela Ciência moderna. A pergunta que é: como aquele povo, vestindo panos rústicos e vivendo em casas de barro com telhados de palha, soube dessas informações?

A sociedade Dogon é altamente estruturada e hierárquica. No centro da vida comunitária está o “Hogon”, o líder espiritual e político, geralmente um ancião respeitado escolhido por sua sabedoria e conexão com o mundo espiritual. O Hogon não deve ser tocado após sua consagração, e sua alimentação é feita por um assistente, respeitando os tabus de pureza e isolamento.

Os Hogons são os líderes do povo Dogon.

Além do Hogon, há também líderes de linhagem, chefes de clã e especialistas rituais, como os “olubaru” (sacerdotes) e os “awos” (adivinhos). A linhagem familiar e a ancestralidade têm um papel fundamental na definição do status social e das funções cerimoniais de cada indivíduo.

A religião Dogon é profundamente animista e cosmológica. A cosmogonia Dogon é narrada por meio de símbolos, mitos e rituais extremamente complexos, muitos dos quais codificados nas máscaras utilizadas em cerimônias sagradas.

No centro de suas crenças está o deus criador Amma, que criou o universo a partir de um ovo cósmico, em estágios sucessivos, com dualidades representadas entre ordem e caos, masculino e feminino, água e fogo. Do ovo cósmico emergiram as primeiras criaturas vivas, os “Nommos”, seres anfíbios sagrados que desceram do céu para organizar o mundo e ensinar os humanos.

Arte Dogon representando a divindade Amma.

Segundo os dogon em algum momento do passado remoto da humanidade, seres anfíbios, chamados por eles de nommo, visitaram a Terra, com a missão de civiliza-la.

O intrigante nisso tudo é que o conceito milenar dos Dogon, transmitido de geração em geração através dos milênios carregava informações que foram confirmadas pela Ciência na era moderna. Mesmo sem ter equipamentos científicos ou o conhecimento científico que temos hoje, os dogon sabiam que Sirius é um sistema estelar binário, representando ambas as estrelas em seus desenhos e ornamentos rituais. E nessas representações, eles incluem um terceiro elemento, que poderia ser um mundo próximo à Sírius B, onde segundo eles, os nommos teriam se originados.

Mas o conhecimento não para por aí. Os nativos sabiam que o período orbital de Sirius B é de 50 anos. Segundo a tradição dogon Sirius B gira em tomo do seu eixo, demonstrando que eles sabiam que uma estrela tinha um movimento de rotação. Eles também afirmam que Sirius B era muito menor que Sirius A, fato confirmado pela Ciência moderna, no século XX.

O conhecimento ancestral do povo Dogon, passado de geração em geração, falava de coisas que só foram descobertas no século XX, pela Ciência.

Além disso, os dogon também sabiam da existência de quatro grandes luas em Júpiter e dos anéis de Saturno.

O conhecimento dessa tribo não se limita à astronomia. Eles sempre souberam a função do oxigênio no corpo humano, da circulação do sangue — algo que a ciência só entendeu no século 16.

O povo Dogon mantém viva a sua cultura ancestral, ligada à seres que vieram do céu.

Todo esse conjunto de conhecimentos foi documentado pelos Antropólogos franceses Marcel Griaule e Germaine Dieterlen, que viveram com os Dogon por décadas.

Esse conhecimento gerou hipóteses controversas, como a de que os Dogon teriam recebido tais informações de seres extraterrestres, possivelmente os Nommos, que teriam influenciado o surgimento de povos do passado.

O antropólogo Marcel Griaule estudou por anos o povo Dogon.

Sirius e a Origem da Humanidade

O pesquisador Robert Temple, especialista em sânscrito da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, defendia a tese de que o planeta Terra foi visitado por habitantes de Sirius.

“Quando comecei a trabalhar, aprofundando-me no assunto, essa questão já fora postulada nas tradições de uma tribo africana, os dogons, que vivem no Mali, região do antigo Sudão francês. Os dogon possuíam dados tão incríveis a respeito da estrela Sirius que me senti forçado a examinar as informações deles. Sete anos mais tarde, em 1947, consegui provar que os dados dos dogons tem mais de 5 mil anos de idade, fazendo parte também do conhecimento dos egípcios nos tempos pré-dinásticos. Também provei que os dogon descendem cultural e biologicamente daqueles egípcios”.

“Parece incrível, mas não há outro jeito. Quando nos aprofundamos no que chamamos de a origem da civilização humana nesse planeta, temos que contar com a possibilidade de que homens primitivos tenham recebido uma quantidade de elementos culturais das mãos de seres extraterrestres. Verdades que deixaram rastros que hoje já podemos decifrar”.

O historiador Robert Temple acredita que este povo teve interações com extraterrestres no passado.

Segundo as análises de Temple, com base nas tradições Dogon, os nommos teriam vindo à Terra em uma nave, que produzia muito barulho e calor, lembrando muito alguns dos relatos contemporâneos de aparições de OVNIs.

Após sua chegada, eles teriam espalhado os princípios da civilização: ensinando a agricultura, a metalurgia, a organização social e transmitindo o conhecimento dos astros.

Arte Dogon representando um Nommo.

Essa narrativa é semelhante à outras mitologias com entidades vindas das estrelas, muitas vezes com aparência anfíbia ou reptiliana. Entre os sumérios existe o mito de Oannes. Os babilônios falavam de Enki. Os astecas tinham Quetzalcóatl e os maias Kukulkán. Para os teóricos do paleocontato, esses padrões reforçam a hipótese de uma herança comum ligada a visitantes celestes.

Apesar do fascínio que a mitologia Dogon exerce, a ideia de que esse povo teria tido contato com seres extraterrestres é fortemente debatida. Críticos alegam que os antropólogos poderiam ter, consciente ou inconscientemente, influenciado os Dogon com informações modernas, misturando dados ocidentais com o conteúdo oral tradicional. Outros sugerem que os Dogon teriam tido acesso a essas informações por meio de contatos com missionários ou exploradores europeus antes da chegada dos antropólogos.

Os Dogons falavam há milênios que Jupiter tinha quatro grandes luas.

No entanto, mesmo com essas críticas, muitos aspectos da cosmologia Dogon continuam enigmáticos. A profundidade de seus símbolos, o calendário agrícola alinhado com ciclos celestes e sua complexa mitologia indicam uma observação do céu altamente sofisticada, que antecede a ciência moderna em certos aspectos.

Com o avanço da globalização, as tradições Dogon enfrentam desafios. A pressão da islamização, o turismo e o êxodo rural têm provocado mudanças no modo de vida tradicional. O turismo, embora gere renda, também banaliza elementos sagrados da cultura Dogon, como o uso de máscaras em contextos comerciais.

O povo Dogon resiste ao crescimento do Islã, à guerras, explorações e à degradação ambiental.

Além disso, conflitos armados na região do Sahel, a presença de grupos extremistas e a degradação ambiental representam ameaças reais à sobrevivência física e cultural dos nativos.

O povo Dogon continua sendo objeto de admiração e estudo. Sua arte é valorizada em museus do mundo inteiro, sua mitologia é tema de pesquisas acadêmicas, e sua espiritualidade é fonte de inspiração para diversas correntes místicas e esotéricas.

Os Dogon são objeto de grande interesse dos antropólogos e também dos ufólogos.

Apesar das dificuldades contemporâneas, os Dogon persistem em manter vivas suas tradições, demonstrando uma notável capacidade de adaptação sem perder suas raízes. Seu legado é uma lembrança poderosa da diversidade do saber humano e da complexidade das culturas africanas.

Eles representam uma das civilizações mais sofisticadas e espiritualmente profundas da África. Sua cosmologia intricada, seus rituais cerimoniais, seu conhecimento astronômico e sua arte sagrada são testemunhos de uma herança que desafia as visões simplistas sobre as culturas tradicionais.

A cultura Dogon é rica e diversificada, com rituais, danças, máscaras e arte diversificada.

Compreender os Dogon é também um exercício de humildade diante da vastidão do conhecimento humano não escrito, preservado por meio da sabedoria ancestral. Que sua cultura continue a inspirar respeito, pesquisa e preservação.

O mistério Dogon transcende fronteiras disciplinares. Para alguns, é prova de que civilizações antigas tinham acesso a um saber perdido ou compartilhado por entidades superiores. Para outros, trata-se de um mal-entendido antropológico. O certo é que o povo Dogon permanece como um dos maiores enigmas culturais do planeta — guardiões de uma sabedoria que ecoa as estrelas e continua a instigar a mente humana.

O planalto de Bandiagara, onde os Dogon vivem.

 

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